quarta-feira, 17 de maio de 2017

Você tem medo da Morte?


E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo.
(
Mateus 14:26 )

POR FRANKCIMARKS OLIVEIRA


          João Batista fora morto por Herodes no dia de seu aniversário. A filha de sua mulher, que era na verdade mulher de seu irmão, pedira a mandado da mãe, que odiava o profeta, a cabeça de João em uma bandeja. Talvez, por se encontrar já um tanto alcoolizado e por ter jurado diante de uma plateia, “Pede o que quiseres e te será dado”, Herodes concedeu que aquele pedido cruel fosse realizado. Não tenho dúvidas de que o profeta João era um aborrecimento para o rei, visto que nem a este João poupava em suas denúncias e pregações. Se Herodes não havia  mandado matá-lo antes, era porque temia o povo que o tinha em grande estima e o consideração.

       Quando Jesus apareceu anunciando o evangelho e fazendo maravilhas, o rei achava que se tratava de João que havia ressurgido dos mortos, o que prova que até mesmo um homem rude como aquele cria na ressurreição dos mortos e no Deus capaz de tal proeza, contudo sua fé não era suficiente para fazê-lo mudar de ideia e de vida. Talvez sua crença não passasse de mero medo, aquele medo que os supersticiosos têm do mundo dos mortos. Teria Batista voltado do submundo apenas para atormentá-lo? Nem toda fé é salvífica. A "fé" de Herodes não o salvou.

       O fato é que após a terrível morte de João Batista, seus discípulos foram comunicar a Cristo o que havia sucedido, o que com certeza o deixou entristecido, pois o texto diz:

          E chegaram os seus discípulos, e levaram o corpo, e o sepultaram; e foram anunciá-lo a Jesus. E Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num barco, para um lugar deserto, apartado; e, sabendo-o o povo, seguiu-o a pé desde as cidades. (Mateus 14:12,13 )

        Cristo retirou-se para lamentar a morte de seu primo e amigo num lugar isolado, onde ele poderia orar a Deus e sentir seu luto. É importante que aqueles que perdem seus amigos e parentes façam o mesmo. Não há nenhum mal em isolar-se temporariamente. As vezes tudo o que precisamos neste momento é ficarmos sozinhos. Não há palavras de consolo que diminuam a dor dos enlutados. Apenas a doce companhia de Deus e as consolações de seu Espírito são eficazes. Caso você, querido leitor e leitora, se encontre nessa situação, faça o mesmo que Jesus.

       Não tenho dúvidas de que a morte de João Batista mexeu com Cristo. O texto não diz explicitamente, mas o Senhor com seu coração amável deve ter se comovido com aquela tragédia. A forma com que seu amigo morrera fora horrenda: deceparam sua cabeça. Seu corpo fora sepultado sem aquela parte tão importante.

         Que sirva de consolo o fato de que Cristo é o nosso cabeça e nós somos o seu corpo. O que aconteceu com Batista não poderá jamais acontecer conosco, pois a igreja, que somos todos os que cremos em Cristo aqui na terra, está bem guardada e protegida, haja vista o cabeça estar nos céus, ao lado de Deus. O inferno faz guerra ao corpo do Senhor, mas jamais poderá nos separar dele.

A vida não pode parar. Observe:

      E, Jesus, saindo, viu uma grande multidão, e possuído de íntima compaixão para com ela, curou os seus enfermos. (Mateus 14:14 )

       O luto é importante, mas não pode durar para sempre. Os mortos não precisam de quem está vivo, porém os vivos necessitam, e muito. Cristo dedicou seu tempo para cuidar dos enfermos e para alimentar os pobres, mesmo enlutado. A melhor maneira de superar uma perda como aquela era dedicando-se ao próximo. Faça o mesmo, amigo, e você verá que enquanto você trata da dor do outro, Deus cuida da sua.

        E, sendo chegada a tarde, os seus discípulos aproximaram-se dele, dizendo: O lugar é deserto, e a hora é já avançada; despede a multidão, para que vão pelas aldeias, e comprem comida para si. Jesus, porém, lhes disse: Não é mister que vão; dai-lhes vós de comer. Então eles lhe disseram: Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes. E ele disse: Trazei-mos aqui. E, tendo mandado que a multidão se assentasse sobre a erva, tomou os cinco pães e os dois peixes, e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou, e, partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos à multidão. E comeram todos, e saciaram-se; e levantaram dos pedaços, que sobejaram, doze alcofas cheias. E os que comeram foram quase cinco mil homens, além das mulheres e crianças.(Mateus 14:15-21 )

        Percebe como a morte está presente nesse texto? Aquelas pessoas passavam horas e até dias peregrinando para encontrar-se com Jesus; atravessavam desertos com fome e sede, correndo riscos de morrer no caminho. Cristo, sabendo disso, comoveu-se e ordenou que seus discípulos ajudassem a multidão. O milagre da partilha aconteceu e todos foram saciados.

    A vida é dura e cheia de sofrimentos para todos. Se ao menos tivéssemos essa mesma disposição de diminuirmos as dores uns dos outros, a existência seria menos dolorosa para cada um. Não importa o que temos para dar, mesmo quando poucos os recursos, eles são capazes de fazer milagres. Muitas pessoas não morreram de fome e fraqueza naquele dia porque alguém doou cinco pães e dois peixes.

     Cristo se recolheu, temporariamente, quando Batista morreu; logo voltou ao seu trabalho, dedicando-se aos mais necessitados; depois recolheu-se outra vez para ficar sozinho e descansar:

      E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar, à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só. (Mateus 14:23 )

      Deus era o alívio de Cristo. Em Deus Jesus encontrava repouso e descanso assim como o salmista disse: ele me conduz a pastos verdejantes e para águas tranquilas; refrigera a minha alma. Precisamos parar vez por outra de nossas atividades, por mais altruístas que elas possam ser. Quem vive só de trabalho não durará muito tempo. Nós precisamos dedicar tempo não somente aos outros, mas a nós mesmos. Ficar em silêncio com Deus em oração e meditação fará um bem enorme para nossas almas cansadas.

       Vivemos numa sociedade frenética, que não consegue respirar, mas apenas produzir e produzir. As pessoas estão estressadas e doentes. Nunca se viu tanta gente depressiva como em nossos dias. Pare tudo o que você está fazendo e vá cuidar de si mesmo, do seu corpo, da sua saúde e da sua alma. Jesus mesmo fazia isso para provar que todos merecem um descanso.

   Cristo ordenou que seus discípulos entrassem num barco e o encontrassem do outro lado da margem, pois ele ficaria em oração sozinho. Uma tempestade surgiu repentinamente e mais uma vez a morte apareceu. Todos eles temeram a morte:

  E o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário; Mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles, andando por cima do mar. E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo. Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou eu, não temais.(Mateus 14:24-27 )

       Eles pensaram ter visto um fantasma ( talvez o de João Batista que morrera recentemente, talvez o próprio anjo da morte). O fato é que tratava-se de uma visão sobrenatural: homens não andam sobre as águas. Supostamente esse ser brilhava, pois podia ser visto claramente por todos. Cristo os acalmou, dizendo ser ele mesmo. O que podemos extrair desses versos?

1- Os discípulos acreditavam em fantasmas como a maioria das pessoas hoje em dia;
2- Acreditavam que os mortos podiam aparecer no mundo físico;
3- Os discípulos tinham medo desses fenômenos sobrenaturais;

    Contudo, não direi nada que o texto não esteja dizendo. Por isso vamos deixar de lado especulações teológicas: se fantasmas existem ou não. O texto apenas diz que os discípulos pensaram se tratar de um, o que não era. O importante nesse verso é demonstrar o quanto os homens temem a morte. Ela é nossa inimiga mais cruel. Todos os homens perderam para ela desde que o mundo é mundo. Até João Batista, um homem que recebera testemunho do próprio Jesus que disse que nascido de mulher nenhum homem se igualava a ele até aquele momento e ainda assim morrera do modo que morrera.

     E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas. E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me! E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste? E, quando subiram para o barco, acalmou o vento. Então aproximaram-se os que estavam no barco, e adoraram-no, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus.(Mateus 14:28-33)

        Cristo dominou a morte que tão de perto assolara seus amigos. Aquelas águas já mataram muitos pescadores e pais de família. Contudo, Jesus andava sobre a “morte”, mostrando que ela não tinha poder sobre ele. Pedro também conseguiu andar sobre a morte, mas afundou, o que significa que todos nós morreremos, até mesmo os que creem em Cristo, a própria vida. Andamos sobre ela, agora mesmo, pois já cremos na VIDA através da fé que Deus nos deu, mas andaremos plenamente após a ressurreição

   Jesus trouxe Pedro de volta para cima do barco e a tempestade se acalmou. O que podemos entender?

1- Aqueles que creem em Jesus experimentarão a morte ( afundar no mar);
2- Mas serão ressuscitados por ele ( levados de volta para o barco)
3- Jesus venceu a morte e possui as chaves da imortalidade; 
4- Só Cristo tem poder para dar a vida eterna ( estar com ele no barco na maior calmaria)

     A morte não deve assustar os filhos de Deus. João Batista morreu, mas morreu crente em Deus; sua fé em Cristo lhe garantirá uma vida melhor ao lado do Pai Celeste; Cristo alimentou as massas com o pão da vida, afastando a morte deles; Cristo andou sobre um mar revolto e expulsou o “ fantasma da morte” de perto de seus amigos; Pedro afundou naquelas águas, mas Cristo o trouxe de volta, o que prova para aqueles que creem que nem mesmo a morte poderá nos separar do amor de Deus, pois ele é poderoso para nos ressuscitar.

     Nós o adoraremos lá em cima quando atravessarmos todas essas tempestades da vida; Temos, contudo, de lutar diariamente contra a morte, nossa maior inimiga, que por poderosa que seja, foi derrotada por Jesus na cruz do calvário. Ele ressuscitou e vive para sempre.


    A morte foi vencida, aleluia! Não tenhamos mais medo dela. Seus fantasmas são apenas fantasmas, irreais. Cristo está conosco e diz : Não temam a morte, eu sou a vida.

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