Em
verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não
apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o
menor no reino dos céus é maior do que ele. (Mateus
11:11
)
POR
FRANKCIMARKS OLIVEIRA
João
Batista foi quem primeiro anunciou, naqueles dias em que Cristo já
estava entre os homens, a mensagem de arrependimento. Sua mensagem
era cristocêntrica, pois ordenava que os homens olhassem com fé
para o cordeiro de Deus, que como bem sabemos é o próprio Jesus de
Nazaré: “Eis aí o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”,
assim sendo, João no início de seu ministério estava plenamente
convicto de sua pregação, haja vista também Deus ter lhe dado um
sinal dos céus, a pomba do Espírito Santo descendo sobre o Messias
prometido, para garantir-lhe sua convicção. Entretanto, mais tarde,
quando se encontrava aprisionado por Herodes, Batista enviou dois de
seus discípulos para interrogarem a Cristo com a seguinte indagação:
“és tu mesmo aquele que há de vir ou devemos esperar outro? ( Mt
11.3) . Ora, essa questão demonstra que a fé deste grande profeta
já não era a mesma do início de seu ministério, o que prova que
até gigantes como João, o profeta, podem se abalar.
Somos
filhos de nossos dias, disso não tenho dúvida. Por mais que Batista
fosse um homem de Deus, ele ainda era apenas um homem, e como tal
tinha suas limitações e crenças. Talvez assim como a maioria de
seus compatriotas, João aguardava que o Messias de Israel libertasse
seu povo do jugo romano, todavia, ele, João, estava encarcerado e
sofrendo nas mãos dos ímpios pagãos. Quando Jesus mostraria a que
veio? Era esse o dilema do profeta. A resposta de Cristo foi
contundente :
E
Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as coisas que
ouvis e vedes: Os cegos veem,
e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os
mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. E
bem-aventurado é aquele que não se escandalizar em mim.(Mateus
11:4-6
)
O
reino dele não era, naquele momento, um reino político, mas um
reino espiritual. O inimigo de Deus não era Roma, e sim o pecado.
Eram o pecado e a ignorância sobre Deus que escravizavam os homens.
É claro que muitas profecias falavam sobre paz e prosperidade para
Israel; Claro que Cristo é o príncipe da Paz prometido, contudo sua
missão era trazer paz entre Deus e os homens, que por causa do
pecado se punham como inimigos ferozes de Deus. Cristo na cruz
reconciliou verdadeiramente esta amizade perdida desde Adão.
Batista, como filho de seus dias, não conseguia compreender
perfeitamente isso.
A
anunciação das boas novas do reino, junto com os sinais
maravilhosos que Jesus realizava, deveriam ser o suficiente para os
crentes. Deus esbanjava sua graça e bondade para com os pecadores,
convidando-os gratuitamente para participarem de sua festa, em que
seu Filho, o príncipe do reino, é o próprio mensageiro.
Algumas
implicações que podemos tirar da pergunta de João, bem como da
resposta de Jesus : És tu ou esperamos outro?
1-
A fé não está isenta de dúvidas:
Se
um homem como João, em algum momento de sua vida, teve dúvidas
sobre Cristo, quanto mais nós? Na verdade creio que hoje sabemos
muito mais que João Batista, mas, ainda assim, ele foi um grande
homem santo de Deus e nem por isso não deixou de vacilar. Jesus não
o repreendeu por isso, antes lhe deu uma resposta embasada no livro
de outro profeta, que também vacilou em um momento de seu
ministério. Esse homem foi Isaías. No capítulo seis do livro de
Isaías, vemos que toda a nação estava de luto e extremamente
triste pela morte do rei. Foi nesse momento difícil que Deus tornou
a encorajá-lo para continuar pregando àquele povo de dura cerviz.
Isaías sentia-se indigno e maculado diante do trono da glória, mas
teve seu pecado purificado, pois sentia-se um homem de lábios
impuros, não merecedor de levar a pura palavra de Deus.
Deus
conhece nossas fraquezas e em vez de nos repreender nos dias de
dúvida e dor, ele nos encoraja, mesmo quando nos achamos maculados,
para que possamos continuar levando sua mensagem. E mesmo quando nos repreende, tal qual Jesus fez com seus discípulos após apaziguar a tempestade, chamando-os de homens de pequena fé, ele assim o faz para o nosso próprio bem e consolação.
Onde
estava aquele João ousado que gritava à beira do rio Jordão,
chamando os fariseus de raça de víboras? Onde estava aquele João
que denunciava até mesmo o pecado de reis e autoridades? Ele estava
preso. João queria ver sua terra livre do jugo de Roma, mas Jesus
nada tinha feito para tal. Judas Iscariotes também esperava por essa
manifestação política, bem como os demais apóstolos que
perguntavam quando Jesus se manifestaria. Talvez sua traição fora
motivada por uma pressa em fazer Cristo finalmente mostrar seu poder.
Todavia, as coisas não saíram bem como ele esperava e o homem
acabou se enforcando.
Perceba,
leitor, que a resposta de Jesus a João foi a própria palavra
escrita de Deus, o que me faz pensar que não há nada melhor para
renovar minha fé em Cristo do que a sua própria palavra. Que sua
palavra seja nossa meditação; que jamais ela se aparte de nossas
bocas; que seja nosso alimento diário. Assim nossa fé estará
sempre fortalecida.
2-
O que Jesus diz acerca de João?
2.1-
Que ele foi um grande pregador;
2.2-
Que ele foi o maior dos profetas do antigo testamento;
2.3-
Que nascido de mulher, ninguém foi maior que ele, até aquele
momento;
2.3-
Que ele fora anunciado como um anjo mensageiro por um antigo profeta,
o que revelava sua grande importância no plano de Deus.
Desse
modo, que o exemplo de João console nossos corações nos momentos
de fraqueza, sabendo que o testemunho de Deus acerca de seus filhos é
sempre o melhor. Agora, analisemos melhor o que Cristo fala sobre
nós:
mas
aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele.
(Mateus 11:11 )
(Mateus 11:11 )
3-
O que Jesus diz sobre mim?
3.1-
Que sou maior que o grande pregador João Batista;
3.2-
Que sou maior que o maior dos profetas do Velho Testamento;
3.3-
Que faço parte de uma melhor e mais gloriosa aliança em Cristo.
Perceba
a grandeza da nova aliança: o menor e mais fraco dos crentes dessa
nova era é maior que o maior dos homens do antigo pacto. Jesus deixa
isso bem claro quando diz que a lei e os profetas vão até João,
isto é, se João tivesse escrito um livro, Malaquias não seria o
último livro do V.T, mas João. Contudo, precisamos entender que é
após a morte e ressurreição de Jesus que o “vinho novo” é
posto nos odres novos, pois como ele mesmo disse :
E
ninguém deita vinho novo em odres velhos; doutra sorte, o vinho novo
rompe os odres e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; o vinho
novo deve ser deitado em odres novos. (Marcos
2:22)
A
lei e os profetas cumpriram seu papel na História da salvação dos
homens, porém agora com Cristo encarnado, ambos estavam
ultrapassados, afinal apontavam para Cristo e Cristo já havia
chegado. A lei de Moisés revelou a incapacidade moral dos homens em
obedecerem a Deus, o Juiz; e os profetas anunciaram que Deus enviaria
um salvador. Pronto!
Mais
uma vez veremos o contraste que Cristo faz entre essas duas
manifestações divinas, isto é, a antiga aliança e a nova aliança:
Mas,
a quem assemelharei esta geração? É semelhante aos meninos que se
assentam nas praças, e clamam aos seus companheiros, E dizem:
Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e
não chorastes. Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e
dizem: Tem demônio. Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e
dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e
pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos.(Mateus
11:16-19
)
Os
homens estão inescusáveis diante de Deus, pois ele em sua
multiforme graça revelou duas alianças distintas, contudo
complementares, e ambas foram criticadas por aqueles que a ouviram e
conheceram, revelando que o homem é ingrato e eternamente
insatisfeito e murmurador. João representa a velha aliança, rígida,
rigorosa, severa, austera. Cristo simboliza a nova aliança, mansa ,
suave, humilde, acessível. Os fariseus não ouviram a mensagem de
João, pois não se arrependeram, pelo menos a grande maioria, bem
como não deram ouvidos a mensagem de Jesus, o que está bem claro
nos evangelhos, pois estes o tempo inteiro tramavam como o matariam.
Isto prova que os homens são incrédulos: não choraram quando Deus
cantou lamentações, tão pouco dançaram quando Ele tocou a flauta.
Havendo
Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais,
pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho
(Hebreus
1:1
)
Este
verso revela que Deus falou diversas vezes e de muitas maneiras, ou
seja, Deus fez tudo o que pôde para comunicar sua vontade aos
homens: falou com severidade encima de um monte, com fogo, trovões e
labaredas; falou através dos mais variados profetas com suas
diferentes personalidades; falou através de juízes, patriarcas e
líderes populares; falou através de reis e até mesmo através de
um animal; por fim, Deus enviou seu próprio Filho, escancarando
assim sua boa vontade para com os moradores da terra.
Portanto,
não é de estranhar as duras palavras que Jesus proferiu após essa
declaração:
Então
começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operou a maior
parte dos seus prodígios o não se haverem arrependido, dizendo: Ai
de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom
fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se
teriam arrependido, com saco e com cinza. Por isso eu vos digo que
haverá menos rigor para Tiro e Sidom, no dia do juízo, do que para
vós. E tu, Cafarnaum, que te ergues até ao céu, serás abatida até
ao inferno; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios
que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. Eu vos digo,
porém, que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do juízo,
do que para ti. (Mateus
11:20-24)
Jerusalém
endureceu seu próprio coração e a punição para isso seria a
dureza de seu julgamento. E pior ainda, Cristo estava ali, sendo
ofertado pelo Pai para salvação daquele povo, e tudo o que eles
deram como resposta foi um NÃO. Jesus,
entretanto, louvou o mistério da salvação e rendeu graças ao Pai:
Graças
te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas
aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai,
porque assim te aprouve. Todas as coisas me foram entregues por meu
Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o
Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar (Mateus
11:25-27
)
A
grandeza do evangelho reside nesse mistério de graça, soberania e
eleição divina. Cristo conhece suas ovelhas e suas ovelhas conhecem
sua voz. Ele chama a todos para se sentarem à mesa da salvação e
sabe que não ficará sem um povo seu.
A
fé é um grande mistério que só Deus e seu Filho são capazes de
entender e revelar. Por que alguns creem e outros não? Porque a fé
é um dom divino e não uma aptidão humana. Ouça a voz Dele
chamando:
Vinde
a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos
aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (Mateus 11:28-30 )
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (Mateus 11:28-30 )
Somos
menores que João Batista, eu, pelo menos, o sou e assim me
reconheço, contudo em Cristo, mergulhado em sua graça, sou chamado
de maior que o maior dos profetas da bíblia. Isso só é possível
por causa da compaixão que foi derramada através de seu precioso
sangue, Não compreendo, apenas agradeço.
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