Mas,
se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não
sacrifício, não condenaríeis os inocentes. (Mateus
12:7
)
POR FRANKCIMARKS OLIVEIRA
Cristo
e seus discípulos são acusados de quebrarem a lei mosaica pelo
simples ato de colherem espigas de milho num sábado. Os fariseus
viviam no encalço de Jesus e de seus apóstolos, a fim de acharem
alguma coisa em que pudessem acusá-los, bem como desacreditá-los
diante das multidões que os seguiam.
Neste
capítulo Cristo mostrará para estes homens que se denominavam
guardiões da lei de Moisés qual o real significado e propósito da
lei, também desmascarará sua hipocrisia, revelando que eles
utilizavam dois pesos e duas medidas para julgar o próximo: eram
flexíveis com eles próprios, mas rigorosos e severos com os outros.
A
lei de Deus tem por base e fundamento o amor, por isso a máxima que
diz : amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração e
entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo. Esta pequena frase
resume toda a bíblia. Quem ama seu semelhante, não pratica o mal
contra ele. Deus precisaria apenas ter dito um mandamento em vez de
dez, mas para ser bem específico, acabou “desenhando” para que
melhor compreendêssemos a lei.
OS DEZ MANDAMENTOS:
1
- Amar a Deus sobre todas as coisas.
2
- Não tomar seu santo nome em vão.
3
- Guardar o sábado e o santificar
4
- Honrar Pai e Mãe
5
- Não matar
6-
Não cometer adultério
7
- Não roubar
8-
Não levantar falso testemunho
9
- Não desejar a mulher do próximo
10-
Não cobiçar as coisas alheias
A
lei de Deus sempre teve como objetivo maior a honra e a glória do
próprio Deus, que sendo amor, deseja que suas criaturas vivam em
amor, única maneira de honrá-lo e adorá-lo. Sua lei é o reflexo
dessa vontade. Se o amor existisse em todos os corações, o mundo
viveria em paz, sem roubos e homicídios. Logo, podemos afirmar que
Deus visava o bem estar de suas criaturas. Contudo, o homem, como é
de costume, modificou o sentido das coisas. Foi isso que Jesus disse
aos fariseus:
Deus
em sua bondade deu ao homem o dia para descansar de seus afazeres. Os
religiosos fanáticos, entretanto, interpretaram de modo equivocado
este mandamento, tornando-o um fardo, quando deveria ser um gozo.
Jesus deu seu real significado: o homem deve folgar neste dia; saciar
a própria fome ao catar uma espiga de milho não é de modo algum
trabalhar neste dia santo, nem muito menos quebrar o mandamento
divino, porque para Deus vale mais a vida de seus filhos e seu
bem-estar do que o cumprimento literal de uma ordenança. Para provar
seu argumento Jesus recorre a textos de Números e Samuel, em que se
registra que Davi mediante necessidade teve de comer dos pães que
eram proibidos de serem ingeridos, bem como os próprios sacerdotes
tinham de trabalhar no sábado para oferecerem sacrifícios, logo
para obedecerem uma ordem, precisavam descumprir outra.
Deus
sempre olhará para aquilo que é essencial e primordial. Para ele a
vida dos seres humanos vale muito mais que a observação equivocada
de mandamentos. Por exemplo, mentir é pecado. Todos nós sabemos que
as parteiras hebreias mentiram para Faraó, que havia ordenado a
execução de todos os bebês do sexo masculino. Elas pouparam
centenas e centenas de vidas ao mentirem, dizendo que as mulheres
hebreias eram fortes e que tinham seus filhos sozinhas, escondendo-os
logo em seguida. Agora eu pergunto, o que vale mais: não mentir e
obedecer literalmente a um mandamento ou mentir e salvar milhares de
vidas? Com certeza salvar vidas, tanto é que Deus as abençoou por
este gesto, coisa que o texto faz questão de ressaltar.
Porque
eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de
Deus, mais do que os holocaustos. (Oséias
6:6
)
Paulo
disse o mesmo com outras palavras :
E
ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios
e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que
transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. (1
Coríntios 13:2
)
O
conhecimento da lei deve ser temperado com amor, senão ela não
trará bem algum. Ora, a lei se fundamenta no amor, portanto deve ser
interpretada e lida com lentes de benignidade. Por exemplo, quando se
diz: olho por olho e dente por dente, na verdade muitos enxergam esse
versículo como bárbaro e cruel, contudo sua finalidade era apenas
evitar que o mal tivesse início nos corações. Quando aquele que
estivesse mal intencionado refletisse melhor nessa lei, ele
perceberia que o mal que praticasse, seria o mal que receberia. Assim
Jesus também ensinou: Façais aos homens aquilo que quereis que vos
façam.
O
que Jesus queria dizer para aqueles homens religiosos era que o zelo
deles pela lei não significava nada sem amor ao próximo. E ele,
Jesus, era o próprio legislador daquelas leis, logo o Senhor da lei.
Ninguém melhor que ele, o VERBO que se fez carne, isto é, a
PALAVRA, para instruí-los nesse assunto. Todavia, os fariseus eram
orgulhosos e jamais admitiriam que estavam interpretando a lei
erroneamente. Pelo contrário, perguntam a Cristo se era lícito
curar no sábado. Então, farto de tanta hipocrisia, Jesus revela o
quanto aqueles homens eram injustos, pois quando qualquer uma de suas
ovelhas caiam numa vala, eles não mediam esforços para ajudá-las,
mas se um filho de Deus tinha fome e catava milho para saciar-se,
eles os condenavam. DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS.
A
lei de modo algum serve para inocentar culpados, porém do mesmo modo
não serve para culpar inocentes. Era isso o que eles estavam fazendo
com ela, afirmando ser pecado o que não era. Havia nitidamente
naqueles julgadores de plantão uma inversão de valores, quem vale
mais : um animal ou um ser humano? Deus é amor, os homens são
legalistas. Legalistas sem amor são as piores pessoas que existem:
sem piedade, compaixão; consideram-se os donos da verdade; nunca
estão errados; não sentem empatia; julgam com rigor.
Jesus
curou um homem no sábado de sua mão ressequida para provar que o
amor é a lei em execução. Imagina se os médicos param de
trabalhar num sábado ou domingo ou qualquer outro dia santo? Imagina
se os policiais , motoristas, pilotos e etc parassem de trabalhar em
dado dia, o que ocorreria? Com certeza muitas vidas seriam
prejudicadas. Deus se importa mais com estas vidas que se
beneficiarão com estes serviços do que com a obediência equivocada
de um mandamento. O amor supera todas as coisas e apaga uma multidão
de pecados.
Você
observou que Cristo não perdeu seu precioso tempo discutindo
teologia com aqueles fariseus? O amor não perde tempo com hipócritas
que não sabem amar. Aqueles homens eram as típicas pessoas que só
sabem reclamar das coisas e nada fazem para melhor a situação
.
E
os fariseus, tendo saído, formaram conselho contra ele, para o
matarem. Jesus, sabendo isso, retirou-se dali, e acompanharam-no
grandes multidões, e ele curou a todas. (Mateus
12:14,15
)
Quão
cego um homem pode ser! Eles planejavam um assassinato de uma pessoa
que só fazia o bem e ainda assim se consideravam guardiões da lei
divina. O amor não é cego, o ódio sim. Sigamos o exemplo de
Cristo, não perdendo tempo com murmuradores. Avancemos em fazer o
bem, em praticar a lei que é amar a todos, indistintamente. A lei
jamais terá fim, porque a lei ordena o amor.
O
que Jesus disse para eles?
Existem
muitos assim: não ajudam e só atrapalham. Não amam e querem ser
juízes do mundo. Deus nos livre de gente assim. Esses homens estavam
tão desesperados e mortos de inveja e ódio que apelaram para o
insulto. Eles, contra a própria lógica natural, acusavam Jesus de
usar forças demoníacas para curar. Para eles Deus jamais daria
poder a alguém para quebrar sua própria lei, então aqueles poderes
só poderiam ser do demônio. “ Ele expulsa os demônios pelo
príncipe dos demônios”, diziam eles. Se esqueceram que um Deus
que é amor seria perfeitamente capaz de curar no sábado, como de
fato o fez. Deus por amar os homens não deu a Jesus somente esses
poderes de cura; por ser amor Deus deu o seu próprio filho em favor
dos homens.
Jesus
então argumenta que um reino dividido não pode subsistir; se
satanás expulsa satanás, logo ele se auto destruirá, o que não
tem cabimento. A razão humana pode até não alcançar a fé, mas a
fé pode muito bem alcançar uma razão. Foi Deus quem nos dotou de
inteligência e por isso mesmo devemos utilizá-la. Infelizmente
aqueles fariseus por odiarem tanto a Jesus, deixaram de lado esse
atributo tão necessário para a vida social. Eles, nesse momento,
mais se assemelhavam com animais e bestas-feras, incapazes de
raciocinar.
O
argumento de Jesus dizia muito mais, pois se ele, Jesus, expulsava
demônios e curava enfermos pelo poder de Deus, e mesmo assim era
acusado de agir pelo mal, então, eles, os fariseus, seus acusadores,
eram quem estavam sendo usados por forças malignas para acusarem-no.
Era o “inferno” quem não estava satisfeito com aquelas
maravilhas, pois o nome de Deus ia sendo glorificado.
Eles
eram maus e suas palavras eram a prova disso, pois a boca fala do que
o coração está cheio. Eles estavam cheios de engano, mentiras e
ódio. Aquele disfarce religioso não enganava a Deus, porque ele não
atenta para a aparência, porém sonda o coração e suas
profundezas. Eram árvores ruins que só davam frutos podres. Jesus
sim, era uma árvore frondosa e boa, pois suas ações e palavras
falavam por si só.
Eles
nem acreditavam em Cristo, o enviado de Deus, nem queriam que os
outros cressem e fossem salvos. Não entravam no reino e não
permitiam que outros entrassem.
Então
alguns dos escribas e dos fariseus tomaram a palavra, dizendo:
Mestre, quiséramos ver da tua parte algum sinal. (Mateus
12:38
)
Perceberam
o quão incrédulos eles eram? Simplesmente acabaram de presenciar um
milagre e já estavam pedindo outro. Eles não creriam ainda que
vissem os mortos serem ressuscitados. Por isso Jesus disse que o
único sinal que ele daria era o sinal do profeta Jonas. Nínive se
converteu com a mensagem de um pregador que nem pregar queria,
contudo, eles, os fariseus, ouviam um pregador cheio de boa vontade e
amor, paciente e longânimo, e ainda assim se recusavam a crer Nele.
Por isso no último dia o julgamento deles seria rigoroso, pois está
escrito: na medida em que medirdes, serão medidos. Gente estranha da
aliança ouviu a palavra de Deus, como a rainha de Sabá que se
impressionou com a sabedoria de Salomão, vindo de tão longe para
ouvi-lo, e se converteu, mas Israel se recusava a se converter, mesmo
ouvindo da boca daquele que é milhares de vezes maior que Salomão.
O
fim deles seria pior que o início, pois mesmo em contato com a água
da vida e luz da vida, permaneciam incrédulos. Se não fossem
habitados pelo Espírito Santo, seriam habitados por espíritos
imundos, tornando-se ainda mais asquerosos do que já eram. Faraó
viu sinais e maravilhas, mas não se converteu a Deus. Seu último
estado foi pior do que o primeiro.
Os
fariseus se confiavam no fato de virem da descendência de Abraão,
como se por si só isso os justificasse. A única coisa que justifica
um homem perante Deus é a sua fé em Cristo e em sua suficiência.
Até Maria, sua mãe, e seus irmãos, precisavam de fé para serem
salvos, pois o simples fato de compartilharem do mesmo sangue de
Cristo não garantia nada. Com Deus não há favoritismos. Por isso
ele diz :
Quem
é minha mãe? E quem são meus irmãos? E, estendendo a sua mão
para os seus discípulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos;
Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus,
este é meu irmão, e irmã e mãe.(Mateus
12:48-50
)
Isso
servia de ameaça para todo aquele que pensava que por ser judeu e
ser da aliança de Abraão, estava seguro. Nações vizinhas se
convertiam, enquanto Israel se mantinha apóstata. Não, naquele dia
Deus apenas observará quem creu ou não em seu filho e em sua
mensagem.
É
filho de Deus não quem vem da linhagem de Abraão, mas aquele que
acredita em seu descendente, isto é, Jesus. Guardar a lei não
implica salvação. Confiar na observância da lei faz de nós meros
legalistas, muitas vezes sem amor no coração, cheios de orgulho
carnal que para nada se aproveitará. Mais vale para Deus um leigo
que ama do que um escriba desalmado. Porque Todo aquele que ama seu
próximo, cumpriu a lei. Pois não há lei que condene o amor. Deus
não condenará aquele que ama, pois Deus sabe que todos os que amam
são seus filhos.
Lembre-se, não somos juízes, portanto deixemos de
julgar, assim
não correremos o risco de condenarmos os inocentes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário