quarta-feira, 17 de maio de 2017

Você tem medo da Morte?


E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo.
(
Mateus 14:26 )

POR FRANKCIMARKS OLIVEIRA


          João Batista fora morto por Herodes no dia de seu aniversário. A filha de sua mulher, que era na verdade mulher de seu irmão, pedira a mandado da mãe, que odiava o profeta, a cabeça de João em uma bandeja. Talvez, por se encontrar já um tanto alcoolizado e por ter jurado diante de uma plateia, “Pede o que quiseres e te será dado”, Herodes concedeu que aquele pedido cruel fosse realizado. Não tenho dúvidas de que o profeta João era um aborrecimento para o rei, visto que nem a este João poupava em suas denúncias e pregações. Se Herodes não havia  mandado matá-lo antes, era porque temia o povo que o tinha em grande estima e o consideração.

       Quando Jesus apareceu anunciando o evangelho e fazendo maravilhas, o rei achava que se tratava de João que havia ressurgido dos mortos, o que prova que até mesmo um homem rude como aquele cria na ressurreição dos mortos e no Deus capaz de tal proeza, contudo sua fé não era suficiente para fazê-lo mudar de ideia e de vida. Talvez sua crença não passasse de mero medo, aquele medo que os supersticiosos têm do mundo dos mortos. Teria Batista voltado do submundo apenas para atormentá-lo? Nem toda fé é salvífica. A "fé" de Herodes não o salvou.

       O fato é que após a terrível morte de João Batista, seus discípulos foram comunicar a Cristo o que havia sucedido, o que com certeza o deixou entristecido, pois o texto diz:

          E chegaram os seus discípulos, e levaram o corpo, e o sepultaram; e foram anunciá-lo a Jesus. E Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num barco, para um lugar deserto, apartado; e, sabendo-o o povo, seguiu-o a pé desde as cidades. (Mateus 14:12,13 )

        Cristo retirou-se para lamentar a morte de seu primo e amigo num lugar isolado, onde ele poderia orar a Deus e sentir seu luto. É importante que aqueles que perdem seus amigos e parentes façam o mesmo. Não há nenhum mal em isolar-se temporariamente. As vezes tudo o que precisamos neste momento é ficarmos sozinhos. Não há palavras de consolo que diminuam a dor dos enlutados. Apenas a doce companhia de Deus e as consolações de seu Espírito são eficazes. Caso você, querido leitor e leitora, se encontre nessa situação, faça o mesmo que Jesus.

       Não tenho dúvidas de que a morte de João Batista mexeu com Cristo. O texto não diz explicitamente, mas o Senhor com seu coração amável deve ter se comovido com aquela tragédia. A forma com que seu amigo morrera fora horrenda: deceparam sua cabeça. Seu corpo fora sepultado sem aquela parte tão importante.

         Que sirva de consolo o fato de que Cristo é o nosso cabeça e nós somos o seu corpo. O que aconteceu com Batista não poderá jamais acontecer conosco, pois a igreja, que somos todos os que cremos em Cristo aqui na terra, está bem guardada e protegida, haja vista o cabeça estar nos céus, ao lado de Deus. O inferno faz guerra ao corpo do Senhor, mas jamais poderá nos separar dele.

A vida não pode parar. Observe:

      E, Jesus, saindo, viu uma grande multidão, e possuído de íntima compaixão para com ela, curou os seus enfermos. (Mateus 14:14 )

       O luto é importante, mas não pode durar para sempre. Os mortos não precisam de quem está vivo, porém os vivos necessitam, e muito. Cristo dedicou seu tempo para cuidar dos enfermos e para alimentar os pobres, mesmo enlutado. A melhor maneira de superar uma perda como aquela era dedicando-se ao próximo. Faça o mesmo, amigo, e você verá que enquanto você trata da dor do outro, Deus cuida da sua.

        E, sendo chegada a tarde, os seus discípulos aproximaram-se dele, dizendo: O lugar é deserto, e a hora é já avançada; despede a multidão, para que vão pelas aldeias, e comprem comida para si. Jesus, porém, lhes disse: Não é mister que vão; dai-lhes vós de comer. Então eles lhe disseram: Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes. E ele disse: Trazei-mos aqui. E, tendo mandado que a multidão se assentasse sobre a erva, tomou os cinco pães e os dois peixes, e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou, e, partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos à multidão. E comeram todos, e saciaram-se; e levantaram dos pedaços, que sobejaram, doze alcofas cheias. E os que comeram foram quase cinco mil homens, além das mulheres e crianças.(Mateus 14:15-21 )

        Percebe como a morte está presente nesse texto? Aquelas pessoas passavam horas e até dias peregrinando para encontrar-se com Jesus; atravessavam desertos com fome e sede, correndo riscos de morrer no caminho. Cristo, sabendo disso, comoveu-se e ordenou que seus discípulos ajudassem a multidão. O milagre da partilha aconteceu e todos foram saciados.

    A vida é dura e cheia de sofrimentos para todos. Se ao menos tivéssemos essa mesma disposição de diminuirmos as dores uns dos outros, a existência seria menos dolorosa para cada um. Não importa o que temos para dar, mesmo quando poucos os recursos, eles são capazes de fazer milagres. Muitas pessoas não morreram de fome e fraqueza naquele dia porque alguém doou cinco pães e dois peixes.

     Cristo se recolheu, temporariamente, quando Batista morreu; logo voltou ao seu trabalho, dedicando-se aos mais necessitados; depois recolheu-se outra vez para ficar sozinho e descansar:

      E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar, à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só. (Mateus 14:23 )

      Deus era o alívio de Cristo. Em Deus Jesus encontrava repouso e descanso assim como o salmista disse: ele me conduz a pastos verdejantes e para águas tranquilas; refrigera a minha alma. Precisamos parar vez por outra de nossas atividades, por mais altruístas que elas possam ser. Quem vive só de trabalho não durará muito tempo. Nós precisamos dedicar tempo não somente aos outros, mas a nós mesmos. Ficar em silêncio com Deus em oração e meditação fará um bem enorme para nossas almas cansadas.

       Vivemos numa sociedade frenética, que não consegue respirar, mas apenas produzir e produzir. As pessoas estão estressadas e doentes. Nunca se viu tanta gente depressiva como em nossos dias. Pare tudo o que você está fazendo e vá cuidar de si mesmo, do seu corpo, da sua saúde e da sua alma. Jesus mesmo fazia isso para provar que todos merecem um descanso.

   Cristo ordenou que seus discípulos entrassem num barco e o encontrassem do outro lado da margem, pois ele ficaria em oração sozinho. Uma tempestade surgiu repentinamente e mais uma vez a morte apareceu. Todos eles temeram a morte:

  E o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário; Mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles, andando por cima do mar. E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo. Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou eu, não temais.(Mateus 14:24-27 )

       Eles pensaram ter visto um fantasma ( talvez o de João Batista que morrera recentemente, talvez o próprio anjo da morte). O fato é que tratava-se de uma visão sobrenatural: homens não andam sobre as águas. Supostamente esse ser brilhava, pois podia ser visto claramente por todos. Cristo os acalmou, dizendo ser ele mesmo. O que podemos extrair desses versos?

1- Os discípulos acreditavam em fantasmas como a maioria das pessoas hoje em dia;
2- Acreditavam que os mortos podiam aparecer no mundo físico;
3- Os discípulos tinham medo desses fenômenos sobrenaturais;

    Contudo, não direi nada que o texto não esteja dizendo. Por isso vamos deixar de lado especulações teológicas: se fantasmas existem ou não. O texto apenas diz que os discípulos pensaram se tratar de um, o que não era. O importante nesse verso é demonstrar o quanto os homens temem a morte. Ela é nossa inimiga mais cruel. Todos os homens perderam para ela desde que o mundo é mundo. Até João Batista, um homem que recebera testemunho do próprio Jesus que disse que nascido de mulher nenhum homem se igualava a ele até aquele momento e ainda assim morrera do modo que morrera.

     E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas. E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me! E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste? E, quando subiram para o barco, acalmou o vento. Então aproximaram-se os que estavam no barco, e adoraram-no, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus.(Mateus 14:28-33)

        Cristo dominou a morte que tão de perto assolara seus amigos. Aquelas águas já mataram muitos pescadores e pais de família. Contudo, Jesus andava sobre a “morte”, mostrando que ela não tinha poder sobre ele. Pedro também conseguiu andar sobre a morte, mas afundou, o que significa que todos nós morreremos, até mesmo os que creem em Cristo, a própria vida. Andamos sobre ela, agora mesmo, pois já cremos na VIDA através da fé que Deus nos deu, mas andaremos plenamente após a ressurreição

   Jesus trouxe Pedro de volta para cima do barco e a tempestade se acalmou. O que podemos entender?

1- Aqueles que creem em Jesus experimentarão a morte ( afundar no mar);
2- Mas serão ressuscitados por ele ( levados de volta para o barco)
3- Jesus venceu a morte e possui as chaves da imortalidade; 
4- Só Cristo tem poder para dar a vida eterna ( estar com ele no barco na maior calmaria)

     A morte não deve assustar os filhos de Deus. João Batista morreu, mas morreu crente em Deus; sua fé em Cristo lhe garantirá uma vida melhor ao lado do Pai Celeste; Cristo alimentou as massas com o pão da vida, afastando a morte deles; Cristo andou sobre um mar revolto e expulsou o “ fantasma da morte” de perto de seus amigos; Pedro afundou naquelas águas, mas Cristo o trouxe de volta, o que prova para aqueles que creem que nem mesmo a morte poderá nos separar do amor de Deus, pois ele é poderoso para nos ressuscitar.

     Nós o adoraremos lá em cima quando atravessarmos todas essas tempestades da vida; Temos, contudo, de lutar diariamente contra a morte, nossa maior inimiga, que por poderosa que seja, foi derrotada por Jesus na cruz do calvário. Ele ressuscitou e vive para sempre.


    A morte foi vencida, aleluia! Não tenhamos mais medo dela. Seus fantasmas são apenas fantasmas, irreais. Cristo está conosco e diz : Não temam a morte, eu sou a vida.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

O entendimento do evangelho


E, acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: Por que lhes falas por parábolas?Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado;

POR FRANKCIMARKS OLIVEIRA


      Cristo demonstrou para os fariseus que compreendia perfeitamente a lei de Moisés e que não estava violando-a, nem ele nem seus discípulos, como foram diversas vezes acusados, por exemplo quando colheram espigas de milho para comer num sábado, ou por ter Jesus curado muitos enfermos neste mesmo dia. Jesus revelou o verdadeiro fundamento da lei : misericórdia. Agir motivado pelo amor ao próximo jamais será um pecado ou uma violação da lei de Deus.

        Agora o mestre, cumprindo antigas profecias que diziam que ele falaria por enigmas, revela o significado de suas parábolas acerca do reino dos céus. Seus discípulos perguntaram o motivo dele falar daquela maneira tão misteriosa. Sua resposta foi clara : Porque a vós é dado conhecer os mistérios de Deus, a eles não. Bem, lembre-se que Jesus estava sempre cercado por grandes multidões, pessoas que o buscavam para serem sarados de suas enfermidades, libertos de maus espíritos ou saciarem sua fome. Os fariseus, príncipes do povo, também já haviam demonstrado que não estavam interessados no que Jesus tinha a dizer. Se o seguiam era apenas para preparar-lhe armadilhas, a fim de colocar o povo contra ele.

Pretendo com esta pequena mensagem:

1- Revelar a soberania de Deus na salvação, visto que é ele quem abre o entendimento dos pecadores para a compreensão de seu evangelho;
2- Demonstrar que a mesma palavra de Deus surtirá efeitos diferentes em seus ouvintes;
3- Alertar sobre o perigo da incredulidade.

Jesus começou pregando sobre o semeador que saiu a semear. Nem todos entenderam o que de fato ele quis dizer. Quando interrogado, Jesus explicou o porque de falar por parábolas:

1- Deus deu apenas aos discípulos de Jesus o privilégio de compreenderem seus mistérios;
2- Deus não quis que toda aquela gente entendesse a mensagem, pois como profetizou o profeta :

        Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, e, vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, E ouviram de mau grado com seus ouvidos,E fecharam seus olhos; Para que não vejam com os olhos,E ouçam com os ouvidos,e compreendam com o coração,e se convertam, e eu os cure. (Mateus 13:13-15 )

        O texto não poderia ser mais claro: Deus propositadamente se negava a curar aquele povo rebelde e obstinado por meio de sua palavra, pois por diversas vezes e de muitas maneiras, Ele havia tentado comunicar sua vontade, contudo sempre fora renegado. Os fariseus mantinham o mesmo comportamento que os antigos israelenses incrédulos.

         A palavra de Deus é a única capaz de mudar as vidas dos pecadores. Somente Deus mesmo pode fazer com que sua semente brote nos corações dos homens. É Deus quem dá o crescimento e faz prosperar o trabalho de seus pregadores, mestres e discipuladores. Deus faz cair a chuva sobre o solo seco de nossos corações, preparando assim o chão para receber a boa semente. Quando o pecador se endurece e se fecha para Deus, continuamente, num ato de insubmissão e incredulidade, o resultado óbvio para seu gesto é o afastamento da graça de Deus. Como ele disse:

       Porque àquele que tem, se dará, e terá em abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. (Mateus 13:12 )

        Não foi assim com Israel? Ele, Jesus, veio para os seus, mas os seus o rejeitaram, mas a todos quanto o receberam, Deus deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus. Do mesmo modo vemos tal argumento em outras parábolas, em que um rei chama seus súditos para um banquete. Todos se desculpam, dizendo que não poderão comparecer, pois estão atarefados com outras coisas. O que o rei faz? Manda que seus mensageiros convidem os coxos, mancos e leprosos em todas as aldeias, vilas e becos, com o propósito de encher o salão real. Deus tira os talentos de quem não quer usá-los para dar a quem fará melhor uso. Por isso, não rejeitemos as oportunidades que nos são dadas hoje. Ouçamos seu chamado.

          Cristo deixou bem claro para seus seguidores mais próximos que ver e ouvir o que eles ouviam eram um grande privilégio. “ Muitos justos desejaram vivenciar aquele momento em sua presença, mas somente aquelas poucas pessoas estavam ali com ele, mudando a história do mundo.”

       Mas, bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. Porque em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram(Mateus 13:16,17 )

        Depois de explicar o significado de cada elemento da parábola do semeador, em que vemos que nem todos os ouvintes do evangelho foram bem-sucedidos em germinar, Jesus propõe outros enigmas com praticamente mesmo significado, objetivando talvez reforçar seu ensinamento sobre o reino dos céus. Contudo, perceba o que muitos tem negado ao longo dos anos: Cristo não quer que todos compreendam, mas deseja que somente seus amigos o saibam. Ele não jogaria suas pérolas preciosas aos porcos, acostumados com lixo e lavagem. Não adianta pregar para quem não quer ouvir. Aqueles que são de Deus, ouvem as palavras de Deus. É como querer curar um dependente químico sem seu consentimento: não funcionará. Aquele povo não queria ouvir, então Cristo não lhes queria falar.
 Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta, que disse: Abrirei em parábolas a minha boca; Publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo. ( V. 35)

        O evangelho não é uma coisa nova, que surgiu apenas há poucos milhares de anos. O evangelho estava escondido em Deus, antes do mundo existir, e nos foi revelado através de seu filho Jesus Cristo para nosso bem e salvação.

          Deus manifestará seu evangelho para aqueles a quem ele quiser salvar. Paulo mesmo disse que a fé vem através da pregação do evangelho quando pergunta : Como crerão, se não há quem pregue? Mas o simples fato de alguém ouvir o evangelho não lhe garante a fé necessária para ser salvo, pois o evangelho é um enigma que somente Deus é capaz de decifrar na alma do pecador. Paulo também disse : O evangelho é o poder de Deus para aqueles que creem. Para alguns o evangelho era loucura, pois pregava um Deus morto, e para outros era escândalo, haja vista Deus mesmo ter entregue seu próprio filho à morte para salvar pecadores. Contudo, para aqueles a quem Deus escolheu, o evangelho é sabedoria, sensatez, poder e justificação. Apenas a mente de Deus pode revelar aos homens sua sabedoria. Os homens por seus próprios pensamentos jamais compreenderão o plano de Deus na cruz. Desse modo ainda que muitos ouçam a pregação, nem todos crerão no que a pregação diz. Jesus, que conhece suas ovelhas, fará com que sua palavra ache abrigo nos corações destas, fazendo-as crer em sua loucura e fraqueza, que é a cruz segundo o julgamento leigo dos homens, contudo suas ovelhas dirão convictas que a cruz é o poder de Deus em seu maior grau.

          Vemos nas parábolas que Cristo divide os homens em dois grupos : os justos e os maus. Deus e somente Deus poderá julgá-los no último dia. Não cabe a nós dizermos quem é trigo ou quem é joio. O que nos resta é apenas compreendermos que nem todos crerão Nele. Os pecadores são rebeldes e obstinados; não se importam com Deus nem com o que ele tem a dizer; eles se fecham para a verdade, não importa se são religiosos ou não, os fariseus viviam nos templos, mas odiavam a Cristo e desprezavam a Deus. Não se engane: Deus não olha para a aparência dos homens, mas para o seu interior. Deus não se deixa enganar por discursos, mas atenta para a misericórdia que damos aos outros. Não houve gente mais repreendida por Deus do que os religiosos, estes são os piores. Jesus andava com prostituas e bêbados, preferindo a companhia destes a dos fariseus. Por quê será?

        Deus tem prazer em dividir seus tesouros com seus filhos e estes demonstram verdadeiro desejo em recebê-los, por exemplo o desejo de compreender a palavra de Deus:

Então, tendo despedido a multidão, foi Jesus para casa. E chegaram ao pé dele os seus discípulos, dizendo: Explica-nos a parábola do joio do campo.
(Mateus 13:36 )

        Você, leitor, tem vontade de crescer na graça e no conhecimento de Deus? Tem orado, pedindo que o Senhor se revele mais a você? Tem chorado aos pés do Mestre, implorando que ele conceda mais favor e graça? Saiba que ele explicará o sentido de sua santa palavra para todo aquele que o buscar. Deus abrirá os olhos e ouvidos dos humildes, mas deixará que permaneçam fechados os sentidos dos arrogantes para que estes não se curem de sua doença e se convertam ao Senhor.

         Deus é poderoso o bastante para abrir nossos corações de pedra e nos converter, mas Deus também é livre para desistir de quem ele quiser. A incredulidade ,como veremos, é terrível. Jesus não realizou muitos sinais entre o seu povo graças à incredulidade deles. Foi Cristo quem disse : Não há profeta sem honra a não ser em sua terra. Aquela gente reconheceu que havia sabedoria divina Nele, mas o recusou porque conhecia suas origens humildes; alegavam que Maria era sua mãe, José, o carpinteiro, seu pai, logo Cristo não podia ser lá muita coisa. Ele foi desprezado e não operou em prol de sua gente por causa da incredulidade que os cegavam. Eles tinham olhos para ver, mas não viram, não porque não podiam, mas porque não quiseram ver. Eles mesmos eram os culpados de serem excluídos do reino.

 E aconteceu que Jesus, concluindo estas parábolas, se retirou dali. E, chegando à sua pátria, ensinava-os na sinagoga deles, de sorte que se maravilhavam, e diziam: De onde veio a este a sabedoria, e estas maravilhas?Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e Judas?E não estão entre nós todas as suas irmãs? De onde lhe veio, pois, tudo isto?E escandalizavam-se nele. Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra, a não ser na sua pátria e na sua casa.E não fez ali muitas maravilhas, por causa da incredulidade deles.(Mateus 13:53-58 )

Para concluirmos, quero que saibam:

1- Quem busca sabedoria, receberá sabedoria;
2- É um privilégio fazer parte do reino dos céus;
3- Os mistérios de Deus não são dados a todos, somente Àqueles que desejam de todo coração;
4-Quem não aproveita a oportunidade que Deus dá, verá outro usá-la;
5-Quanto mais você buscar sabedoria, mais sabedoria você receberá;
6- O conhecimento do evangelho é progressivo: começa pequeno como um grão de mostarda, mas pode se tornar uma grande árvore frondosa;
7-A graça de Deus é como fermento que faz todo o bolo crescer, nos enchendo por completo;
8- O cristianismo já foi uma religião pequena e insignificante em seu início, mas hoje é uma grande religião mundial;
9- Deus se revelará como a luz para aqueles que o buscam: raiando aos poucos até ser dia perfeito;
10- Foi Deus quem nos escolheu para nos ensinar seu evangelho;
11-Deus rejeitará os incrédulos;
12- Nem todos crerão no evangelho;
13- A pregação do evangelho, que é como a semeadura, por si só não garante salvação a seus ouvintes, que são o solo, antes depende de Deus que dá o crescimento, através da chuva;

14- O Espírito Santo convencerá os eleitos acerca do evangelho, mostrando toda sua beleza.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

O entendimento da lei


Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes. (Mateus 12:7 )

POR FRANKCIMARKS OLIVEIRA

Cristo e seus discípulos são acusados de quebrarem a lei mosaica pelo simples ato de colherem espigas de milho num sábado. Os fariseus viviam no encalço de Jesus e de seus apóstolos, a fim de acharem alguma coisa em que pudessem acusá-los, bem como desacreditá-los diante das multidões que os seguiam.

Neste capítulo Cristo mostrará para estes homens que se denominavam guardiões da lei de Moisés qual o real significado e propósito da lei, também desmascarará sua hipocrisia, revelando que eles utilizavam dois pesos e duas medidas para julgar o próximo: eram flexíveis com eles próprios, mas rigorosos e severos com os outros.


A lei de Deus tem por base e fundamento o amor, por isso a máxima que diz : amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração e entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo. Esta pequena frase resume toda a bíblia. Quem ama seu semelhante, não pratica o mal contra ele. Deus precisaria apenas ter dito um mandamento em vez de dez, mas para ser bem específico, acabou “desenhando” para que melhor compreendêssemos a lei.

OS DEZ MANDAMENTOS:

1 - Amar a Deus sobre todas as coisas.
2 - Não tomar seu santo nome em vão.
3 - Guardar o sábado e o santificar
4 - Honrar Pai e Mãe
5 - Não matar
6- Não cometer adultério
7 - Não roubar
8- Não levantar falso testemunho
9 - Não desejar a mulher do próximo
10- Não cobiçar as coisas alheias

A lei de Deus sempre teve como objetivo maior a honra e a glória do próprio Deus, que sendo amor, deseja que suas criaturas vivam em amor, única maneira de honrá-lo e adorá-lo. Sua lei é o reflexo dessa vontade. Se o amor existisse em todos os corações, o mundo viveria em paz, sem roubos e homicídios. Logo, podemos afirmar que Deus visava o bem estar de suas criaturas. Contudo, o homem, como é de costume, modificou o sentido das coisas. Foi isso que Jesus disse aos fariseus:

O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.(Marcos 2:27)

Deus em sua bondade deu ao homem o dia para descansar de seus afazeres. Os religiosos fanáticos, entretanto, interpretaram de modo equivocado este mandamento, tornando-o um fardo, quando deveria ser um gozo. Jesus deu seu real significado: o homem deve folgar neste dia; saciar a própria fome ao catar uma espiga de milho não é de modo algum trabalhar neste dia santo, nem muito menos quebrar o mandamento divino, porque para Deus vale mais a vida de seus filhos e seu bem-estar do que o cumprimento literal de uma ordenança. Para provar seu argumento Jesus recorre a textos de Números e Samuel, em que se registra que Davi mediante necessidade teve de comer dos pães que eram proibidos de serem ingeridos, bem como os próprios sacerdotes tinham de trabalhar no sábado para oferecerem sacrifícios, logo para obedecerem uma ordem, precisavam descumprir outra. 

Deus sempre olhará para aquilo que é essencial e primordial. Para ele a vida dos seres humanos vale muito mais que a observação equivocada de mandamentos. Por exemplo, mentir é pecado. Todos nós sabemos que as parteiras hebreias mentiram para Faraó, que havia ordenado a execução de todos os bebês do sexo masculino. Elas pouparam centenas e centenas de vidas ao mentirem, dizendo que as mulheres hebreias eram fortes e que tinham seus filhos sozinhas, escondendo-os logo em seguida. Agora eu pergunto, o que vale mais: não mentir e obedecer literalmente a um mandamento ou mentir e salvar milhares de vidas? Com certeza salvar vidas, tanto é que Deus as abençoou por este gesto, coisa que o texto faz questão de ressaltar.

Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos. (Oséias 6:6 )

Paulo disse o mesmo com outras palavras :

       E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. (1 Coríntios 13:2 )

O conhecimento da lei deve ser temperado com amor, senão ela não trará bem algum. Ora, a lei se fundamenta no amor, portanto deve ser interpretada e lida com lentes de benignidade. Por exemplo, quando se diz: olho por olho e dente por dente, na verdade muitos enxergam esse versículo como bárbaro e cruel, contudo sua finalidade era apenas evitar que o mal tivesse início nos corações. Quando aquele que estivesse mal intencionado refletisse melhor nessa lei, ele perceberia que o mal que praticasse, seria o mal que receberia. Assim Jesus também ensinou: Façais aos homens aquilo que quereis que vos façam.

O que Jesus queria dizer para aqueles homens religiosos era que o zelo deles pela lei não significava nada sem amor ao próximo. E ele, Jesus, era o próprio legislador daquelas leis, logo o Senhor da lei. Ninguém melhor que ele, o VERBO que se fez carne, isto é, a PALAVRA, para instruí-los nesse assunto. Todavia, os fariseus eram orgulhosos e jamais admitiriam que estavam interpretando a lei erroneamente. Pelo contrário, perguntam a Cristo se era lícito curar no sábado. Então, farto de tanta hipocrisia, Jesus revela o quanto aqueles homens eram injustos, pois quando qualquer uma de suas ovelhas caiam numa vala, eles não mediam esforços para ajudá-las, mas se um filho de Deus tinha fome e catava milho para saciar-se, eles os condenavam. DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS.

A lei de modo algum serve para inocentar culpados, porém do mesmo modo não serve para culpar inocentes. Era isso o que eles estavam fazendo com ela, afirmando ser pecado o que não era. Havia nitidamente naqueles julgadores de plantão uma inversão de valores, quem vale mais : um animal ou um ser humano? Deus é amor, os homens são legalistas. Legalistas sem amor são as piores pessoas que existem: sem piedade, compaixão; consideram-se os donos da verdade; nunca estão errados; não sentem empatia; julgam com rigor.

Jesus curou um homem no sábado de sua mão ressequida para provar que o amor é a lei em execução. Imagina se os médicos param de trabalhar num sábado ou domingo ou qualquer outro dia santo? Imagina se os policiais , motoristas, pilotos e etc parassem de trabalhar em dado dia, o que ocorreria? Com certeza muitas vidas seriam prejudicadas. Deus se importa mais com estas vidas que se beneficiarão com estes serviços do que com a obediência equivocada de um mandamento. O amor supera todas as coisas e apaga uma multidão de pecados.

Você observou que Cristo não perdeu seu precioso tempo discutindo teologia com aqueles fariseus? O amor não perde tempo com hipócritas que não sabem amar. Aqueles homens eram as típicas pessoas que só sabem reclamar das coisas e nada fazem para melhor a situação
.
E os fariseus, tendo saído, formaram conselho contra ele, para o matarem. Jesus, sabendo isso, retirou-se dali, e acompanharam-no grandes multidões, e ele curou a todas. (Mateus 12:14,15 )

Quão cego um homem pode ser! Eles planejavam um assassinato de uma pessoa que só fazia o bem e ainda assim se consideravam guardiões da lei divina. O amor não é cego, o ódio sim. Sigamos o exemplo de Cristo, não perdendo tempo com murmuradores. Avancemos em fazer o bem, em praticar a lei que é amar a todos, indistintamente. A lei jamais terá fim, porque a lei ordena o amor.
O que Jesus disse para eles?

Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.
(
Mateus 12:30 )

Existem muitos assim: não ajudam e só atrapalham. Não amam e querem ser juízes do mundo. Deus nos livre de gente assim. Esses homens estavam tão desesperados e mortos de inveja e ódio que apelaram para o insulto. Eles, contra a própria lógica natural, acusavam Jesus de usar forças demoníacas para curar. Para eles Deus jamais daria poder a alguém para quebrar sua própria lei, então aqueles poderes só poderiam ser do demônio. “ Ele expulsa os demônios pelo príncipe dos demônios”, diziam eles. Se esqueceram que um Deus que é amor seria perfeitamente capaz de curar no sábado, como de fato o fez. Deus por amar os homens não deu a Jesus somente esses poderes de cura; por ser amor Deus deu o seu próprio filho em favor dos homens.

Jesus então argumenta que um reino dividido não pode subsistir; se satanás expulsa satanás, logo ele se auto destruirá, o que não tem cabimento. A razão humana pode até não alcançar a fé, mas a fé pode muito bem alcançar uma razão. Foi Deus quem nos dotou de inteligência e por isso mesmo devemos utilizá-la. Infelizmente aqueles fariseus por odiarem tanto a Jesus, deixaram de lado esse atributo tão necessário para a vida social. Eles, nesse momento, mais se assemelhavam com animais e bestas-feras, incapazes de raciocinar.

O argumento de Jesus dizia muito mais, pois se ele, Jesus, expulsava demônios e curava enfermos pelo poder de Deus, e mesmo assim era acusado de agir pelo mal, então, eles, os fariseus, seus acusadores, eram quem estavam sendo usados por forças malignas para acusarem-no. Era o “inferno” quem não estava satisfeito com aquelas maravilhas, pois o nome de Deus ia sendo glorificado.

Eles eram maus e suas palavras eram a prova disso, pois a boca fala do que o coração está cheio. Eles estavam cheios de engano, mentiras e ódio. Aquele disfarce religioso não enganava a Deus, porque ele não atenta para a aparência, porém sonda o coração e suas profundezas. Eram árvores ruins que só davam frutos podres. Jesus sim, era uma árvore frondosa e boa, pois suas ações e palavras falavam por si só.

Eles nem acreditavam em Cristo, o enviado de Deus, nem queriam que os outros cressem e fossem salvos. Não entravam no reino e não permitiam que outros entrassem.

Então alguns dos escribas e dos fariseus tomaram a palavra, dizendo: Mestre, quiséramos ver da tua parte algum sinal. (Mateus 12:38 )

Perceberam o quão incrédulos eles eram? Simplesmente acabaram de presenciar um milagre e já estavam pedindo outro. Eles não creriam ainda que vissem os mortos serem ressuscitados. Por isso Jesus disse que o único sinal que ele daria era o sinal do profeta Jonas. Nínive se converteu com a mensagem de um pregador que nem pregar queria, contudo, eles, os fariseus, ouviam um pregador cheio de boa vontade e amor, paciente e longânimo, e ainda assim se recusavam a crer Nele. Por isso no último dia o julgamento deles seria rigoroso, pois está escrito: na medida em que medirdes, serão medidos. Gente estranha da aliança ouviu a palavra de Deus, como a rainha de Sabá que se impressionou com a sabedoria de Salomão, vindo de tão longe para ouvi-lo, e se converteu, mas Israel se recusava a se converter, mesmo ouvindo da boca daquele que é milhares de vezes maior que Salomão.

O fim deles seria pior que o início, pois mesmo em contato com a água da vida e luz da vida, permaneciam incrédulos. Se não fossem habitados pelo Espírito Santo, seriam habitados por espíritos imundos, tornando-se ainda mais asquerosos do que já eram. Faraó viu sinais e maravilhas, mas não se converteu a Deus. Seu último estado foi pior do que o primeiro.

Os fariseus se confiavam no fato de virem da descendência de Abraão, como se por si só isso os justificasse. A única coisa que justifica um homem perante Deus é a sua fé em Cristo e em sua suficiência. Até Maria, sua mãe, e seus irmãos, precisavam de fé para serem salvos, pois o simples fato de compartilharem do mesmo sangue de Cristo não garantia nada. Com Deus não há favoritismos. Por isso ele diz :

Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos? E, estendendo a sua mão para os seus discípulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos; Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe.(Mateus 12:48-50 )

Isso servia de ameaça para todo aquele que pensava que por ser judeu e ser da aliança de Abraão, estava seguro. Nações vizinhas se convertiam, enquanto Israel se mantinha apóstata. Não, naquele dia Deus apenas observará quem creu ou não em seu filho e em sua mensagem.

É filho de Deus não quem vem da linhagem de Abraão, mas aquele que acredita em seu descendente, isto é, Jesus. Guardar a lei não implica salvação. Confiar na observância da lei faz de nós meros legalistas, muitas vezes sem amor no coração, cheios de orgulho carnal que para nada se aproveitará. Mais vale para Deus um leigo que ama do que um escriba desalmado. Porque Todo aquele que ama seu próximo, cumpriu a lei. Pois não há lei que condene o amor. Deus não condenará aquele que ama, pois Deus sabe que todos os que amam são seus filhos.

 Lembre-se, não somos juízes, portanto deixemos de julgar, assim não correremos o risco de condenarmos os inocentes.



A grandiosidade do Evangelho


Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele. (Mateus 11:11 )

POR FRANKCIMARKS OLIVEIRA


João Batista foi quem primeiro anunciou, naqueles dias em que Cristo já estava entre os homens, a mensagem de arrependimento. Sua mensagem era cristocêntrica, pois ordenava que os homens olhassem com fé para o cordeiro de Deus, que como bem sabemos é o próprio Jesus de Nazaré: “Eis aí o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, assim sendo, João no início de seu ministério estava plenamente convicto de sua pregação, haja vista também Deus ter lhe dado um sinal dos céus, a pomba do Espírito Santo descendo sobre o Messias prometido, para garantir-lhe sua convicção. Entretanto, mais tarde, quando se encontrava aprisionado por Herodes, Batista enviou dois de seus discípulos para interrogarem a Cristo com a seguinte indagação: “és tu mesmo aquele que há de vir ou devemos esperar outro? ( Mt 11.3) . Ora, essa questão demonstra que a fé deste grande profeta já não era a mesma do início de seu ministério, o que prova que até gigantes como João, o profeta, podem se abalar.

Somos filhos de nossos dias, disso não tenho dúvida. Por mais que Batista fosse um homem de Deus, ele ainda era apenas um homem, e como tal tinha suas limitações e crenças. Talvez assim como a maioria de seus compatriotas, João aguardava que o Messias de Israel libertasse seu povo do jugo romano, todavia, ele, João, estava encarcerado e sofrendo nas mãos dos ímpios pagãos. Quando Jesus mostraria a que veio? Era esse o dilema do profeta. A resposta de Cristo foi contundente :

E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: Os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar em mim.(Mateus 11:4-6 )

O reino dele não era, naquele momento, um reino político, mas um reino espiritual. O inimigo de Deus não era Roma, e sim o pecado. Eram o pecado e a ignorância sobre Deus que escravizavam os homens. É claro que muitas profecias falavam sobre paz e prosperidade para Israel; Claro que Cristo é o príncipe da Paz prometido, contudo sua missão era trazer paz entre Deus e os homens, que por causa do pecado se punham como inimigos ferozes de Deus. Cristo na cruz reconciliou verdadeiramente esta amizade perdida desde Adão. Batista, como filho de seus dias, não conseguia compreender perfeitamente isso.

A anunciação das boas novas do reino, junto com os sinais maravilhosos que Jesus realizava, deveriam ser o suficiente para os crentes. Deus esbanjava sua graça e bondade para com os pecadores, convidando-os gratuitamente para participarem de sua festa, em que seu Filho, o príncipe do reino, é o próprio mensageiro.

Algumas implicações que podemos tirar da pergunta de João, bem como da resposta de Jesus : És tu ou esperamos outro?

1- A fé não está isenta de dúvidas:

Se um homem como João, em algum momento de sua vida, teve dúvidas sobre Cristo, quanto mais nós? Na verdade creio que hoje sabemos muito mais que João Batista, mas, ainda assim, ele foi um grande homem santo de Deus e nem por isso não deixou de vacilar. Jesus não o repreendeu por isso, antes lhe deu uma resposta embasada no livro de outro profeta, que também vacilou em um momento de seu ministério. Esse homem foi Isaías. No capítulo seis do livro de Isaías, vemos que toda a nação estava de luto e extremamente triste pela morte do rei. Foi nesse momento difícil que Deus tornou a encorajá-lo para continuar pregando àquele povo de dura cerviz. Isaías sentia-se indigno e maculado diante do trono da glória, mas teve seu pecado purificado, pois sentia-se um homem de lábios impuros, não merecedor de levar a pura palavra de Deus.

Deus conhece nossas fraquezas e em vez de nos repreender nos dias de dúvida e dor, ele nos encoraja, mesmo quando nos achamos maculados, para que possamos continuar levando sua mensagem. E mesmo quando nos repreende, tal qual Jesus fez com seus discípulos após apaziguar a tempestade, chamando-os de homens de pequena fé, ele assim o faz para o nosso próprio bem e consolação.

Onde estava aquele João ousado que gritava à beira do rio Jordão, chamando os fariseus de raça de víboras? Onde estava aquele João que denunciava até mesmo o pecado de reis e autoridades? Ele estava preso. João queria ver sua terra livre do jugo de Roma, mas Jesus nada tinha feito para tal. Judas Iscariotes também esperava por essa manifestação política, bem como os demais apóstolos que perguntavam quando Jesus se manifestaria. Talvez sua traição fora motivada por uma pressa em fazer Cristo finalmente mostrar seu poder. Todavia, as coisas não saíram bem como ele esperava e o homem acabou se enforcando.

Perceba, leitor, que a resposta de Jesus a João foi a própria palavra escrita de Deus, o que me faz pensar que não há nada melhor para renovar minha fé em Cristo do que a sua própria palavra. Que sua palavra seja nossa meditação; que jamais ela se aparte de nossas bocas; que seja nosso alimento diário. Assim nossa fé estará sempre fortalecida.

2- O que Jesus diz acerca de João?

2.1- Que ele foi um grande pregador;
2.2- Que ele foi o maior dos profetas do antigo testamento;
2.3- Que nascido de mulher, ninguém foi maior que ele, até aquele momento;
2.3- Que ele fora anunciado como um anjo mensageiro por um antigo profeta, o que revelava sua grande importância no plano de Deus.

Desse modo, que o exemplo de João console nossos corações nos momentos de fraqueza, sabendo que o testemunho de Deus acerca de seus filhos é sempre o melhor. Agora, analisemos melhor o que Cristo fala sobre nós:

mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele.
(
Mateus 11:11 )

3- O que Jesus diz sobre mim?

3.1- Que sou maior que o grande pregador João Batista;
3.2- Que sou maior que o maior dos profetas do Velho Testamento;
3.3- Que faço parte de uma melhor e mais gloriosa aliança em Cristo.

Perceba a grandeza da nova aliança: o menor e mais fraco dos crentes dessa nova era é maior que o maior dos homens do antigo pacto. Jesus deixa isso bem claro quando diz que a lei e os profetas vão até João, isto é, se João tivesse escrito um livro, Malaquias não seria o último livro do V.T, mas João. Contudo, precisamos entender que é após a morte e ressurreição de Jesus que o “vinho novo” é posto nos odres novos, pois como ele mesmo disse :

E ninguém deita vinho novo em odres velhos; doutra sorte, o vinho novo rompe os odres e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; o vinho novo deve ser deitado em odres novos. (Marcos 2:22)

A lei e os profetas cumpriram seu papel na História da salvação dos homens, porém agora com Cristo encarnado, ambos estavam ultrapassados, afinal apontavam para Cristo e Cristo já havia chegado. A lei de Moisés revelou a incapacidade moral dos homens em obedecerem a Deus, o Juiz; e os profetas anunciaram que Deus enviaria um salvador. Pronto!

Mais uma vez veremos o contraste que Cristo faz entre essas duas manifestações divinas, isto é, a antiga aliança e a nova aliança:

Mas, a quem assemelharei esta geração? É semelhante aos meninos que se assentam nas praças, e clamam aos seus companheiros, E dizem: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e não chorastes. Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio. Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos.(Mateus 11:16-19 )


Os homens estão inescusáveis diante de Deus, pois ele em sua multiforme graça revelou duas alianças distintas, contudo complementares, e ambas foram criticadas por aqueles que a ouviram e conheceram, revelando que o homem é ingrato e eternamente insatisfeito e murmurador. João representa a velha aliança, rígida, rigorosa, severa, austera. Cristo simboliza a nova aliança, mansa , suave, humilde, acessível. Os fariseus não ouviram a mensagem de João, pois não se arrependeram, pelo menos a grande maioria, bem como não deram ouvidos a mensagem de Jesus, o que está bem claro nos evangelhos, pois estes o tempo inteiro tramavam como o matariam. Isto prova que os homens são incrédulos: não choraram quando Deus cantou lamentações, tão pouco dançaram quando Ele tocou a flauta.

Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho (Hebreus 1:1 )

Este verso revela que Deus falou diversas vezes e de muitas maneiras, ou seja, Deus fez tudo o que pôde para comunicar sua vontade aos homens: falou com severidade encima de um monte, com fogo, trovões e labaredas; falou através dos mais variados profetas com suas diferentes personalidades; falou através de juízes, patriarcas e líderes populares; falou através de reis e até mesmo através de um animal; por fim, Deus enviou seu próprio Filho, escancarando assim sua boa vontade para com os moradores da terra.

Portanto, não é de estranhar as duras palavras que Jesus proferiu após essa declaração:
Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operou a maior parte dos seus prodígios o não se haverem arrependido, dizendo: Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido, com saco e com cinza. Por isso eu vos digo que haverá menos rigor para Tiro e Sidom, no dia do juízo, do que para vós. E tu, Cafarnaum, que te ergues até ao céu, serás abatida até ao inferno; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. Eu vos digo, porém, que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do juízo, do que para ti. (Mateus 11:20-24)


Jerusalém endureceu seu próprio coração e a punição para isso seria a dureza de seu julgamento. E pior ainda, Cristo estava ali, sendo ofertado pelo Pai para salvação daquele povo, e tudo o que eles deram como resposta foi um NÃO. Jesus, entretanto, louvou o mistério da salvação e rendeu graças ao Pai:

Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te aprouve. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar (Mateus 11:25-27 )

A grandeza do evangelho reside nesse mistério de graça, soberania e eleição divina. Cristo conhece suas ovelhas e suas ovelhas conhecem sua voz. Ele chama a todos para se sentarem à mesa da salvação e sabe que não ficará sem um povo seu.

A fé é um grande mistério que só Deus e seu Filho são capazes de entender e revelar. Por que alguns creem e outros não? Porque a fé é um dom divino e não uma aptidão humana. Ouça a voz Dele chamando:

Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (Mateus 11:28-30 )

Somos menores que João Batista, eu, pelo menos, o sou e assim me reconheço, contudo em Cristo, mergulhado em sua graça, sou chamado de maior que o maior dos profetas da bíblia. Isso só é possível por causa da compaixão que foi derramada através de seu precioso sangue, Não compreendo, apenas agradeço.