E
os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo:
É um fantasma. E gritaram com medo.
(Mateus 14:26 )
(Mateus 14:26 )
POR
FRANKCIMARKS OLIVEIRA
João
Batista fora morto por Herodes no dia de seu aniversário. A filha de
sua mulher, que era na verdade mulher de seu irmão, pedira a
mandado da mãe, que odiava o profeta, a cabeça de João em uma
bandeja. Talvez, por se encontrar já um tanto alcoolizado e por ter
jurado diante de uma plateia, “Pede o que quiseres e te será
dado”, Herodes concedeu que aquele pedido cruel fosse realizado.
Não tenho dúvidas de que o profeta João era um aborrecimento para
o rei, visto que nem a este João poupava em suas denúncias e
pregações. Se Herodes não havia mandado matá-lo antes, era porque
temia o povo que o tinha em grande estima e o consideração.
Quando
Jesus apareceu anunciando o evangelho e fazendo maravilhas, o rei
achava que se tratava de João que havia ressurgido dos mortos, o que
prova que até mesmo um homem rude como aquele cria na ressurreição
dos mortos e no Deus capaz de tal proeza, contudo sua fé não era
suficiente para fazê-lo mudar de ideia e de vida. Talvez sua crença não passasse de mero
medo, aquele medo que os supersticiosos têm do mundo dos mortos.
Teria Batista voltado do submundo apenas para atormentá-lo? Nem
toda fé é salvífica. A "fé" de Herodes não o salvou.
O
fato é que após a terrível morte de João Batista, seus discípulos
foram comunicar a Cristo o que havia sucedido, o que com certeza o
deixou entristecido, pois o texto diz:
E
chegaram os seus discípulos, e levaram o corpo, e o sepultaram; e
foram anunciá-lo a Jesus. E Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num
barco, para um lugar deserto, apartado; e, sabendo-o o povo, seguiu-o
a pé desde as cidades. (Mateus
14:12,13
)
Cristo
retirou-se para lamentar a morte de seu primo e amigo num lugar
isolado, onde ele poderia orar a Deus e sentir seu luto. É
importante que aqueles que perdem seus amigos e parentes façam o
mesmo. Não há nenhum mal em isolar-se temporariamente. As vezes
tudo o que precisamos neste momento é ficarmos sozinhos. Não há
palavras de consolo que diminuam a dor dos enlutados. Apenas a doce
companhia de Deus e as consolações de seu Espírito são eficazes.
Caso você, querido leitor e leitora, se encontre nessa situação,
faça o mesmo que Jesus.
Não
tenho dúvidas de que a morte de João Batista mexeu com Cristo. O
texto não diz explicitamente, mas o Senhor com seu coração amável
deve ter se comovido com aquela tragédia. A forma com que seu amigo
morrera fora horrenda: deceparam sua cabeça. Seu corpo fora
sepultado sem aquela parte tão importante.
Que
sirva de consolo o fato de que Cristo é o nosso cabeça e nós somos
o seu corpo. O que aconteceu com Batista não poderá jamais
acontecer conosco, pois a igreja, que somos todos os que cremos em
Cristo aqui na terra, está bem guardada e protegida, haja vista o
cabeça estar nos céus, ao lado de Deus. O inferno faz guerra ao
corpo do Senhor, mas jamais poderá nos separar dele.
A
vida não pode parar. Observe:
E,
Jesus, saindo, viu uma grande multidão, e possuído de íntima
compaixão para com ela, curou os seus enfermos. (Mateus
14:14
)
O
luto é importante, mas não pode durar para sempre. Os mortos não
precisam de quem está vivo, porém os vivos necessitam, e muito.
Cristo dedicou seu tempo para cuidar dos enfermos e para alimentar os
pobres, mesmo enlutado. A melhor maneira de superar uma perda como
aquela era dedicando-se ao próximo. Faça o mesmo, amigo, e você
verá que enquanto você trata da dor do outro, Deus cuida da sua.
E,
sendo chegada a tarde, os seus discípulos aproximaram-se dele,
dizendo: O lugar é deserto, e a hora é já avançada; despede a
multidão, para que vão pelas aldeias, e comprem comida para si.
Jesus, porém, lhes disse: Não é mister que vão; dai-lhes vós de
comer. Então eles lhe disseram: Não temos aqui senão cinco pães e
dois peixes. E ele disse: Trazei-mos aqui. E, tendo mandado que a
multidão se assentasse sobre a erva, tomou os cinco pães e os dois
peixes, e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou, e, partindo os
pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos à multidão. E
comeram todos, e saciaram-se; e levantaram dos pedaços, que
sobejaram, doze alcofas cheias. E os que comeram foram quase cinco
mil homens, além das mulheres e crianças.(Mateus
14:15-21
)
Percebe
como a morte está presente nesse texto? Aquelas pessoas passavam
horas e até dias peregrinando para encontrar-se com Jesus;
atravessavam desertos com fome e sede, correndo riscos de morrer no
caminho. Cristo, sabendo disso, comoveu-se e ordenou que seus
discípulos ajudassem a multidão. O milagre da partilha aconteceu e
todos foram saciados.
A
vida é dura e cheia de sofrimentos para todos. Se ao menos
tivéssemos essa mesma disposição de diminuirmos as dores uns dos
outros, a existência seria menos dolorosa para cada um. Não importa
o que temos para dar, mesmo quando poucos os recursos, eles são
capazes de fazer milagres. Muitas pessoas não morreram de fome e
fraqueza naquele dia porque alguém doou cinco pães e dois peixes.
Cristo
se recolheu, temporariamente, quando Batista morreu; logo voltou ao
seu trabalho, dedicando-se aos mais necessitados; depois recolheu-se
outra vez para ficar sozinho e descansar:
E,
despedida a multidão, subiu ao monte para orar, à parte. E, chegada
já a tarde, estava ali só. (Mateus
14:23
)
Deus
era o alívio de Cristo. Em Deus Jesus encontrava repouso e descanso
assim como o salmista disse: ele me conduz a pastos verdejantes e
para águas tranquilas; refrigera a minha alma. Precisamos parar vez
por outra de nossas atividades, por mais altruístas que elas possam
ser. Quem vive só de trabalho não durará muito tempo. Nós
precisamos dedicar tempo não somente aos outros, mas a nós mesmos.
Ficar em silêncio com Deus em oração e meditação fará um bem
enorme para nossas almas cansadas.
Vivemos
numa sociedade frenética, que não consegue respirar, mas apenas
produzir e produzir. As pessoas estão estressadas e doentes. Nunca
se viu tanta gente depressiva como em nossos dias. Pare tudo o que
você está fazendo e vá cuidar de si mesmo, do seu corpo, da sua
saúde e da sua alma. Jesus mesmo fazia isso para provar que todos
merecem um descanso.
Cristo
ordenou que seus discípulos entrassem num barco e o encontrassem do
outro lado da margem, pois ele ficaria em oração sozinho. Uma
tempestade surgiu repentinamente e mais uma vez a morte apareceu.
Todos eles temeram a morte:
E
o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas; porque o
vento era contrário; Mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se
Jesus para eles, andando por cima do mar. E os discípulos, vendo-o
andando
sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com
medo. Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou
eu, não temais.(Mateus
14:24-27
)
Eles
pensaram ter visto um fantasma ( talvez o de João Batista que
morrera recentemente, talvez o próprio anjo da morte). O fato é que
tratava-se de uma visão sobrenatural: homens não andam sobre as
águas. Supostamente esse ser brilhava, pois podia ser visto
claramente por todos. Cristo os acalmou, dizendo ser ele mesmo. O que
podemos extrair desses versos?
1-
Os discípulos acreditavam em fantasmas como a maioria das pessoas
hoje em dia;
2-
Acreditavam que os mortos podiam aparecer no mundo físico;
3-
Os discípulos tinham medo desses fenômenos sobrenaturais;
Contudo,
não direi nada que o texto não esteja dizendo. Por isso vamos
deixar de lado especulações teológicas: se fantasmas existem ou
não. O texto apenas diz que os discípulos pensaram se tratar de
um, o que não era. O importante nesse verso é demonstrar o quanto
os homens temem a morte. Ela é nossa inimiga mais cruel. Todos os
homens perderam para ela desde que o mundo é mundo. Até João
Batista, um homem que recebera testemunho do próprio Jesus que disse
que nascido de mulher nenhum homem se igualava a ele até aquele
momento e ainda assim morrera do modo que morrera.
E
respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter
contigo por cima das águas. E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do
barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o
vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou,
dizendo: Senhor, salva-me! E logo Jesus, estendendo a mão,
segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste? E,
quando subiram para o barco, acalmou o vento. Então
aproximaram-se os que estavam no barco, e adoraram-no, dizendo: És
verdadeiramente o Filho de Deus.(Mateus
14:28-33)
Cristo
dominou a morte que tão de perto assolara seus amigos. Aquelas águas
já mataram muitos pescadores e pais de família. Contudo, Jesus
andava sobre a “morte”, mostrando que ela não tinha poder sobre
ele. Pedro também conseguiu andar sobre a morte, mas afundou, o que
significa que todos nós morreremos, até mesmo os que creem em
Cristo, a própria vida. Andamos sobre ela, agora mesmo, pois já cremos na VIDA através da fé que Deus nos deu, mas andaremos plenamente após a ressurreição.
Jesus trouxe Pedro de volta para
cima do barco e a tempestade se acalmou. O que podemos entender?
1-
Aqueles que creem em Jesus experimentarão a morte ( afundar no mar);
2-
Mas serão ressuscitados por ele ( levados de volta para o barco)
3-
Jesus venceu a morte e possui as chaves da imortalidade;
4-
Só Cristo tem poder para dar a vida eterna ( estar com ele no barco
na maior calmaria)
A
morte não deve assustar os filhos de Deus. João Batista morreu,
mas morreu crente em Deus; sua fé em Cristo lhe garantirá uma vida
melhor ao lado do Pai Celeste; Cristo alimentou as massas com o pão
da vida, afastando a morte deles; Cristo andou sobre um mar revolto e
expulsou o “ fantasma da morte” de perto de seus amigos; Pedro
afundou naquelas águas, mas Cristo o trouxe de volta, o que prova
para aqueles que creem que nem mesmo a morte poderá nos separar do
amor de Deus, pois ele é poderoso para nos ressuscitar.
Nós
o adoraremos lá em cima quando atravessarmos todas essas tempestades
da vida; Temos, contudo, de lutar diariamente contra a morte, nossa
maior inimiga, que por poderosa que seja, foi derrotada por Jesus na
cruz do calvário. Ele ressuscitou e vive para sempre.
A
morte foi vencida, aleluia! Não tenhamos mais medo dela. Seus
fantasmas são apenas fantasmas, irreais. Cristo está conosco e diz
: Não temam a morte, eu sou a vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário