Que Cristão É Você?

Por Frankcimarks Oliveira

E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa; E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude. E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada. (Lucas 10:38-42)

Pretendo com esta mensagem:

1-    Refletir sobre os dois tipos de cristãos que existem: aquele que acredita em suas obras, ainda que bem intencionado, e aquele que acredita em Jesus, logo, repousa a seus pés, crente na suficiência do que ele fizera e que, portanto nada precisa realizar para ser salvo;

2-    Analisar a postura dos cristãos legalistas, bem como o convite de Cristo e sua repreensão a tais;

3-    Convidar a todas as Martas a se tornarem Marias.

Marta recebeu a Cristo em sua casa, portanto podemos dizer que Jesus estava em sua vida, metaforicamente. Entretanto, ela tipifica nessa passagem aquela pessoa que deseja servir, porém sem entendimento. Muitos cristãos são assim: querem mostrar a Deus algum trabalho, algum serviço e boa obra, acreditando que sem essas coisas, não podem ser considerados filhos de Deus. (eu conheço muita gente assim). Tais pessoas por diversas vezes se pegam em ansiedade e inquietude, pois nunca descansam suas almas em Deus, genuinamente, ainda que digam ter encontrado em Deus um refúgio. Elas precisam provar para elas mesmas e para Deus que de fato são herdeiras do reino. Talvez essa necessidade só comprove que lhes falta fé.

Marta se assemelha muito, nesse contexto, com o irmão mais velho do filho pródigo. O mesmo considerava-se melhor que seu caçula, que gastou tudo o que tinha com prostitutas e farras, enquanto ele dedicou-se com afinco às terras de seu pai. Marta, para agradar a Jesus, passou a, quem sabe, cozinhar uma comida gostosa, ou preparar-lhe um repouso, enfim, o fato é que ela distraiu-se com muitos serviços, ao passo que sua irmã, nada fazia, sentada aos pés do Nazareno. Isso a revoltou de tal modo que ela chamara a atenção do próprio Senhor: “Não se te dá que minha irmã me deixe servir só?”, o que revela sua indignação e sentimento de injustiçada.

Quantos cristãos não se acham nessa mesma situação hoje em dia? Acreditam que servem mais a Deus do que outros em suas igrejas, pois cantam no coral, pregam, evangelizam, cuidam das crianças, visitam os enfermos nos hospitais, fazem caridade e etc. Nada disso o torna mais cristão que outra pessoa. O que me torna cristão é a minha fé em Jesus Cristo e o meu amor a Deus. Nada mais serve como parâmetro para essa avaliação.

Cuidado, meu querido leitor, para não deixar o legalismo tomar de conta de seu coração. O legalismo é um fermento muito sutil que vai crescendo rapidamente em nossas almas, se não vigiarmos. Muitos últimos serão os primeiros, não se esqueça disso. Deus retribuirá a cada um como bem quiser, não importa o quanto tenhamos servido, pois o reino, a glória e o poder lhe pertencem.

Maria representa o cristão que sabe que não precisa fazer mais nada para estar com Deus; que recebe de graça a bondade e a misericórdia, sem querer por esforço próprio receber o favor divino. Maria é aquela pessoa que aceitou a Cristo e está plenamente convencida de que a obra de Jesus é suficiente para justifica-la. Enquanto Marta quer dar a Deus alguma obra, Maria quer receber de Deus alguma graça. Enquanto uma se põe de pé para trabalhar, a outra se senta para descansar à sombra do onipotente. Enquanto uma tenta justificar-se através de seu trabalho, a outra recebe o trabalho divino em sua vida.

A lei manda que Deus seja obedecido, portanto requer trabalho intenso, dando somente um dia de descanso na semana. A graça diz que nos sentemos e observemos Cristo trabalhar por nós: “Postai-vos e vede o livramento que vos darei.” Na graça as Martas, acostumadas com a lei rígida, são chamadas a se tornarem Marias, humildes e mansas nos pés do Salvador, recebendo constantemente a palavra da vida de seu amado.

NÃO É FÁCIL mudar a cabeça de uma Marta, descontruir o paradigma da obrigação, do faça sua parte e eu te ajudarei. Infelizmente a maioria dos cristãos acredita que sua salvação não depende unicamente de Jesus, pois insistem em acrescentar alguma obra, alguma boa ação, que lhe dê algum ponto com o cara lá de cima, como dizem. Sente-se e veja que o Senhor é Deus. Parai para contemplar todas as suas obras maravilhosas. Sabei, toda a terra, que seu nome é excelso. Foi ele e não nós, quem nos criou e nos fez povo seu. Sente-se e veja o que ele fez, faz e está fazendo no mundo. Não é você, é ele, quem opera tudo em todos. Deus não precisa de suas obras ou de seu serviço. Deus quer que você se sente no chão e o veja trabalhar por você e em você. Será que eu fui claro?

Pare de tentar se salvar e seja salvo. “Nessa peleja não tereis que pelejar”, por acaso você não reconhece a voz do teu Senhor? Renda-se a Cristo e seja salvo, sem obras, sem serviço, apenas pela fé.Enquanto sua alma não repousar nessa verdade: Deus não precisa de sua ajuda para salvar sua vida, você jamais terá a paz do Espírito Santo enquanto não parar de se avaliar bom demais, servo demais e enquanto não parar de se comparar com outros cristãos, julgando-os.

Maria escolheu a boa parte e essa não lhe será tirada. Glória a Deus que abençoa aqueles que se colocam a seus pés em completo descanso, apenas para ouvir sua voz e ter um momento de comunhão. Pare de trabalhar tanto e comece a repousar. Sente um minuto e fale com Jesus, pois essa é a boa parte e a única necessária. Através de sua oração, Deus trabalhará em você. Contudo, é importante que você veja a oração não como uma obrigação, mais um trabalho cristão a ser feito, mas apenas como o meio de comunicar-se com Jesus. Assim será Deus quem estará trabalhando e não você.

Deus nos abençoe, dando-nos uma fé perfeita em seu filho Jesus, capaz de fazer-nos descansar de nossas obras e regozijarmos nas obras dele. Amém!