quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Salmo 105 - O culto ao Senhor: como adorar a Deus?

 Louvai ao SENHOR, e invocai o seu nome; fazei conhecidas as suas obras entre os povos. Cantai-lhe, cantai-lhe salmos; falai de todas as suas maravilhas. Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração daqueles que buscam ao Senhor. Buscai ao Senhor e a sua força; buscai a sua face continuamente. Lembrai-vos das maravilhas que fez, dos seus prodígios e dos juízos da sua boca ...Para que guardassem os seus preceitos, e observassem as suas leis. Louvai ao Senhor.

( Salmos 105. 1-5...45)

Por Frankcimarks Oliveira

     Pretendo com esta mensagem:

1- Refletir sobre o culto prestado a Deus;

2- Sugerir uma "liturgia" para cultos domésticos. De maneira nenhuma quero ser dogmático, por isso utilizo a palavra " sugerir";

3- Incentivá-los a adorarem ao Senhor e cultivarem uma vida de louvor e oração constante em sua Presença;

I - Louvai ao Senhor 

    Não pretendo ser exaustivo nessa meditação, apenas explanar ou apresentar rapidamente pontos essenciais para o culto de adoração ao Deus Bíblico.

    O salmista inicia seu cântico com um imperativo: Louvai ao Senhor. O que poderíamos extrair dessa simples ordenança? Que o louvor é um mandamento? Que aqueles que conhecem a Deus tem urgente necessidade de convocar a todos para a adoração? Ou que nossos cultos devem ser iniciados com louvor ao Deus que habita em meio aos louvores? Acredito que as três sentenças sejam verdadeiras!

    Deus nos fez para o louvor de sua Glória e quando o louvamos de todo o coração, cumprimos perfeitamente nossa função. O louvor deve sair da boca de um verdadeiro adorador que adora o Pai em Espírito e em verdade, pois somente este tipo de louvor é recebido pelo Eterno Deus que criou os céus e a terra, portanto tudo o que respira deve louvá-lo, pois só existem porque por ele foram criados.

    O cristão genuíno sente imensa necessidade de levar outras pessoas à adoração do único Deus Vivo, pois foi exatamente isso que Cristo veio fazer na terra, glorificar ao Pai, e seu ministério foi justamente esse: conduzir as ovelhas perdidas a Deus, depois de libertá-las do poder opressor do inimigo, e de novamente reuni-las, tornando-as um só povo para o Pai. E Cristo continuou comprometido com esse propósito depois de voltar para o Pai, pois ordenou que seus discípulos levassem o evangelho a todas as nações da terra, anunciando o grande amor de Deus, tornando sua Glória conhecida em toda terra.

    Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, diz o mandamento. Por que anunciamos o evangelho de Jesus? Para que mais vidas sejam abençoadas por Cristo. Em que resulta tal benção? Em louvor ao Deus que é Amor e que a todos os que se arrependem e confessam o nome de seu Filho, recebe com graça e boa vontade em sua família. 

    Deus é amor e não somente ama, também deseja ser amado; o amor, contudo, pressupõe a existência do objeto a ser amado. Não que Deus precisasse de suas criaturas para poder amar, pois sendo Ele Amor em essência e tendo em seu seio a presença do Cristo Eterno, jamais deixou de amar. Deus sempre foi um Deus que ama, pois subsistindo em Pai, Filho e Espírito Santo, sempre pôde amar a si mesmo em todas as eternidades anteriores. Contudo, movido por graça, Deus criou os mundos e fez-nos a sua imagem para que pudéssemos receber diretamente de seu amor, bem como amá-lo. Somos suas criaturas, feitas por causa do amor e para amarmos ao Deus que é amor e que sendo amor, quis que também fôssemos como Ele o é, por isso ordenou: amai-vos uns aos outros. 

    Agora que existimos e somos conscientes de seu amor, que não somente nos trouxe à vida, mas nos restaurou para si mesmo depois de nossa queda e rebeldia, nos elevando de volta ao status que tínhamos com ele através da morte de seu Filho Jesus, podemos louvá-lo com prontidão e o peito cheio. Reconhecemos através do louvor todos os seus feitos redentores ao longo da história humana, seja  para e por meio de Israel, seja por meio de Cristo para sua igreja e através de sua Igreja para o mundo inteiro.

    O louvor é , portanto, a expressão do amor que sentimos por Deus, a maneira pela qual expressamos nossa gratidão a Ele por sua grande salvação. O Deus que ama o ser humano e com ele deseja relacionar-se, providenciou os meios de nos salvar. Resta-nos louvá-lo por sua boa vontade. Resta-nos agradecermos a Ele, expressarmos o louvor que lhe é devido, amando-o com todo o nosso coração, e , consequentemente, compartilhando seu Evangelho com todos os seres humanos, aumentando assim não somente o seu louvor, mas expandindo essa rede de amor que Deus mesmo planejou desde o início de tudo.

    Assim sendo, nossos cultos, sejam privados ou públicos, devem ou deveriam ser iniciados com louvores ao Deus que nos amou e nos entregou seu Filho Jesus Cristo como propiciação pelos nossos pecados. Antes mesmo de alguma oração ou qualquer outra coisa, o louvor. Não é a toa que a tribo de Judá nos assentamentos era a primeira tribo a marchar. Ora, a palavra Judá significa louvor, nada mais apropriado. 

II- Invocai o seu Nome

    A oração é deveras  importante no culto. Observe, porém, que ela vem em segundo lugar, logo após o louvor. Talvez nossas orações se ajustem melhor ao coração do Senhor após o termos louvado bastante. Talvez os louvores funcionem como a pedra de amolar facas ou como o fio que afia a espada. Eu particularmente percebo muita diferença em minhas próprias preces quando antes de orar, louvo a Deus com alguns hinos que gosto muito ( geralmente hinos da harpa cristã) ou algumas canções cristãs que tocam meu coração. O fato é que oro mais e melhor, (pelo menos tenho essa impressão), quando primeiro louvo ao meu bom Senhor. 

    Nossas orações devem ser agradáveis ao Senhor. Assim como o incenso constante no tabernáculo de Aarão, nossas preces devem subir constantemente à presença de Deus. Não podemos negligenciar o lugar das orações em nossos cultos. Um cristão deve comprometer-se com sua vida de oração, pedir sempre, clamar sem se cansar, interceder pelo reino de Deus, orar pelos irmãos, pela nação, pelo mundo e pela prosperidade do Evangelho de Jesus Cristo. Misteriosamente, Deus, mesmo sem precisar de nossas orações, determinou este santo dever para seus filhos. Orai sem cessar, disse-nos o apóstolo dos gentios.

    Por mais óbvio que seja, devo ser enfático: Jesus nos ensinou a oração do Pai nosso, portanto, só devemos nos dirigir a Deus enquanto oramos. Nossas orações e nossa adoração cultíca voltam-se apenas para aquele que é digno de ser adorado. Nenhuma outra criatura, seja humana ou angelical, deve ser invocada. Perceba o texto outra vez: Invocai o nome do Senhor. Não há o que se interpretar de tão claro, principalmente conhecendo o contexto idólatra daqueles dias. Deus sempre repreendia Israel quando este invocava outros deuses ou deusas, pois Deus não tolera tal pecado. O ídolo é uma mentira, pois não passa de uma criação da mente humana. Deus e somente Deus deve ser invocado.

    Cristo, por ser um com o Pai, e por ser naturalmente Deus, o alfa e o ômega, o criador de todas as coisas e o cabeça da Igreja, ouve nossas preces e deixou claro: Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei. ( João 14.14), logo, oramos ao Pai e ao Filho, pois assim também fizeram os apóstolos e os primeiros cristãos, conforme vemos nos Evangelhos, em Atos e nas cartas dos apóstolos.

    Jesus é o Senhor, o Salvador dos pecadores. Ele não apenas ouve nossas orações, ele também intercede por nós junto ao Pai. E o mesmo Senhor nos incentivou a termos, assim como ele teve e tem, uma vida de oração, pois através da oração obtemos muitas de suas bênçãos. Invoquemos, portanto, cada dia mais o nome do Senhor.

III- Fazei conhecidas suas obras entre os povos

    Agora, depois de louvarmos e orarmos ao Senhor, anunciamos sua Palavra ou testificamos o que Cristo fez em prol da humanidade e em nossas próprias vidas. Somos suas testemunhas, arautos de seu reino, proclamadores de boas novas, anunciadores de sua salvação, pregadores da paz conquistada para com Deus através do Jesus crucificado, somos os enviados Dele, seus emissários, somos os seus embaixadores neste mundo, seus representantes, as cartas vivas que ele mesmo está escrevendo, somos os anjos que apregoam sua ressurreição: ele está vivo!

    Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura, ordenou-nos o Mestre. Precisamos obedecê-lo. A fé vem pelo ouvir a palavra de Deus. Como as pessoas crerão naquele de quem nada ouviram? Agora é a hora de pregarmos a palavra de Deus. Faz-se necessária certa solenidade e respeito. Na hora da pregação do Evangelho todos os sentidos dos ouvintes devem ser capturados para a total compreensão do que será dito. É através da pregação que o Espírito Santo geralmente aplica seu poder nos corações. O Espírito Santo foi-nos dado para testificar da pessoa e obra de Jesus Cristo, pois só ele é capaz de convencer os pecadores de seus pecados. O evangelho deve, assim, ser pregado sob o poder do Espírito Santo, haja vista ser Ele o agente que orienta e aplica as verdades de Deus nos corações.

    Infelizmente, muitos cristãos tem negligenciado o lugar da pregação em seus cultos, reservando pouco ou nenhum tempo para a exposição das escrituras ao seu público. Jesus mesmo afirmou: Examinai as escrituras porque elas testificam de mim. E ao ressuscitar dos mortos, fez questão de explanar as escrituras para seus amigos: Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras. ( Lc 24.45)

    Deus deseja que compreendamos as escrituras. Deus fala com seu povo através das escrituras. É neste momento do culto que Ele fala com seu povo. Nos louvores somos nós que falamos com Deus em adoração; nas orações somos nós quem falamos com Deus em súplicas; mas na hora da exposição das sagradas letras, é Deus quem fala conosco. Desse modo, as duas primeiras partes do culto nos movemos de baixo para cima; na terceira parte Deus se move de cima para baixo. Na verdade, ele já se encontra em nosso meio e nos fala cara a cara. Então talvez tudo ocorra de maneira horizontal. Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí eu estou no meio deles.

    Observe a proporção da disposição dos versos no salmo 105. O salmo possui 45 ( quarenta e cinco) versos. Destes quarenta e cinco, praticamente quarenta são sobre os feitos do Senhor, ou seja, são exposições do que Deus fez para o bem de seu povo, o que funciona como pregação bíblica. O objetivo da pregação é relembrar a obra redentora do Cristo enviado por Deus para nossa salvação, bem como convocar e reunir as ovelhas de seu pasto, alimentá-las e edificá-las na fé do reino de Deus. 

    A pregação serve para exortação, encorajamento, ensino, correção etc, visando a edificação do povo eleito. A verdadeira pregação bíblica coloca Cristo como centro, como ele mesmo alegou para os fariseus de seus dias. Ele é a pedra fundamental, a base de toda construção sólida. Sem Cristo não há edificação. Cristo é o maná que alimenta nossas almas e é Ele quem deve ser exposto na pregação, do contrário continuaremos com fome.

IV- Cantai-lhe salmos, falai de todas as suas maravilhas, gloriai-vos em seu santo nome, alegre-se o coração daqueles que buscam ao Senhor:

    Creio que todas estas expressões são uma espécie de resumo do que já dissemos anteriormente: louvor e oração através dos salmos, pois estes são de diversos gêneros ( cânticos, súplicas, lamentos etc); testemunho através da pregação e ações de graça.

    Os cristãos devem se alegrar em Deus, em seu amor e em sua Graça. Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor. Jamais devemos perder de vista que nosso culto não é sobre nós mesmos, sobre nosso desempenho ou performance religiosa ou moral. Nossa glória não está em nossa sabedoria, nem em nossa força ou em nossa perfeição moral diante de Deus e dos homens; nossa grande glória está em Cristo somente e em sua perfeição e justiça. 

    Ele nos deu gratuitamente o direito de nos assentarmos com ele na mesa do Pai, isso é uma grande honra e privilégio. Contudo, nesse banquete que o Senhor mesmo preparou, os convidados são coxos, mancos, cegos, doentes etc. Que nossa mente se alegre com sua bondade, pois mesmo sendo nós pecadores, ele nos abriu espaço para nos relacionarmos com Ele. Portanto, Cristo é a nossa glória e alegria. 

Mas alegrem-se os justos, e se regozijem na presença de Deus, e folguem de alegria. ( Salmos 68.3)

    Somos chamados para a alegria. Mas de onde vem essa alegria? Vem da presença do Senhor em nossas vidas. Não depende das circunstâncias, nem de qualquer outo fator momentâneo. Quando compreendemos quem é Jesus Cristo, o que ele fez por nós e o seu amor incondicional, nossa alegria torna-se mais firme que o Everest.  
    
    Deus é um Deus de alegria. Ele está constantemente ordenando ao seu povo para prosseguir na caminhada e não desmotivar. Ele nos manda olharmos para ele e confiarmos nele, apesar das dificuldades, e não somente isto, ele ordena que louvemos e cantemos, ou seja, que nos alegremos, pois quem está alegre canta facilmente.

    Nosso espírito se alegra em Deus, nosso salvador. É Deus a razão de nossa alegria. Por que nós cantamos? Porque Deus nos providenciou o cordeiro para o sacrifício e nos livrou da morte. Porque cantamos? Porque o Pai amou o mundo de tal forma que deu o seu Filho para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Deus nos presentou com, nada mais nada menos,  aquele que é o mais precioso ser do universo: Jesus Cristo. Temos este tesouro escondido em vasos de barro!

    Deus também nos deu o Espírito de alegria para que  o louvemos sempre. É este mesmo Espírito que nos assiste em todos os momentos de nossas vidas. Se estamos tristes e angustiados, o Espírito nos impele à oração para que achemos em Deus reconforto. Se estamos alegres, o Espírito nos impele ao louvor e a adoração, pois assim manifestamos gratidão.

Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores. ( Tiago 5.13)

    Cantemos salmos, anunciemos o evangelho, gloriemo-nos em Cristo e na força de seu poder. De nada teremos falta. Contemos nossos testemunhos de vida, manifestemos ao mundo que Cristo está vivo, que está em nosso meio e que reina para sempre.

 V- Buscai ao Senhor e a sua força; buscai a sua face continuamente:

    O culto do Senhor serve para nosso encorajamento. Deus é bom e deseja nos ver confiantes, entusiasmados, andando em sua presença com alegria, e sempre firmes e abundantes em sua obra. Aquele que está fraco se fortalecerá na adoração. Ora, temos louvor, temos salmos e orações, temos as escrituras, temos a ceia do Senhor, sejamos constantes e o Deus de toda consolação consolará nossos corações.

     Deus dará força aos que não têm nenhum vigor. Somos fracos por natureza, dependemos da força que vem do alto. Deus transforma galinhas em águias, apenas temos que crer em seu poder. Não desanime, querido leitor, busque a face adorada do Rei da Glória e ele te fortalecerá. O segredo é buscarmos continuamente sua face, contarmos para Deus tudo o que se passa conosco, sendo sinceros e humildes diante dele que a tudo conhece. Deus não resiste a um coração quebrantado e contrito!

    Diga o fraco: eu sou forte. Ora, meus irmãos, nossas lutas devem ser lutadas na força do Eterno. É o braço potente de Deus que deve ser nossa principal "arma" de guerra. Por que nos cansamos? Porque lutamos com nossos poucos recursos, que por serem poucos rapidamente se esgotam. Mas se lutarmos na força do Espírito, não nos cansaremos. Devemos confiar somente em Deus e esperarmos em Deus, assim, estou bem certo, não nos fatigaremos. E ainda que venhamos nos cansar, temos em Deus uma fonte eterna de energia, acessível e disponível para todo aquele que a busca.

    Não deixemos de cultuar o nosso bondoso Senhor que é riquíssimo em misericórdias, pois somos renovados enquanto o bendizemos. Quando nos expomos diante de sua face majestosa, sua luz nos abastece. Somos carregados pela luz de sua face; nossas placas solares recebem da luz divina a carga necessária para continuarmos firmes, contentes e constantes na obra abundante do nosso Deus.

VI- Lembrai-vos das maravilhas que fez, dos seus prodígios e dos juízos da sua boca:

    Nossa fé necessita ser constantemente alimentada. Para isso Deus nos deu as escrituras que nos contam de sua aliança salvadora. Examinando os textos sagrados, vamos conhecendo melhor os desígnios de Deus. Também, quanto mais meditamos na palavra, mais conhecemos as promessas ali contidas, o que nos dá munição para orarmos e apresentarmos ao nosso Pai celestial o que ele mesmo nos garantiu.

    Leitor querido, não despreze o estudo das escrituras. Tome sua bíblia e a leia diariamente, isso te fará um bem tremendo. Não apenas leia a bíblia, busque se informar de seu conteúdo, compre bons livros a seu respeito, estude-a sistematicamente, não se acomode nem se contente com o que seu líder religioso lhe ensina, vá mais fundo, mergulhe profundamente no livro dos livros. Comprometa-se com a leitura diária da palavra e ore a Deus para te dar esclarecimento e discernimento em suas meditações. Estou certo de que Ele o ajudará.

        Em nossa caminhada com Deus, vivenciamos muitas experiências com o Eterno, por isso agora quero evocar os testemunhos pessoais do cristão. Claro que os relatos bíblicos nos enchem de esperança e por isso devemos voltar com frequência em tais relatos, porém, Deus é um Deus vivo, que continua respondendo as orações dos justos. Desse modo, Deus não é apenas um personagem de um livro, mas uma pessoa real, presente hoje na história e que se relaciona com aqueles que têm fé em seu nome.

        Lembre-se, amado leitor, das coisas extraordinárias que o Senhor realizou em sua vida. Vasculhe o seu passado e se lembre dos livramentos que Ele te deu, das respostas de oração, das providências que te enviou. Tenho certeza que seu coração frio outra vez se aquecerá com essas recordações. Devemos, portanto, em nossos cultos, ter sempre um momento para compartilharmos esses testemunhos pessoais. Assim como os apóstolos que após suas missões, traziam para a comunidade o relato dos feitos extraordinários do Senhor por meio de suas mãos. Deus é o mesmo!

    Quando ouvimos os testemunhos de nossos irmãos nos cultos, somos abençoados e nossa fé é fortalecida. Assim todo o rebanho de Cristo é edificado e encorajado a suportar as aflições do mundo, tendo a esperança em Deus renovada, crendo que Ele está conosco e que no tempo certo agirá também em nosso favor.

VII- Para que guardassem os seus preceitos, e observassem as suas leis. Louvai ao Senhor:

    Como disse, o culto ou a liturgia tem um propósito: primeiro,  obviamente, é adorar aquele que é digno, segundo, abençoar o povo de Deus. Os elementos da adoração favorecem e beneficiam ricamente o adorador. Os salmos, os cânticos, a oração, a pregação do evangelho, os testemunhos, tudo isso enriquece nossa fé. 

    De um modo simplista, podemos afirmar que o culto também possui uma função pedagógica: ensinar o cristão a caminhar com Cristo. Ora, o Senhor mesmo disse que ele é o nosso Mestre e que devemos seguir seus passos. Ele nos deu duas leis: amar a Deus sobre tudo e ao nosso próximo como a nós mesmos, sendo esta última a lei que nos caracteriza como verdadeiros cristãos, pois Deus escolheu ser amado em suas criaturas, de modo que amamos a Deus quando amamos nossos irmãos.

    O salmo 105 começa com a sentença: louvai ao Senhor; ele também termina dizendo: Louvai ao Senhor. Portanto, nosso culto deve começar e terminar com louvor. Claro que existem muitas maneiras de louvar a Deus, não somente com palavras, mas principalmente com ações coerentes que correspondam ao caráter santo do Eterno. 

    Por isso o amor fraternal é fundamental, pois corremos o sério risco de acharmos que Deus se preocupa mais com liturgias do que com a prática do amor ao próximo, e os Evangelhos deixam bem claro o que Jesus pensa a esse respeito: Misericórdia quero e não sacrifício.

    Deus não precisa de nossos cultos, ele é perfeito e não tem carência de nada. Nós é quem somos os principais beneficiados com o culto ao Senhor, pois recebemos do Senhor o renovo e a força que vêm somente dele.

    Antes de darmos nossas ofertas ou darmos o nosso culto ao Eterno, precisamos analisar nossos corações. Como está minha relação familiar? Como está minha relação com meus irmãos na fé? Magoei alguém ou ofendi alguém? Preciso me reconciliar com alguém? Preciso pedir perdão a alguém? Preciso ressarcir ou indenizar alguém por algum mal que ocasionei? Preciso reparar algum dano que gerei a alguém? Preciso perdoar alguém que me ofendeu? Preciso perdoar algum pecado contra mim praticado?

    Deus se agrada daquele que faz justiça e misericórdia ao necessitado. Nossos cultos só lhe serão agradáveis quando vivermos em amor, buscando seu reino de justiça e compaixão. Enquanto fecharmos nossos olhos para o mundo ao nosso redor, enquanto acharmos que Deus não se importa com a injustiça e desigualdade, e não mudarmos nosso egoísmo, tenhamos a plena certeza de que nossos cultos não serão recebidos nas moradas celestes.

    Esse foi o pecado de Israel por muitos anos, confiar mais nos ritos religiosos do que em Deus. Israel confiava mais nos sacrifícios e nas solenidades religiosas do que na integridade do coração que Deus exigia. Os judeus frequentavam o templo e dizimavam as coisas mínimas, mas esqueciam da compaixão com os mais fracos. De nada servia essa religiosidade sem alma. Por isso tenhamos cuidado para não cairmos nesse mesmo erro.

    Busquemos ao Senhor continuamente, confiando em sua Graça. Gloriemo-nos Nele e nos alegremos Nele. Temos salmos e orações, temos o Evangelho de Jesus Cristo, temos o seu Espírito que nos ensina todas as coisas. Entremos com confiança na sala do trono, lavados no sangue do cordeiro, renovados em amor e misericórdia para com os nossos irmãos, tendo a plena convicção de que o Senhor receberá nosso culto. Amém.

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