quinta-feira, 11 de maio de 2017

A grandiosidade do Evangelho


Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele. (Mateus 11:11 )

POR FRANKCIMARKS OLIVEIRA


João Batista foi quem primeiro anunciou, naqueles dias em que Cristo já estava entre os homens, a mensagem de arrependimento. Sua mensagem era cristocêntrica, pois ordenava que os homens olhassem com fé para o cordeiro de Deus, que como bem sabemos é o próprio Jesus de Nazaré: “Eis aí o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, assim sendo, João no início de seu ministério estava plenamente convicto de sua pregação, haja vista também Deus ter lhe dado um sinal dos céus, a pomba do Espírito Santo descendo sobre o Messias prometido, para garantir-lhe sua convicção. Entretanto, mais tarde, quando se encontrava aprisionado por Herodes, Batista enviou dois de seus discípulos para interrogarem a Cristo com a seguinte indagação: “és tu mesmo aquele que há de vir ou devemos esperar outro? ( Mt 11.3) . Ora, essa questão demonstra que a fé deste grande profeta já não era a mesma do início de seu ministério, o que prova que até gigantes como João, o profeta, podem se abalar.

Somos filhos de nossos dias, disso não tenho dúvida. Por mais que Batista fosse um homem de Deus, ele ainda era apenas um homem, e como tal tinha suas limitações e crenças. Talvez assim como a maioria de seus compatriotas, João aguardava que o Messias de Israel libertasse seu povo do jugo romano, todavia, ele, João, estava encarcerado e sofrendo nas mãos dos ímpios pagãos. Quando Jesus mostraria a que veio? Era esse o dilema do profeta. A resposta de Cristo foi contundente :

E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: Os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar em mim.(Mateus 11:4-6 )

O reino dele não era, naquele momento, um reino político, mas um reino espiritual. O inimigo de Deus não era Roma, e sim o pecado. Eram o pecado e a ignorância sobre Deus que escravizavam os homens. É claro que muitas profecias falavam sobre paz e prosperidade para Israel; Claro que Cristo é o príncipe da Paz prometido, contudo sua missão era trazer paz entre Deus e os homens, que por causa do pecado se punham como inimigos ferozes de Deus. Cristo na cruz reconciliou verdadeiramente esta amizade perdida desde Adão. Batista, como filho de seus dias, não conseguia compreender perfeitamente isso.

A anunciação das boas novas do reino, junto com os sinais maravilhosos que Jesus realizava, deveriam ser o suficiente para os crentes. Deus esbanjava sua graça e bondade para com os pecadores, convidando-os gratuitamente para participarem de sua festa, em que seu Filho, o príncipe do reino, é o próprio mensageiro.

Algumas implicações que podemos tirar da pergunta de João, bem como da resposta de Jesus : És tu ou esperamos outro?

1- A fé não está isenta de dúvidas:

Se um homem como João, em algum momento de sua vida, teve dúvidas sobre Cristo, quanto mais nós? Na verdade creio que hoje sabemos muito mais que João Batista, mas, ainda assim, ele foi um grande homem santo de Deus e nem por isso não deixou de vacilar. Jesus não o repreendeu por isso, antes lhe deu uma resposta embasada no livro de outro profeta, que também vacilou em um momento de seu ministério. Esse homem foi Isaías. No capítulo seis do livro de Isaías, vemos que toda a nação estava de luto e extremamente triste pela morte do rei. Foi nesse momento difícil que Deus tornou a encorajá-lo para continuar pregando àquele povo de dura cerviz. Isaías sentia-se indigno e maculado diante do trono da glória, mas teve seu pecado purificado, pois sentia-se um homem de lábios impuros, não merecedor de levar a pura palavra de Deus.

Deus conhece nossas fraquezas e em vez de nos repreender nos dias de dúvida e dor, ele nos encoraja, mesmo quando nos achamos maculados, para que possamos continuar levando sua mensagem. E mesmo quando nos repreende, tal qual Jesus fez com seus discípulos após apaziguar a tempestade, chamando-os de homens de pequena fé, ele assim o faz para o nosso próprio bem e consolação.

Onde estava aquele João ousado que gritava à beira do rio Jordão, chamando os fariseus de raça de víboras? Onde estava aquele João que denunciava até mesmo o pecado de reis e autoridades? Ele estava preso. João queria ver sua terra livre do jugo de Roma, mas Jesus nada tinha feito para tal. Judas Iscariotes também esperava por essa manifestação política, bem como os demais apóstolos que perguntavam quando Jesus se manifestaria. Talvez sua traição fora motivada por uma pressa em fazer Cristo finalmente mostrar seu poder. Todavia, as coisas não saíram bem como ele esperava e o homem acabou se enforcando.

Perceba, leitor, que a resposta de Jesus a João foi a própria palavra escrita de Deus, o que me faz pensar que não há nada melhor para renovar minha fé em Cristo do que a sua própria palavra. Que sua palavra seja nossa meditação; que jamais ela se aparte de nossas bocas; que seja nosso alimento diário. Assim nossa fé estará sempre fortalecida.

2- O que Jesus diz acerca de João?

2.1- Que ele foi um grande pregador;
2.2- Que ele foi o maior dos profetas do antigo testamento;
2.3- Que nascido de mulher, ninguém foi maior que ele, até aquele momento;
2.3- Que ele fora anunciado como um anjo mensageiro por um antigo profeta, o que revelava sua grande importância no plano de Deus.

Desse modo, que o exemplo de João console nossos corações nos momentos de fraqueza, sabendo que o testemunho de Deus acerca de seus filhos é sempre o melhor. Agora, analisemos melhor o que Cristo fala sobre nós:

mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele.
(
Mateus 11:11 )

3- O que Jesus diz sobre mim?

3.1- Que sou maior que o grande pregador João Batista;
3.2- Que sou maior que o maior dos profetas do Velho Testamento;
3.3- Que faço parte de uma melhor e mais gloriosa aliança em Cristo.

Perceba a grandeza da nova aliança: o menor e mais fraco dos crentes dessa nova era é maior que o maior dos homens do antigo pacto. Jesus deixa isso bem claro quando diz que a lei e os profetas vão até João, isto é, se João tivesse escrito um livro, Malaquias não seria o último livro do V.T, mas João. Contudo, precisamos entender que é após a morte e ressurreição de Jesus que o “vinho novo” é posto nos odres novos, pois como ele mesmo disse :

E ninguém deita vinho novo em odres velhos; doutra sorte, o vinho novo rompe os odres e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; o vinho novo deve ser deitado em odres novos. (Marcos 2:22)

A lei e os profetas cumpriram seu papel na História da salvação dos homens, porém agora com Cristo encarnado, ambos estavam ultrapassados, afinal apontavam para Cristo e Cristo já havia chegado. A lei de Moisés revelou a incapacidade moral dos homens em obedecerem a Deus, o Juiz; e os profetas anunciaram que Deus enviaria um salvador. Pronto!

Mais uma vez veremos o contraste que Cristo faz entre essas duas manifestações divinas, isto é, a antiga aliança e a nova aliança:

Mas, a quem assemelharei esta geração? É semelhante aos meninos que se assentam nas praças, e clamam aos seus companheiros, E dizem: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e não chorastes. Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio. Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos.(Mateus 11:16-19 )


Os homens estão inescusáveis diante de Deus, pois ele em sua multiforme graça revelou duas alianças distintas, contudo complementares, e ambas foram criticadas por aqueles que a ouviram e conheceram, revelando que o homem é ingrato e eternamente insatisfeito e murmurador. João representa a velha aliança, rígida, rigorosa, severa, austera. Cristo simboliza a nova aliança, mansa , suave, humilde, acessível. Os fariseus não ouviram a mensagem de João, pois não se arrependeram, pelo menos a grande maioria, bem como não deram ouvidos a mensagem de Jesus, o que está bem claro nos evangelhos, pois estes o tempo inteiro tramavam como o matariam. Isto prova que os homens são incrédulos: não choraram quando Deus cantou lamentações, tão pouco dançaram quando Ele tocou a flauta.

Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho (Hebreus 1:1 )

Este verso revela que Deus falou diversas vezes e de muitas maneiras, ou seja, Deus fez tudo o que pôde para comunicar sua vontade aos homens: falou com severidade encima de um monte, com fogo, trovões e labaredas; falou através dos mais variados profetas com suas diferentes personalidades; falou através de juízes, patriarcas e líderes populares; falou através de reis e até mesmo através de um animal; por fim, Deus enviou seu próprio Filho, escancarando assim sua boa vontade para com os moradores da terra.

Portanto, não é de estranhar as duras palavras que Jesus proferiu após essa declaração:
Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operou a maior parte dos seus prodígios o não se haverem arrependido, dizendo: Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido, com saco e com cinza. Por isso eu vos digo que haverá menos rigor para Tiro e Sidom, no dia do juízo, do que para vós. E tu, Cafarnaum, que te ergues até ao céu, serás abatida até ao inferno; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. Eu vos digo, porém, que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do juízo, do que para ti. (Mateus 11:20-24)


Jerusalém endureceu seu próprio coração e a punição para isso seria a dureza de seu julgamento. E pior ainda, Cristo estava ali, sendo ofertado pelo Pai para salvação daquele povo, e tudo o que eles deram como resposta foi um NÃO. Jesus, entretanto, louvou o mistério da salvação e rendeu graças ao Pai:

Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te aprouve. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar (Mateus 11:25-27 )

A grandeza do evangelho reside nesse mistério de graça, soberania e eleição divina. Cristo conhece suas ovelhas e suas ovelhas conhecem sua voz. Ele chama a todos para se sentarem à mesa da salvação e sabe que não ficará sem um povo seu.

A fé é um grande mistério que só Deus e seu Filho são capazes de entender e revelar. Por que alguns creem e outros não? Porque a fé é um dom divino e não uma aptidão humana. Ouça a voz Dele chamando:

Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (Mateus 11:28-30 )

Somos menores que João Batista, eu, pelo menos, o sou e assim me reconheço, contudo em Cristo, mergulhado em sua graça, sou chamado de maior que o maior dos profetas da bíblia. Isso só é possível por causa da compaixão que foi derramada através de seu precioso sangue, Não compreendo, apenas agradeço.



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