quinta-feira, 11 de maio de 2017

O entendimento da lei


Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes. (Mateus 12:7 )

POR FRANKCIMARKS OLIVEIRA

Cristo e seus discípulos são acusados de quebrarem a lei mosaica pelo simples ato de colherem espigas de milho num sábado. Os fariseus viviam no encalço de Jesus e de seus apóstolos, a fim de acharem alguma coisa em que pudessem acusá-los, bem como desacreditá-los diante das multidões que os seguiam.

Neste capítulo Cristo mostrará para estes homens que se denominavam guardiões da lei de Moisés qual o real significado e propósito da lei, também desmascarará sua hipocrisia, revelando que eles utilizavam dois pesos e duas medidas para julgar o próximo: eram flexíveis com eles próprios, mas rigorosos e severos com os outros.


A lei de Deus tem por base e fundamento o amor, por isso a máxima que diz : amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração e entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo. Esta pequena frase resume toda a bíblia. Quem ama seu semelhante, não pratica o mal contra ele. Deus precisaria apenas ter dito um mandamento em vez de dez, mas para ser bem específico, acabou “desenhando” para que melhor compreendêssemos a lei.

OS DEZ MANDAMENTOS:

1 - Amar a Deus sobre todas as coisas.
2 - Não tomar seu santo nome em vão.
3 - Guardar o sábado e o santificar
4 - Honrar Pai e Mãe
5 - Não matar
6- Não cometer adultério
7 - Não roubar
8- Não levantar falso testemunho
9 - Não desejar a mulher do próximo
10- Não cobiçar as coisas alheias

A lei de Deus sempre teve como objetivo maior a honra e a glória do próprio Deus, que sendo amor, deseja que suas criaturas vivam em amor, única maneira de honrá-lo e adorá-lo. Sua lei é o reflexo dessa vontade. Se o amor existisse em todos os corações, o mundo viveria em paz, sem roubos e homicídios. Logo, podemos afirmar que Deus visava o bem estar de suas criaturas. Contudo, o homem, como é de costume, modificou o sentido das coisas. Foi isso que Jesus disse aos fariseus:

O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.(Marcos 2:27)

Deus em sua bondade deu ao homem o dia para descansar de seus afazeres. Os religiosos fanáticos, entretanto, interpretaram de modo equivocado este mandamento, tornando-o um fardo, quando deveria ser um gozo. Jesus deu seu real significado: o homem deve folgar neste dia; saciar a própria fome ao catar uma espiga de milho não é de modo algum trabalhar neste dia santo, nem muito menos quebrar o mandamento divino, porque para Deus vale mais a vida de seus filhos e seu bem-estar do que o cumprimento literal de uma ordenança. Para provar seu argumento Jesus recorre a textos de Números e Samuel, em que se registra que Davi mediante necessidade teve de comer dos pães que eram proibidos de serem ingeridos, bem como os próprios sacerdotes tinham de trabalhar no sábado para oferecerem sacrifícios, logo para obedecerem uma ordem, precisavam descumprir outra. 

Deus sempre olhará para aquilo que é essencial e primordial. Para ele a vida dos seres humanos vale muito mais que a observação equivocada de mandamentos. Por exemplo, mentir é pecado. Todos nós sabemos que as parteiras hebreias mentiram para Faraó, que havia ordenado a execução de todos os bebês do sexo masculino. Elas pouparam centenas e centenas de vidas ao mentirem, dizendo que as mulheres hebreias eram fortes e que tinham seus filhos sozinhas, escondendo-os logo em seguida. Agora eu pergunto, o que vale mais: não mentir e obedecer literalmente a um mandamento ou mentir e salvar milhares de vidas? Com certeza salvar vidas, tanto é que Deus as abençoou por este gesto, coisa que o texto faz questão de ressaltar.

Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos. (Oséias 6:6 )

Paulo disse o mesmo com outras palavras :

       E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. (1 Coríntios 13:2 )

O conhecimento da lei deve ser temperado com amor, senão ela não trará bem algum. Ora, a lei se fundamenta no amor, portanto deve ser interpretada e lida com lentes de benignidade. Por exemplo, quando se diz: olho por olho e dente por dente, na verdade muitos enxergam esse versículo como bárbaro e cruel, contudo sua finalidade era apenas evitar que o mal tivesse início nos corações. Quando aquele que estivesse mal intencionado refletisse melhor nessa lei, ele perceberia que o mal que praticasse, seria o mal que receberia. Assim Jesus também ensinou: Façais aos homens aquilo que quereis que vos façam.

O que Jesus queria dizer para aqueles homens religiosos era que o zelo deles pela lei não significava nada sem amor ao próximo. E ele, Jesus, era o próprio legislador daquelas leis, logo o Senhor da lei. Ninguém melhor que ele, o VERBO que se fez carne, isto é, a PALAVRA, para instruí-los nesse assunto. Todavia, os fariseus eram orgulhosos e jamais admitiriam que estavam interpretando a lei erroneamente. Pelo contrário, perguntam a Cristo se era lícito curar no sábado. Então, farto de tanta hipocrisia, Jesus revela o quanto aqueles homens eram injustos, pois quando qualquer uma de suas ovelhas caiam numa vala, eles não mediam esforços para ajudá-las, mas se um filho de Deus tinha fome e catava milho para saciar-se, eles os condenavam. DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS.

A lei de modo algum serve para inocentar culpados, porém do mesmo modo não serve para culpar inocentes. Era isso o que eles estavam fazendo com ela, afirmando ser pecado o que não era. Havia nitidamente naqueles julgadores de plantão uma inversão de valores, quem vale mais : um animal ou um ser humano? Deus é amor, os homens são legalistas. Legalistas sem amor são as piores pessoas que existem: sem piedade, compaixão; consideram-se os donos da verdade; nunca estão errados; não sentem empatia; julgam com rigor.

Jesus curou um homem no sábado de sua mão ressequida para provar que o amor é a lei em execução. Imagina se os médicos param de trabalhar num sábado ou domingo ou qualquer outro dia santo? Imagina se os policiais , motoristas, pilotos e etc parassem de trabalhar em dado dia, o que ocorreria? Com certeza muitas vidas seriam prejudicadas. Deus se importa mais com estas vidas que se beneficiarão com estes serviços do que com a obediência equivocada de um mandamento. O amor supera todas as coisas e apaga uma multidão de pecados.

Você observou que Cristo não perdeu seu precioso tempo discutindo teologia com aqueles fariseus? O amor não perde tempo com hipócritas que não sabem amar. Aqueles homens eram as típicas pessoas que só sabem reclamar das coisas e nada fazem para melhor a situação
.
E os fariseus, tendo saído, formaram conselho contra ele, para o matarem. Jesus, sabendo isso, retirou-se dali, e acompanharam-no grandes multidões, e ele curou a todas. (Mateus 12:14,15 )

Quão cego um homem pode ser! Eles planejavam um assassinato de uma pessoa que só fazia o bem e ainda assim se consideravam guardiões da lei divina. O amor não é cego, o ódio sim. Sigamos o exemplo de Cristo, não perdendo tempo com murmuradores. Avancemos em fazer o bem, em praticar a lei que é amar a todos, indistintamente. A lei jamais terá fim, porque a lei ordena o amor.
O que Jesus disse para eles?

Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.
(
Mateus 12:30 )

Existem muitos assim: não ajudam e só atrapalham. Não amam e querem ser juízes do mundo. Deus nos livre de gente assim. Esses homens estavam tão desesperados e mortos de inveja e ódio que apelaram para o insulto. Eles, contra a própria lógica natural, acusavam Jesus de usar forças demoníacas para curar. Para eles Deus jamais daria poder a alguém para quebrar sua própria lei, então aqueles poderes só poderiam ser do demônio. “ Ele expulsa os demônios pelo príncipe dos demônios”, diziam eles. Se esqueceram que um Deus que é amor seria perfeitamente capaz de curar no sábado, como de fato o fez. Deus por amar os homens não deu a Jesus somente esses poderes de cura; por ser amor Deus deu o seu próprio filho em favor dos homens.

Jesus então argumenta que um reino dividido não pode subsistir; se satanás expulsa satanás, logo ele se auto destruirá, o que não tem cabimento. A razão humana pode até não alcançar a fé, mas a fé pode muito bem alcançar uma razão. Foi Deus quem nos dotou de inteligência e por isso mesmo devemos utilizá-la. Infelizmente aqueles fariseus por odiarem tanto a Jesus, deixaram de lado esse atributo tão necessário para a vida social. Eles, nesse momento, mais se assemelhavam com animais e bestas-feras, incapazes de raciocinar.

O argumento de Jesus dizia muito mais, pois se ele, Jesus, expulsava demônios e curava enfermos pelo poder de Deus, e mesmo assim era acusado de agir pelo mal, então, eles, os fariseus, seus acusadores, eram quem estavam sendo usados por forças malignas para acusarem-no. Era o “inferno” quem não estava satisfeito com aquelas maravilhas, pois o nome de Deus ia sendo glorificado.

Eles eram maus e suas palavras eram a prova disso, pois a boca fala do que o coração está cheio. Eles estavam cheios de engano, mentiras e ódio. Aquele disfarce religioso não enganava a Deus, porque ele não atenta para a aparência, porém sonda o coração e suas profundezas. Eram árvores ruins que só davam frutos podres. Jesus sim, era uma árvore frondosa e boa, pois suas ações e palavras falavam por si só.

Eles nem acreditavam em Cristo, o enviado de Deus, nem queriam que os outros cressem e fossem salvos. Não entravam no reino e não permitiam que outros entrassem.

Então alguns dos escribas e dos fariseus tomaram a palavra, dizendo: Mestre, quiséramos ver da tua parte algum sinal. (Mateus 12:38 )

Perceberam o quão incrédulos eles eram? Simplesmente acabaram de presenciar um milagre e já estavam pedindo outro. Eles não creriam ainda que vissem os mortos serem ressuscitados. Por isso Jesus disse que o único sinal que ele daria era o sinal do profeta Jonas. Nínive se converteu com a mensagem de um pregador que nem pregar queria, contudo, eles, os fariseus, ouviam um pregador cheio de boa vontade e amor, paciente e longânimo, e ainda assim se recusavam a crer Nele. Por isso no último dia o julgamento deles seria rigoroso, pois está escrito: na medida em que medirdes, serão medidos. Gente estranha da aliança ouviu a palavra de Deus, como a rainha de Sabá que se impressionou com a sabedoria de Salomão, vindo de tão longe para ouvi-lo, e se converteu, mas Israel se recusava a se converter, mesmo ouvindo da boca daquele que é milhares de vezes maior que Salomão.

O fim deles seria pior que o início, pois mesmo em contato com a água da vida e luz da vida, permaneciam incrédulos. Se não fossem habitados pelo Espírito Santo, seriam habitados por espíritos imundos, tornando-se ainda mais asquerosos do que já eram. Faraó viu sinais e maravilhas, mas não se converteu a Deus. Seu último estado foi pior do que o primeiro.

Os fariseus se confiavam no fato de virem da descendência de Abraão, como se por si só isso os justificasse. A única coisa que justifica um homem perante Deus é a sua fé em Cristo e em sua suficiência. Até Maria, sua mãe, e seus irmãos, precisavam de fé para serem salvos, pois o simples fato de compartilharem do mesmo sangue de Cristo não garantia nada. Com Deus não há favoritismos. Por isso ele diz :

Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos? E, estendendo a sua mão para os seus discípulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos; Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe.(Mateus 12:48-50 )

Isso servia de ameaça para todo aquele que pensava que por ser judeu e ser da aliança de Abraão, estava seguro. Nações vizinhas se convertiam, enquanto Israel se mantinha apóstata. Não, naquele dia Deus apenas observará quem creu ou não em seu filho e em sua mensagem.

É filho de Deus não quem vem da linhagem de Abraão, mas aquele que acredita em seu descendente, isto é, Jesus. Guardar a lei não implica salvação. Confiar na observância da lei faz de nós meros legalistas, muitas vezes sem amor no coração, cheios de orgulho carnal que para nada se aproveitará. Mais vale para Deus um leigo que ama do que um escriba desalmado. Porque Todo aquele que ama seu próximo, cumpriu a lei. Pois não há lei que condene o amor. Deus não condenará aquele que ama, pois Deus sabe que todos os que amam são seus filhos.

 Lembre-se, não somos juízes, portanto deixemos de julgar, assim não correremos o risco de condenarmos os inocentes.



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