quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Salmo 105 - O culto ao Senhor: como adorar a Deus?

 Louvai ao SENHOR, e invocai o seu nome; fazei conhecidas as suas obras entre os povos. Cantai-lhe, cantai-lhe salmos; falai de todas as suas maravilhas. Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração daqueles que buscam ao Senhor. Buscai ao Senhor e a sua força; buscai a sua face continuamente. Lembrai-vos das maravilhas que fez, dos seus prodígios e dos juízos da sua boca ...Para que guardassem os seus preceitos, e observassem as suas leis. Louvai ao Senhor.

( Salmos 105. 1-5...45)

Por Frankcimarks Oliveira

     Pretendo com esta mensagem:

1- Refletir sobre o culto prestado a Deus;

2- Sugerir uma "liturgia" para cultos domésticos. De maneira nenhuma quero ser dogmático, por isso utilizo a palavra " sugerir";

3- Incentivá-los a adorarem ao Senhor e cultivarem uma vida de louvor e oração constante em sua Presença;

I - Louvai ao Senhor 

    Não pretendo ser exaustivo nessa meditação, apenas explanar ou apresentar rapidamente pontos essenciais para o culto de adoração ao Deus Bíblico.

    O salmista inicia seu cântico com um imperativo: Louvai ao Senhor. O que poderíamos extrair dessa simples ordenança? Que o louvor é um mandamento? Que aqueles que conhecem a Deus tem urgente necessidade de convocar a todos para a adoração? Ou que nossos cultos devem ser iniciados com louvor ao Deus que habita em meio aos louvores? Acredito que as três sentenças sejam verdadeiras!

    Deus nos fez para o louvor de sua Glória e quando o louvamos de todo o coração, cumprimos perfeitamente nossa função. O louvor deve sair da boca de um verdadeiro adorador que adora o Pai em Espírito e em verdade, pois somente este tipo de louvor é recebido pelo Eterno Deus que criou os céus e a terra, portanto tudo o que respira deve louvá-lo, pois só existem porque por ele foram criados.

    O cristão genuíno sente imensa necessidade de levar outras pessoas à adoração do único Deus Vivo, pois foi exatamente isso que Cristo veio fazer na terra, glorificar ao Pai, e seu ministério foi justamente esse: conduzir as ovelhas perdidas a Deus, depois de libertá-las do poder opressor do inimigo, e de novamente reuni-las, tornando-as um só povo para o Pai. E Cristo continuou comprometido com esse propósito depois de voltar para o Pai, pois ordenou que seus discípulos levassem o evangelho a todas as nações da terra, anunciando o grande amor de Deus, tornando sua Glória conhecida em toda terra.

    Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, diz o mandamento. Por que anunciamos o evangelho de Jesus? Para que mais vidas sejam abençoadas por Cristo. Em que resulta tal benção? Em louvor ao Deus que é Amor e que a todos os que se arrependem e confessam o nome de seu Filho, recebe com graça e boa vontade em sua família. 

    Deus é amor e não somente ama, também deseja ser amado; o amor, contudo, pressupõe a existência do objeto a ser amado. Não que Deus precisasse de suas criaturas para poder amar, pois sendo Ele Amor em essência e tendo em seu seio a presença do Cristo Eterno, jamais deixou de amar. Deus sempre foi um Deus que ama, pois subsistindo em Pai, Filho e Espírito Santo, sempre pôde amar a si mesmo em todas as eternidades anteriores. Contudo, movido por graça, Deus criou os mundos e fez-nos a sua imagem para que pudéssemos receber diretamente de seu amor, bem como amá-lo. Somos suas criaturas, feitas por causa do amor e para amarmos ao Deus que é amor e que sendo amor, quis que também fôssemos como Ele o é, por isso ordenou: amai-vos uns aos outros. 

    Agora que existimos e somos conscientes de seu amor, que não somente nos trouxe à vida, mas nos restaurou para si mesmo depois de nossa queda e rebeldia, nos elevando de volta ao status que tínhamos com ele através da morte de seu Filho Jesus, podemos louvá-lo com prontidão e o peito cheio. Reconhecemos através do louvor todos os seus feitos redentores ao longo da história humana, seja  para e por meio de Israel, seja por meio de Cristo para sua igreja e através de sua Igreja para o mundo inteiro.

    O louvor é , portanto, a expressão do amor que sentimos por Deus, a maneira pela qual expressamos nossa gratidão a Ele por sua grande salvação. O Deus que ama o ser humano e com ele deseja relacionar-se, providenciou os meios de nos salvar. Resta-nos louvá-lo por sua boa vontade. Resta-nos agradecermos a Ele, expressarmos o louvor que lhe é devido, amando-o com todo o nosso coração, e , consequentemente, compartilhando seu Evangelho com todos os seres humanos, aumentando assim não somente o seu louvor, mas expandindo essa rede de amor que Deus mesmo planejou desde o início de tudo.

    Assim sendo, nossos cultos, sejam privados ou públicos, devem ou deveriam ser iniciados com louvores ao Deus que nos amou e nos entregou seu Filho Jesus Cristo como propiciação pelos nossos pecados. Antes mesmo de alguma oração ou qualquer outra coisa, o louvor. Não é a toa que a tribo de Judá nos assentamentos era a primeira tribo a marchar. Ora, a palavra Judá significa louvor, nada mais apropriado. 

II- Invocai o seu Nome

    A oração é deveras  importante no culto. Observe, porém, que ela vem em segundo lugar, logo após o louvor. Talvez nossas orações se ajustem melhor ao coração do Senhor após o termos louvado bastante. Talvez os louvores funcionem como a pedra de amolar facas ou como o fio que afia a espada. Eu particularmente percebo muita diferença em minhas próprias preces quando antes de orar, louvo a Deus com alguns hinos que gosto muito ( geralmente hinos da harpa cristã) ou algumas canções cristãs que tocam meu coração. O fato é que oro mais e melhor, (pelo menos tenho essa impressão), quando primeiro louvo ao meu bom Senhor. 

    Nossas orações devem ser agradáveis ao Senhor. Assim como o incenso constante no tabernáculo de Aarão, nossas preces devem subir constantemente à presença de Deus. Não podemos negligenciar o lugar das orações em nossos cultos. Um cristão deve comprometer-se com sua vida de oração, pedir sempre, clamar sem se cansar, interceder pelo reino de Deus, orar pelos irmãos, pela nação, pelo mundo e pela prosperidade do Evangelho de Jesus Cristo. Misteriosamente, Deus, mesmo sem precisar de nossas orações, determinou este santo dever para seus filhos. Orai sem cessar, disse-nos o apóstolo dos gentios.

    Por mais óbvio que seja, devo ser enfático: Jesus nos ensinou a oração do Pai nosso, portanto, só devemos nos dirigir a Deus enquanto oramos. Nossas orações e nossa adoração cultíca voltam-se apenas para aquele que é digno de ser adorado. Nenhuma outra criatura, seja humana ou angelical, deve ser invocada. Perceba o texto outra vez: Invocai o nome do Senhor. Não há o que se interpretar de tão claro, principalmente conhecendo o contexto idólatra daqueles dias. Deus sempre repreendia Israel quando este invocava outros deuses ou deusas, pois Deus não tolera tal pecado. O ídolo é uma mentira, pois não passa de uma criação da mente humana. Deus e somente Deus deve ser invocado.

    Cristo, por ser um com o Pai, e por ser naturalmente Deus, o alfa e o ômega, o criador de todas as coisas e o cabeça da Igreja, ouve nossas preces e deixou claro: Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei. ( João 14.14), logo, oramos ao Pai e ao Filho, pois assim também fizeram os apóstolos e os primeiros cristãos, conforme vemos nos Evangelhos, em Atos e nas cartas dos apóstolos.

    Jesus é o Senhor, o Salvador dos pecadores. Ele não apenas ouve nossas orações, ele também intercede por nós junto ao Pai. E o mesmo Senhor nos incentivou a termos, assim como ele teve e tem, uma vida de oração, pois através da oração obtemos muitas de suas bênçãos. Invoquemos, portanto, cada dia mais o nome do Senhor.

III- Fazei conhecidas suas obras entre os povos

    Agora, depois de louvarmos e orarmos ao Senhor, anunciamos sua Palavra ou testificamos o que Cristo fez em prol da humanidade e em nossas próprias vidas. Somos suas testemunhas, arautos de seu reino, proclamadores de boas novas, anunciadores de sua salvação, pregadores da paz conquistada para com Deus através do Jesus crucificado, somos os enviados Dele, seus emissários, somos os seus embaixadores neste mundo, seus representantes, as cartas vivas que ele mesmo está escrevendo, somos os anjos que apregoam sua ressurreição: ele está vivo!

    Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura, ordenou-nos o Mestre. Precisamos obedecê-lo. A fé vem pelo ouvir a palavra de Deus. Como as pessoas crerão naquele de quem nada ouviram? Agora é a hora de pregarmos a palavra de Deus. Faz-se necessária certa solenidade e respeito. Na hora da pregação do Evangelho todos os sentidos dos ouvintes devem ser capturados para a total compreensão do que será dito. É através da pregação que o Espírito Santo geralmente aplica seu poder nos corações. O Espírito Santo foi-nos dado para testificar da pessoa e obra de Jesus Cristo, pois só ele é capaz de convencer os pecadores de seus pecados. O evangelho deve, assim, ser pregado sob o poder do Espírito Santo, haja vista ser Ele o agente que orienta e aplica as verdades de Deus nos corações.

    Infelizmente, muitos cristãos tem negligenciado o lugar da pregação em seus cultos, reservando pouco ou nenhum tempo para a exposição das escrituras ao seu público. Jesus mesmo afirmou: Examinai as escrituras porque elas testificam de mim. E ao ressuscitar dos mortos, fez questão de explanar as escrituras para seus amigos: Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras. ( Lc 24.45)

    Deus deseja que compreendamos as escrituras. Deus fala com seu povo através das escrituras. É neste momento do culto que Ele fala com seu povo. Nos louvores somos nós que falamos com Deus em adoração; nas orações somos nós quem falamos com Deus em súplicas; mas na hora da exposição das sagradas letras, é Deus quem fala conosco. Desse modo, as duas primeiras partes do culto nos movemos de baixo para cima; na terceira parte Deus se move de cima para baixo. Na verdade, ele já se encontra em nosso meio e nos fala cara a cara. Então talvez tudo ocorra de maneira horizontal. Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí eu estou no meio deles.

    Observe a proporção da disposição dos versos no salmo 105. O salmo possui 45 ( quarenta e cinco) versos. Destes quarenta e cinco, praticamente quarenta são sobre os feitos do Senhor, ou seja, são exposições do que Deus fez para o bem de seu povo, o que funciona como pregação bíblica. O objetivo da pregação é relembrar a obra redentora do Cristo enviado por Deus para nossa salvação, bem como convocar e reunir as ovelhas de seu pasto, alimentá-las e edificá-las na fé do reino de Deus. 

    A pregação serve para exortação, encorajamento, ensino, correção etc, visando a edificação do povo eleito. A verdadeira pregação bíblica coloca Cristo como centro, como ele mesmo alegou para os fariseus de seus dias. Ele é a pedra fundamental, a base de toda construção sólida. Sem Cristo não há edificação. Cristo é o maná que alimenta nossas almas e é Ele quem deve ser exposto na pregação, do contrário continuaremos com fome.

IV- Cantai-lhe salmos, falai de todas as suas maravilhas, gloriai-vos em seu santo nome, alegre-se o coração daqueles que buscam ao Senhor:

    Creio que todas estas expressões são uma espécie de resumo do que já dissemos anteriormente: louvor e oração através dos salmos, pois estes são de diversos gêneros ( cânticos, súplicas, lamentos etc); testemunho através da pregação e ações de graça.

    Os cristãos devem se alegrar em Deus, em seu amor e em sua Graça. Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor. Jamais devemos perder de vista que nosso culto não é sobre nós mesmos, sobre nosso desempenho ou performance religiosa ou moral. Nossa glória não está em nossa sabedoria, nem em nossa força ou em nossa perfeição moral diante de Deus e dos homens; nossa grande glória está em Cristo somente e em sua perfeição e justiça. 

    Ele nos deu gratuitamente o direito de nos assentarmos com ele na mesa do Pai, isso é uma grande honra e privilégio. Contudo, nesse banquete que o Senhor mesmo preparou, os convidados são coxos, mancos, cegos, doentes etc. Que nossa mente se alegre com sua bondade, pois mesmo sendo nós pecadores, ele nos abriu espaço para nos relacionarmos com Ele. Portanto, Cristo é a nossa glória e alegria. 

Mas alegrem-se os justos, e se regozijem na presença de Deus, e folguem de alegria. ( Salmos 68.3)

    Somos chamados para a alegria. Mas de onde vem essa alegria? Vem da presença do Senhor em nossas vidas. Não depende das circunstâncias, nem de qualquer outo fator momentâneo. Quando compreendemos quem é Jesus Cristo, o que ele fez por nós e o seu amor incondicional, nossa alegria torna-se mais firme que o Everest.  
    
    Deus é um Deus de alegria. Ele está constantemente ordenando ao seu povo para prosseguir na caminhada e não desmotivar. Ele nos manda olharmos para ele e confiarmos nele, apesar das dificuldades, e não somente isto, ele ordena que louvemos e cantemos, ou seja, que nos alegremos, pois quem está alegre canta facilmente.

    Nosso espírito se alegra em Deus, nosso salvador. É Deus a razão de nossa alegria. Por que nós cantamos? Porque Deus nos providenciou o cordeiro para o sacrifício e nos livrou da morte. Porque cantamos? Porque o Pai amou o mundo de tal forma que deu o seu Filho para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Deus nos presentou com, nada mais nada menos,  aquele que é o mais precioso ser do universo: Jesus Cristo. Temos este tesouro escondido em vasos de barro!

    Deus também nos deu o Espírito de alegria para que  o louvemos sempre. É este mesmo Espírito que nos assiste em todos os momentos de nossas vidas. Se estamos tristes e angustiados, o Espírito nos impele à oração para que achemos em Deus reconforto. Se estamos alegres, o Espírito nos impele ao louvor e a adoração, pois assim manifestamos gratidão.

Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores. ( Tiago 5.13)

    Cantemos salmos, anunciemos o evangelho, gloriemo-nos em Cristo e na força de seu poder. De nada teremos falta. Contemos nossos testemunhos de vida, manifestemos ao mundo que Cristo está vivo, que está em nosso meio e que reina para sempre.

 V- Buscai ao Senhor e a sua força; buscai a sua face continuamente:

    O culto do Senhor serve para nosso encorajamento. Deus é bom e deseja nos ver confiantes, entusiasmados, andando em sua presença com alegria, e sempre firmes e abundantes em sua obra. Aquele que está fraco se fortalecerá na adoração. Ora, temos louvor, temos salmos e orações, temos as escrituras, temos a ceia do Senhor, sejamos constantes e o Deus de toda consolação consolará nossos corações.

     Deus dará força aos que não têm nenhum vigor. Somos fracos por natureza, dependemos da força que vem do alto. Deus transforma galinhas em águias, apenas temos que crer em seu poder. Não desanime, querido leitor, busque a face adorada do Rei da Glória e ele te fortalecerá. O segredo é buscarmos continuamente sua face, contarmos para Deus tudo o que se passa conosco, sendo sinceros e humildes diante dele que a tudo conhece. Deus não resiste a um coração quebrantado e contrito!

    Diga o fraco: eu sou forte. Ora, meus irmãos, nossas lutas devem ser lutadas na força do Eterno. É o braço potente de Deus que deve ser nossa principal "arma" de guerra. Por que nos cansamos? Porque lutamos com nossos poucos recursos, que por serem poucos rapidamente se esgotam. Mas se lutarmos na força do Espírito, não nos cansaremos. Devemos confiar somente em Deus e esperarmos em Deus, assim, estou bem certo, não nos fatigaremos. E ainda que venhamos nos cansar, temos em Deus uma fonte eterna de energia, acessível e disponível para todo aquele que a busca.

    Não deixemos de cultuar o nosso bondoso Senhor que é riquíssimo em misericórdias, pois somos renovados enquanto o bendizemos. Quando nos expomos diante de sua face majestosa, sua luz nos abastece. Somos carregados pela luz de sua face; nossas placas solares recebem da luz divina a carga necessária para continuarmos firmes, contentes e constantes na obra abundante do nosso Deus.

VI- Lembrai-vos das maravilhas que fez, dos seus prodígios e dos juízos da sua boca:

    Nossa fé necessita ser constantemente alimentada. Para isso Deus nos deu as escrituras que nos contam de sua aliança salvadora. Examinando os textos sagrados, vamos conhecendo melhor os desígnios de Deus. Também, quanto mais meditamos na palavra, mais conhecemos as promessas ali contidas, o que nos dá munição para orarmos e apresentarmos ao nosso Pai celestial o que ele mesmo nos garantiu.

    Leitor querido, não despreze o estudo das escrituras. Tome sua bíblia e a leia diariamente, isso te fará um bem tremendo. Não apenas leia a bíblia, busque se informar de seu conteúdo, compre bons livros a seu respeito, estude-a sistematicamente, não se acomode nem se contente com o que seu líder religioso lhe ensina, vá mais fundo, mergulhe profundamente no livro dos livros. Comprometa-se com a leitura diária da palavra e ore a Deus para te dar esclarecimento e discernimento em suas meditações. Estou certo de que Ele o ajudará.

        Em nossa caminhada com Deus, vivenciamos muitas experiências com o Eterno, por isso agora quero evocar os testemunhos pessoais do cristão. Claro que os relatos bíblicos nos enchem de esperança e por isso devemos voltar com frequência em tais relatos, porém, Deus é um Deus vivo, que continua respondendo as orações dos justos. Desse modo, Deus não é apenas um personagem de um livro, mas uma pessoa real, presente hoje na história e que se relaciona com aqueles que têm fé em seu nome.

        Lembre-se, amado leitor, das coisas extraordinárias que o Senhor realizou em sua vida. Vasculhe o seu passado e se lembre dos livramentos que Ele te deu, das respostas de oração, das providências que te enviou. Tenho certeza que seu coração frio outra vez se aquecerá com essas recordações. Devemos, portanto, em nossos cultos, ter sempre um momento para compartilharmos esses testemunhos pessoais. Assim como os apóstolos que após suas missões, traziam para a comunidade o relato dos feitos extraordinários do Senhor por meio de suas mãos. Deus é o mesmo!

    Quando ouvimos os testemunhos de nossos irmãos nos cultos, somos abençoados e nossa fé é fortalecida. Assim todo o rebanho de Cristo é edificado e encorajado a suportar as aflições do mundo, tendo a esperança em Deus renovada, crendo que Ele está conosco e que no tempo certo agirá também em nosso favor.

VII- Para que guardassem os seus preceitos, e observassem as suas leis. Louvai ao Senhor:

    Como disse, o culto ou a liturgia tem um propósito: primeiro,  obviamente, é adorar aquele que é digno, segundo, abençoar o povo de Deus. Os elementos da adoração favorecem e beneficiam ricamente o adorador. Os salmos, os cânticos, a oração, a pregação do evangelho, os testemunhos, tudo isso enriquece nossa fé. 

    De um modo simplista, podemos afirmar que o culto também possui uma função pedagógica: ensinar o cristão a caminhar com Cristo. Ora, o Senhor mesmo disse que ele é o nosso Mestre e que devemos seguir seus passos. Ele nos deu duas leis: amar a Deus sobre tudo e ao nosso próximo como a nós mesmos, sendo esta última a lei que nos caracteriza como verdadeiros cristãos, pois Deus escolheu ser amado em suas criaturas, de modo que amamos a Deus quando amamos nossos irmãos.

    O salmo 105 começa com a sentença: louvai ao Senhor; ele também termina dizendo: Louvai ao Senhor. Portanto, nosso culto deve começar e terminar com louvor. Claro que existem muitas maneiras de louvar a Deus, não somente com palavras, mas principalmente com ações coerentes que correspondam ao caráter santo do Eterno. 

    Por isso o amor fraternal é fundamental, pois corremos o sério risco de acharmos que Deus se preocupa mais com liturgias do que com a prática do amor ao próximo, e os Evangelhos deixam bem claro o que Jesus pensa a esse respeito: Misericórdia quero e não sacrifício.

    Deus não precisa de nossos cultos, ele é perfeito e não tem carência de nada. Nós é quem somos os principais beneficiados com o culto ao Senhor, pois recebemos do Senhor o renovo e a força que vêm somente dele.

    Antes de darmos nossas ofertas ou darmos o nosso culto ao Eterno, precisamos analisar nossos corações. Como está minha relação familiar? Como está minha relação com meus irmãos na fé? Magoei alguém ou ofendi alguém? Preciso me reconciliar com alguém? Preciso pedir perdão a alguém? Preciso ressarcir ou indenizar alguém por algum mal que ocasionei? Preciso reparar algum dano que gerei a alguém? Preciso perdoar alguém que me ofendeu? Preciso perdoar algum pecado contra mim praticado?

    Deus se agrada daquele que faz justiça e misericórdia ao necessitado. Nossos cultos só lhe serão agradáveis quando vivermos em amor, buscando seu reino de justiça e compaixão. Enquanto fecharmos nossos olhos para o mundo ao nosso redor, enquanto acharmos que Deus não se importa com a injustiça e desigualdade, e não mudarmos nosso egoísmo, tenhamos a plena certeza de que nossos cultos não serão recebidos nas moradas celestes.

    Esse foi o pecado de Israel por muitos anos, confiar mais nos ritos religiosos do que em Deus. Israel confiava mais nos sacrifícios e nas solenidades religiosas do que na integridade do coração que Deus exigia. Os judeus frequentavam o templo e dizimavam as coisas mínimas, mas esqueciam da compaixão com os mais fracos. De nada servia essa religiosidade sem alma. Por isso tenhamos cuidado para não cairmos nesse mesmo erro.

    Busquemos ao Senhor continuamente, confiando em sua Graça. Gloriemo-nos Nele e nos alegremos Nele. Temos salmos e orações, temos o Evangelho de Jesus Cristo, temos o seu Espírito que nos ensina todas as coisas. Entremos com confiança na sala do trono, lavados no sangue do cordeiro, renovados em amor e misericórdia para com os nossos irmãos, tendo a plena convicção de que o Senhor receberá nosso culto. Amém.

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Oração 18: Senhor, Liberta-nos

 E os filhos de Israel clamaram ao Senhor, e o Senhor levantou-lhes um libertador, que os libertou (...)

(Juízes 3.9)

Por Frankcimarks Oliveira

    
    Pai Santo, olha para nós e tem piedade de nós, pois são muitos os nossos adversários e mais poderosos do que nós. Somos diante deles como formigas insignificantes, não temos como vencê-los por nossa força. Mas tu és Deus tremendo e poderoso, que com o sopro da tua boca nos livra da destruição.

    Pai Santo, tuas palavras são fieis e verdadeiras, dignas de toda aceitação. Mostra-nos o libertador, poderoso em obras, justo como tu és justo, santo como tu és santo, e, para nossa sorte, bondoso como tu és bondoso, para que não venhamos a morrer em nossos pecados. Mostra-nos o teu Filho unigênito, aquele que tem as chaves de Davi, que abre e ninguém fecha, que fecha e ninguém abre, o único capaz de nos libertar de nossas terríveis circunstâncias, pois Cristo é o Senhor da história, o autor e o consumador de nossa salvação. Nele cremos e nos alegramos, pois ele é o nosso grande salvador.

    Pai Santo, liberta-nos de nosso engano, pois somos facilmente influenciados ao erro. Acreditamos em falsas ilusões e falsas promessas de paz, mas somente em ti encontramos verdadeira Esperança. Livra-nos da mentira e do engano de nossos corações, livra-nos dos ídolos que nós mesmos fabricamos e chamamos de deus, sendo que não há outro Deus além de ti. Não nos deixe morrer enganados em nossos caminhos vãos, mas mostra-nos a tua verdade e a tua luz. Cristo Jesus é a verdade que liberta, sem teu filho santo, morreremos acorrentados em nossas falsas convicções. Somente Cristo é poderoso o bastante para nos revelar nossa terrível miséria diante de ti, somente Cristo pode quebrar nossas cadeias e nos tornar teus filhos.

    Pai Santo, liberta-nos do nosso egoísmo violento, tão forte em nossos corações, que nos escraviza, nos tornando servos de nós mesmos, sendo que só há um Senhor no céu e na terra e seu nome é Jesus Cristo. Perdoa-nos quando queremos nos assentar no trono que pertence somente a teu filho amado. Perdoa-nos quando queremos ser independentes da tua vontade e senhorio, pois esse é o maior dos pecados.

    Pai Santo, o egoísmo humano tem causado tantos males no mundo. Não gostamos de ser contrariados ou confrontados, pois nosso ego é um ídolo narcisista e intolerante, totalmente orgulhoso. Vença o nosso ego, Senhor Jesus, submeta-o a tua vontade. Ajuda-nos a negarmos estes impulsos ególatras que buscam a própria satisfação, independentemente dos estragos que venham causar ao próximo. Ajuda-nos, Jesus, a sermos como tu, cheio de bondade e misericórdia, que mesmo sendo Deus, fez-se homem e em tudo se sujeitou ao Pai, para nos mostrar a honra que é servir ao Deus de Israel.

    Pai Santo, tua lei é perfeita porque reflete a perfeição do teu caráter, mas nós somos escravos de um mundo injusto que não te glorifica. Liberta-nos do mundanismo e renove as nossas mentes com a tua palavra, assim tomaremos a forma do justo Jesus, que em tudo te agradou enquanto caminhou nessa terra. Esse mundo apregoa a felicidade individualista, mas teu filho nos ensinou o amor comunitário. Sem amor é impossível te alegrar, ó Deus. Este mundo apregoa o poder como virtude, mas teu Filho nos ensinou que servir ao próximo é a maior das virtudes. Os valores deste mundo são completamente invertidos, e no sermão da montanha Cristo deixou isso bem claro. Para o mundo, feliz é quem possui bens e riquezas, porém, em teu reino felizes são os pobres; no mundo, importa a risada ostensiva dos poderosos, mas em teu reino os que choram serão consolados; Ó Senhor, liberta-nos da nossa visão errônea das coisas e da nossa falta de discernimento.

    Pai Santo, liberta-nos do legalismo religioso, que acredita na própria capacidade de justificar-se diante do teu trono.  Liberta-nos da crença equivocada de que sem Cristo podemos alcançar alguma coisa das tuas mãos. Tu enviaste a Jesus Cristo como libertador dos pecadores exatamente porque sozinhos não éramos capazes de nos libertar. Estávamos como que enlaçados na armadilha do pecado, feito passarinho capturado, e tu nos enviaste um libertador. Que nossos pés fiquem firmes em Yeshua e em sua liberdade conquistada para nós, de modo que jamais nos coloquemos outra vez sob o julgo da servidão de ordenanças, ou que outra vez voltemos a acreditar que nossa observância da lei nos assegurará salvação, pois Cristo adquiriu Justiça ao morrer e ressuscitar, e de suas mãos recebemos, gratuitamente, quando cremos em seu nome, os méritos de sua obediência, de modo que somos aceitos por Deus Nele e sem ele nada podemos fazer.

    Pai Santo, liberta-nos de nossa arrogância e auto apreciação. Ajuda-nos a enxergar quem somos e com certeza abandonaremos nosso senso de auto justiça. Ajuda-nos a perceber que estamos muito distantes do padrão de santidade que tu exiges, e faze-nos esclarecidos acerca da santidade perfeita do ser humano perfeito que é Jesus Cristo, e que somos santificados Nele dia após dia por meio da sua Graça. Remova, portanto, Senhor, a cadeia legalista que aprisiona nossos pés, que nos torna obstinados em performar diante dos homens e diante de ti, na vã tentativa de impressionar o Senhor com nossas obras fajutas de uma espiritualidade ritualista que se sustenta apenas na aparência externa, sem contudo ter o coração transformado. Liberta-nos desse tipo de espiritualidade, Senhor Jesus, e dá-nos um coração semelhante ao teu, pois Deus olha para o coração, a fonte da vida. Que nossa espiritualidade não se fundamente em orações prolongadas e jejuns intermináveis, que visam apenas a ostentação pública, mas que nossa fé esteja voltada a soltar as prisões dos inocentes, a fazer justiça ao órfão e à viúva, a ajudar os necessitados, pois esta é a verdadeira religião diante de Deus: fugir do mal e fazer o bem aos aflitos.

    De que te servem nossos holocaustos e incensos se não andamos no caminho de misericórdia? De que te servem nossas músicas e o nosso louvor se não cessamos de falar mal um dos outros? De que te servem nossas reuniões solenes e nossas festividades se não ajudamos nossos irmãos a carregarem seus fardos? Liberta-nos da hipocrisia, Senhor Jesus Cristo, liberta-nos agora.

    Senhor, tu és o nosso libertador. O pecado que nos escraviza e nos torna seres horríveis e egoístas, precisa ser destruído. Vem com teu poder sobre nossas mentes, traga luz onde há trevas e nos liberte completamente, em todas as áreas que precisam de libertação. Que nossa confiança não esteja em nossa força ou sabedoria, mas em Cristo somente e em seu grande poder de libertar.

    O pecado é poderoso em nós, mas tu és muito mais poderoso, Senhor Jesus. Olha para o mundo corrompido por causa do pecado e venha restaurá-lo, te pedimos. Liberta-nos do império do pecado, o mais opressor de todos. Liberta-nos dos danos que o pecado promove: a injustiça, a desigualdade, a destruição, o abuso, a morte. Vem e restaura o mundo para tua Glória, Eterno Deus. Que a tua vontade seja feita na terra, que a terra se transforme no céu, sem pecado, sem maldade, sem violência, sem corrupção. Traz o teu reino a este mundo, Poderoso Libertador. Glorifica o teu nome Santo para que todos saibam que Deus é amor restaurador. Não nos abandone a nossa própria sorte, pois isso seria nosso inferno. Antes, entre em cena outra vez, derrama tua graça sobre todos nós, abençoe tua igreja e nos dê mais do teu Espírito Santo para que vivamos verdadeiramente e não só de aparência.

    Liberta-nos do império das trevas. Liberta-nos deste mundo vil e corrompido pela maldade. Liberta-nos, assim como libertaste os hebreus das mãos de faraó, de governos autoritários e escravistas, que cerceia toda a liberdade humana. Liberta-nos, Senhor, deste sistema econômico desumano, que explora o trabalhador e não lhe devolve justamente o que ele merece. Liberta-nos da precariedade e da injustiça. Liberta teu povo das perseguições por causa do teu nome, dá-nos liberdade para adorarmos e bendizermos o teu nome na terra, em todas as nações. Livra-nos, Senhor Jesus, do autoritarismo político e da idolatria partidária que tem dividido tua igreja. 

    Liberta-nos de nós mesmos e assenta-te , bendito Salvador, em nosso meio e traga paz e prosperidade. Por amor do teu nome, te pedimos, ó Eterno. Amém.

    

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Salmo 103: Deus é um Pai Amoroso

 Bendize, ó minha alma, ao Senhor , e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao Senhor , e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. É ele que perdoa todas as tuas iniquidades e sara todas as tuas enfermidades; quem redime a tua vida da perdição e te coroa de benignidade e de misericórdia; quem enche a tua boca de bens, de sorte que a tua mocidade se renova como a águia. O Senhor faz justiça e juízo a todos os oprimidos. Fez notórios os seus caminhos a Moisés e os seus feitos, aos filhos de Israel. Misericordioso e piedoso é o Senhor ; longânimo e grande em benignidadeNão repreenderá perpetuamente, nem para sempre conservará a sua ira. Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos retribuiu segundo as nossas iniquidades. Pois quanto o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto está longe o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões. Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó. Porque o homem, são seus dias como a erva; como a flor do campo, assim floresce; pois, passando por ela o vento, logo se vai, e o seu lugar não conhece mais. Mas a misericórdia do Senhor é de eternidade a eternidade sobre aqueles que o temem, e a sua justiça sobre os filhos dos filhos; sobre aqueles que guardam o seu concerto, e sobre os que se lembram dos seus mandamentos para os cumprirem. O Senhor tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo. Bendizei ao Senhor , anjos seus, magníficos em poder, que cumpris as suas ordens, obedecendo à voz da sua palavra. Bendizei ao Senhor , todos os seus exércitos, vós, ministros seus, que executais o seu beneplácito. Bendizei ao Senhor , todas as suas obras, em todos os lugares do seu domínio. Bendize, ó minha alma, ao Senhor . ( Salmos 103. 1-22)

Por Frankcimarks Oliveira

    Pretendo com esta mensagem:

1- Revelar o caráter paterno de Deus e suas implicações na vida de seus filhos;
2- Conduzi-los a autoanálise e incentivá-los a refletirem nos feitos de Deus;
3- Despertar a gratidão em seus corações e consequentemente o louvor devido ao Eterno.

 I-  Bendize, ó minha alma, ao Senhor , e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome:

    Funcionamos corretamente quando adoramos a Deus. Fomos criados para Ele e louvá-lo é uma de nossas designações. Não que Deus precise de nosso louvor, não é isso; o Senhor é perfeito e de nada carece; nós, porém, somos agraciados quando lhe rendemos graças, pois fomos feitos de tal modo que somente assim nos realizamos de fato. Nosso ser se completa e cumpre perfeitamente seu objetivo quando se conecta ao Criador. Imagine um ventilador desplugado do interruptor, ele continuará sendo um ventilador, contudo não ventilará. Em Deus, o ser humano, verdadeiramente é inteiro e perfeito. Quem é a criatura para contender com seu Criador? Foi Ele quem nos fez e não nós a nós mesmos. Existimos porque Deus nos criou, do contrário não seríamos no mundo. A vida é o primeiro presente que recebemos de suas mãos, a oportunidade de usufrui-lo no mundo, de conhecê-lo. Se não existíssemos, como o conheceríamos?

    Tendo essa consciência, devemos nos reportar a nós mesmos e ordenarmos às nossas próprias almas: Bendiga ao Senhor, louve-o com cada partícula corpórea. 

    Nossa natureza é preguiçosa e acomodada; precisa, portanto, ser constantemente confrontada. Desperta tu que dormes! Devemos vencer nossa carne, seu comodismo e ingratidão para com Deus; devemos subjugá-la com exercícios espirituais: orações, louvor, jejuns. Diga para ti mesmo, caro leitor, que deves louvar ao teu Criador com toda a tua força e entendimento. No fim das contas quem mais se beneficiará com tudo isso seremos nós.

    Não é ninguém que deve nos instar à bendita adoração; nós mesmos o devemos fazê-lo. Essa prontidão deve estar em nossos corações. Claro que as escrituras nos ordenam: Louvai ao Senhor, entrai em seu santuário com cânticos, e esse lembrete externo é um meio de graça. Deus em sua infinita bondade, conhecendo nossa lentidão e natureza, nos providenciou "despertadores" para que acordemos do sono e, de pé, o louvemos com toda adoração. 

    Quão bem aventurado é o sujeito que a si mesmo conclama a louvar a Deus e render-lhe graças! Quão feliz é a pessoa que se dispõe sozinha, isto é, sem coerções externas, a louvar seu Criador, por livre e voluntária disposição. Pode-se dizer, sem sombra de dúvidas, que tal criatura é riquíssima diante dos céus, pois seu espírito encontra-se vivo e em perfeita operação. Como é bom estarmos com a saúde física em pleno estado, como é bom podermos realizar nossas atividades diárias com facilidade e agilidade. Do mesmo modo a saúde da alma manifesta-se claramente quando, livremente, decidimos bendizer a Deus com  cultos domésticos, retiros pessoais, momentos de adoração em nossos quartos, longe dos olhares alheios, pois tenho certeza de que nossos cultos coletivos serão bem mais proveitosos quando tivermos o hábito de adorarmos a Deus em secreto.

    O culto ao Senhor não deve partir de uma obrigação social, mas de uma decisão individual. Deus sonda os corações, ele sabe com certeza se todo o nosso ser está de fato empenhado a louvá-lo. Deus não aceita menos que isso: e tudo o que há em mim bendiga seu santo nome. 

    Nosso culto ao Eterno deve ser de todo o coração, mente e espírito. Não deve ser um mero rito costumeiro e formal. Deve nascer na consciência de quem Deus é e do que ele faz em nossas vidas.

II- Bendize, ó minha alma, ao Senhor , e não te esqueças de nenhum de seus benefícios:

    Nossa mente é um mistério surpreendente. Ela é capaz de coisas incríveis, pois o Criador a dotou de uma plasticidade maravilhosa. Olhe para todas as maravilhas da vida moderna: a tecnologia, a ciência, a medicina. Tudo isso vem de Deus, pois foi ele quem dotou o ser humano de inteligência e poder criativo. Somos sua imagem e semelhança.

    A mente humana é estupenda, capaz de aprender e realizar coisas extraordinárias. Há tanta arte no mundo, tanta beleza criativa, que expressa nossa vida, que toca nossas emoções. A música é uma criação lindíssima, a arquitetura, o cinema, a literatura. Tudo o que nossa mente é capaz de realizar realmente é magnífico.

    Por que em se tratando das coisas de Deus nossas mentes são tão fracas? Lembramos de fórmulas matemáticas, de textos gigantescos para o teatro, de datas e fatos históricos, mas não nos lembramos de Deus e de seus feitos. Quão facilmente nos esquecemos de tudo quanto Deus já realizou em nossas vidas. É como se a alma sofresse de amnésia e precisasse com recorrência ser lembrada de seu Criador.

    Lembra-te do teu Criador, nos disse o sábio Salomão. Lembra do dia do Senhor para santificá-lo, nos disse Moisés. Nossa mente, portanto, precisa ser despertada para guardar o que não devemos esquecer. Por isso o Senhor nos disse: medita nessa palavra de dia e de noite, porque ele mais do que ninguém sabe como nossas mentes funcionam. 

    Queridos leitores, Maria e José esqueceram Jesus no templo, o que só comprova o lastimável estado de nossas mentes quanto ao Senhor.

E, regressando eles, terminados aqueles dias, ficou o menino Jesus em Jerusalém, e não o souberam seus pais ( Lucas 2.43)

    Precisamos, de fato, de uma restauração completa de nossos corpos. O pecado trouxe à humanidade sérios danos e não deixou de atingir nossa memória. Que o Espírito Santo restaure nossas cabeças, que seu poder de regeneração atue sobre nossas faculdades mentais para que Deus seja entronizado em nossos corações, de modo que não mais nos esqueçamos de seu santo nome.

III-  É ele que perdoa todas as tuas iniquidades e sara todas as tuas enfermidades; quem redime a tua vida da perdição e te coroa de benignidade e de misericórdia; quem enche a tua boca de bens, de sorte que a tua mocidade se renova como a águia:

    O salmista depois de despertar a própria alma para o louvor a Deus, começa a enumerar e contar para si mesmo os benefícios que Deus o concedeu. Este exercício é deveras importante e muito proveitoso para o bem estar de nossas almas. Precisamos com frequência elencar o que nosso Deus tem feito em nosso favor, e reforçarmos para nós mesmos que essas bênçãos não são frutos do acaso, ou são o resultado de nossos esforços, pois estamos inclinados a roubar-lhe a glória, atribuindo a nós mesmos as conquistas do Senhor. Tenhamos cuidado, não sejamos arrogantes nem ingratos como os incrédulos que nada atribuem a Deus. 

    O cristão tem consciência de que sem seu Deus nada pode realizar. Nele nos movemos, respiramos e existimos. Dependemos de Deus para tudo. Se acordamos, foi porque o Senhor renovou suas misericórdias. Tudo o Senhor nos concede, resta-nos reconhecer sua providência.

    O salmista começa sua lista com o perdão dos pecados. Não há nada mais prioritário em sua percepção. Deus e somente Deus pode perdoar pecados. Nosso relacionamento com o Eterno só é possível mediante o perdão de nossas faltas, afinal Ele é Santo e nós somos pecadores; precisamos de sua graça para estarmos vivos em sua presença. 

    Jamais se esqueça desse benefício, caro leitor. Não se acostume com essa dádiva. Em Cristo Jesus nós temos acesso ao Pai, porque através de seu sacrifício na cruz, Deus foi reconciliado com aqueles que creem em seu nome. Quem invocar o nome do Senhor será salvo. Jesus Cristo nos cobre com seu sangue e nos torna aceitáveis diante de seu Pai Santo. Jamais nos esqueçamos disso, pois não há nada mais precioso. Em nossas ações de graça, o perdão divino deve ocupar sempre o primeiro lugar. As bênçãos espirituais são mais importantes que as bênçãos materiais, pois o corpo perece, mas a alma é eterna.

    Depois o salmista nos conta que é Deus quem sara suas enfermidades. Antes de tudo, atentemos para essa verdade. Os incrédulos louvam a ciência e lhe rendem glória, mas quem dá inteligência aos homens? Toda dádiva perfeita vem dos céus. É Deus quem faz o nosso organismo funcionar, é Deus quem faz o remédio agir. Dizer tais coisas nos dias de hoje soa como supersticioso, porque cada dia mais nossa sociedade secularizada desacredita em Deus. Os que professam fé no Eterno são tidos como ignorantes ou imbecis. 

    Não devemos nos importar com o que dizem a nosso respeito. Cremos que Deus é poderoso para tratar nossos corpos e nos dar saúde, e isso ele pode fazer de diversas maneiras. Algumas vezes o Senhor Jesus apenas falava para o doente e o curava diretamente; outras vezes os tocava ou aplicava alguma substância sobre o enfermo, como no caso do cego, no qual aplicou lama nos olhos e o mandou se lavar. O profeta Isaías fez algo parecido com o rei Ezequias. Sua orientação foi: ponham uma pasta de figos encima da úlcera do rei e ele ficará bom ( 2 Rs 20.7) E assim sucedeu. Deus é nossa saúde, é ele quem nos cura, seja milagrosamente ou através de terceiros, seja com sua palavra ou medicamentos. A Ele damos glória.

    O Senhor também nos resgatou da perdição, retirou nossos pés do charco de lodo. Sua graça não apenas nos perdoa, ela nos transforma. A graça de Deus nos torna aceitáveis, nos trata e nos purifica. Cristo nos resgatou do império das trevas e nos trouxe para sua luz. Cristo nos tirou da sombra da morte e nos colocou sob seus cuidados. Nossa recompensa foi sua misericórdia. Ele nos coroa de benignidade. Nosso troféu é dado pelos méritos dele e não pelos nossos. A coroa de vitória é a coroa de benignidade e não a coroa da meritocracia. Foi Ele e não nós quem nos redimiu da perdição. Perceba a palavra PERDIÇÃO. Estávamos perdidos e mortos em nossos pecados e delitos, mas Cristo Jesus venceu a morte por nós, venceu o pecado por nós, venceu o mundo por nós. A vitória dele é a nossa vitória.

    Cristo nos enriqueceu com seus despojos. Ele encheu nossa boca de bens, nos tornou co-herdeiros em seu reino, nos colocou assentados nas regiões celestes, a destra de seu Pai. Jesus Cristo é o pão que enche nossa boca e mata nossa fome, que nos torna fortes em sua presença, que nos alimenta e nos sustenta vivos por sua graça. Ele nos enche de suas bênçãos e nos fortalece quando estamos cansados.

    O profeta Elias entrou numa caverna e pediu a morte a Deus. Estava exausto de seu ministério profético. Lutou contra Jezabel e seus profetas de Baal, sentia-se sozinho e cansado. Deus enviou um anjo a Elias que o alimentou e o confortou.

    "De repente um anjo tocou nele e disse: “Levante-se e coma”. Elias olhou ao redor e ali, junto à sua cabeça, havia um pão assado sobre brasas quentes e um jarro de água. Ele comeu, bebeu e deitou-se de novo. O anjo do Senhor voltou, tocou nele e disse: “Levante-se e coma, pois a sua viagem será muito longa”. Então ele se levantou, comeu e bebeu. Fortalecido com aquela comida, viajou quarenta dias e quarenta noites, até chegar a Horebe, o monte de Deus." ( 1 Rs 19.6-8)

    É Deus que em sua infinita misericórdia nos fortalece e nos dá ânimo para seguimos nossa jornada nessa vida. Em meio a nossos medos e desilusões, o Senhor enche nossa boca de bens, de modo que somos renovados, nos sentimos jovens outra vez. 

    Quando Cristo ressuscitou dos mortos, apareceu a seus discípulos numa praia e os fortaleceu com comida. O Senhor sabia o que eles haviam passado, que precisavam de força, não os mandou orar nem fazer outra coisa, apenas os alimentou com  peixes. Deus sabe exatamente o que precisamos quando estamos fracos. Ele mesmo vem até nós e nos fortalece. Muitas vezes só precisamos descansar de nossos trabalhos, assim como Elias o fez. Elias precisava dormir, precisava se alimentar, precisava de um tempo para si. Jesus teve com os apóstolos um momento de comunhão na praia, ao redor de uma fogueira, como amigos. Como isso faz bem para a alma abatida: contemplar a grandeza de Deus na natureza, parar para admirar a glória do Senhor na praia, no campo, num riacho, na companhia de nossos amados familiares e amigos, na presença de Jesus Cristo. Tudo isso é bênção do Senhor.

    Enquanto estivermos nesse mundo, precisaremos do renovo do Espírito Santo. E assim será até nossa morte. Devemos descansar em Deus, desacelerar de nossas obrigações, ficar a seus pés santos e receber dele a vida. Por que nos fatigamos  tanto? 

    Diga para sua alma que Cristo é descanso e renovo. Tire um tempo para ter santa comunhão com o teu Senhor, ele fortalecerá teu corpo cansado.

IV-  O Senhor faz justiça e juízo a todos os oprimidos. Fez notórios os seus caminhos a Moisés e os seus feitos, aos filhos de Israel:

    Deus é Santo e por ser santo exige dos seres humanos uma conduta justa diante de seus olhos. Na cruz, o Senhor fez notória sua santidade, pagando o preço pelos nossos pecados, demonstrando o quanto ele leva a sério a questão do pecado. A cruz de Jesus revela o Deus Santo que requer dos homens justiça. 

    Jesus Cristo, sendo nosso representante diante do justo juiz, foi condenado à morte, porque nossas iniquidades caíram sobre ele. Deus não poupou nem mesmo o seu Filho, o que apenas comprova sua imparcialidade diante do pecado. Quando Deus viu que os nossos pecados caíram sobre Jesus de Nazaré, não o poupou de seu castigo. 

    Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimidoMas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados. ( Isaías 53.4,5)

    Cristo Jesus voluntariamente se pôs como nosso representante diante de seu Pai para carregar em seu corpo nossos pecados afim de nos salvar da condenação. Essa foi a sabedoria de Deus, o meio pelo qual Deus puniu o pecado e nos salvou, nós que cremos em seu Filho, de uma única vez, matando dois coelhos com uma única cajadada. Assim, a cruz do Senhor revela o caráter santo de nosso Deus que odeia o pecado, ao passo que também revela seu amor pelos pecadores. Deus não tem prazer na morte dos ímpios. Sua vontade é que os seres humanos cheguem ao conhecimento da verdade e se arrependam de seus pecados, crendo no nome de Jesus Cristo, como único salvador de suas vidas, o único mediador capaz de justificá-los diante do Santíssimo Pai.

    O Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido, mas não abriu a boca; como um cordeiro, foi levado ao matadouro e, como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. ( Isaías 53.6,7)

    O Deus que odeia a opressão foi oprimido. O Deus que ama a justiça foi injustiçado pelo veredito dos reis da terra, dos príncipes de seu povo e pela livre escolha da população de seus dias na terra.

    Quem pode acusar o santo de Israel de qualquer coisa quando ele mesmo bebeu do cálice mais amargo? Ele foi rejeitado e desprezado por todos, e isso tudo sem merecer. Ele foi santo e justo em todos os seus caminhos. O que ele recebeu em troca? A morte e o desprezo absoluto. Cristo Jesus só fez o bem enquanto viveu entre os seres humanos, e tudo o que lhe deram de volta foi ingratidão. E ainda assim, no alto da Cruz ele rogou ao Pai, pedindo misericórdia para seus escarnecedores. Que amor é esse que ele tem por nós?

    O Deus santo não o poupou. Sua ira santa contra as maldades dos seres humanos recaiu sobre Jesus de Nazaré, para  não ter que outra vez recair sobre os que creem em seu nome. Não há condenação para os que estão em Cristo Jesus, porque o perdão já foi dado a estes. O Deus que é justo não pode cobrar duas vezes pela mesma dívida paga. O Senhor Jesus Cristo rasgou a cédula de nossa dívida e nos libertou da santa e justa ira de Deus contra os pecados, basta que confessemos o nome de seu Filho como nosso justificador. Se cremos que Deus enviou a Jesus para ser nosso salvador, se cremos que Ele cumpriu toda a lei a nosso favor, vendo nossa própria incapacidade de satisfazê-la, se cremos que seu sangue é o suficiente para apagar nossas iniquidades, se cremos que Ele vive e nos ama, então não temos com o que nos preocuparmos.
    

    Deus manifestou ao mundo seu grande plano de salvação.


    Ele jamais deixaria tão grande feito cair no esquecimento. Por isso ele mesmo disse: Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura, ensinando a guardar todas as coisas que vos tenho ensinado, batizando em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Eis que estou convosco até a consumação dos séculos.

    O Senhor também instituiu a santa ceia como memorial de sua aliança com os seres humanos, para jamais nos esquecermos do que ele fez em nosso favor. Fazei isso em memória de mim, nos disse.

V- Misericordioso e piedoso é o Senhor ; longânimo e grande em benignidadeNão repreenderá perpetuamente, nem para sempre conservará a sua ira. Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos retribuiu segundo as nossas iniquidades:

    A natureza de Deus é Amor. Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Deus por nos amar, nos enviou seu Filho amado para ser nosso mediador e Senhor e para através dele termos acesso às promessas.

    São as misericórdias do Senhor que nos possibilitam viver em sua presença, sermos tratados como filhos e não como estranhos. A graça de Deus nos dá o que não merecemos. Perceba o que o salmista diz: Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos retribuiu segundo as nossas iniquidades. A graça de Deus nos recompensa com salvação e vida, mas o que merecíamos não era bem isso. Nossos pecados deveriam ser punidos com o castigo divino, afinal o salário do pecado é a morte. Contudo, como Cristo já pagou o preço de nossa dívida, podemos receber todos os benefícios de sua Graça.

    Não devemos ter, portanto, nenhum senso de justiça própria em nós, pois somos salvos pela graça por meio da fé, isso não vem de nós, é dom de Deus. Devemos ser humildes diante do Eterno, porque ele não nos devia nada; se Ele nos tratou graciosamente foi porque ele mesmo quis agir assim, demonstrando a grandeza de sua bondade, e não porque nós merecíamos seu amor e perdão. Que não haja em nós esse sentimento perverso. Demos ao Senhor a glória devida a seu nome, foi ele e não nós quem nos fez povo seu e ovelhas de seu pasto.

VI- Pois quanto o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto está longe o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões:

    Vejamos agora a quem se aplica essa graça tão grandiosa. Sobre aqueles que temem o nome do Senhor, nos diz o salmista. Ora, como valorizaremos o que o Senhor fez se ele não nos fizer conhecer sua obra redentora? Por isso Ele nos envia pregadores para nos informar sobre seu perdão, então quando cremos pela fé em sua verdade e o confessamos diante dos homens, somos acolhidos em sua família. Pela fé Deus nos deu o poder de sermos feitos seus filhos.

    Seu perdão afasta de nós as nossas transgressões, por isso ele não nos trata com indiferença, pois por causa do sangue de Jesus que nos cobre, Deus não mais enxerga nossos pecados.

    Quão profundo é o seu amor. Devemos orar, pedindo que Deus nos revele a profundidade e a largura deste amor, se é que um dia conseguiremos compreender o tamanho desta salvação.

    Paulo diz: Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa ( Efésios 1.13)

    Perceba que nem sempre estivemos na família de Deus. Isso apenas ocorre depois que ouvimos o evangelho e acreditamos na palavra. Quando cremos em Cristo, Deus nos sela com seu Espírito, e isto comprova que agora somos dele.

    Paulo deseja deixar bem claro a mudança de status que os pecadores recebem quando creem em Jesus Cristo e na benignidade do Senhor:

    E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência; Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas. Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundoMas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. ( Efésios 2.1-13)

    Desse modo, não podemos dizer que todos serão salvos, mas somente aqueles que temem e conhecem o Senhor, que reconhecem o que ele fez por eles, que se humilham diante de sua bondade.

    Vejamos também a oração de Jesus por aqueles que creriam em seu nome:

Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti; Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste. E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer. E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse. Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra. Agora já têm conhecido que tudo quanto me deste provém de ti; Porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam, e têm verdadeiramente conhecido que saí de ti, e creram que me enviaste. Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e neles sou glorificado. E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse. Mas agora vou para ti, e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade. E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela tua palavra hão de crer em mim; Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim. Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste a mim. E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja. ( João 17.1-26)

    A mesma graça que nos perdoa e nos salva, é a mesma graça que nos santifica, isso porque o próprio Jesus rogou por nós, os que cremos em seu nome.

VII- Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó.

    Deus é Pai. Essa verdade não pode ser esquecida. Primeiramente, Deus é o Pai de Jesus Cristo, e sobre tal fato o próprio Deus deu testemunho: este é o meu filho amado, em quem me comprazo ( Mateus 3.17)

    Cristo Jesus se relacionava com Deus, tratando-o como Pai, inclusive em sua oração mais conhecida nos ensinou a invocarmos a Deus chamando-o de Pai, pois todo aquele que crê em seu nome torna-se filho de Deus ( Gálatas 3.26). Desse modo Deus não mais é chamado de Pai pelos cristãos por ser o criador do universo e da vida, mas por ter Ele adotado em sua família aqueles que confiam no Cristo ressurreto.

    Deus nos deu o  Espírito de seu que clama Aba Pai, e este Espírito testifica com o nosso espírito que agora somos filhos de Deus. Sua misericórdia nos alcançou a este ponto! 

    É o Espírito Santo quem opera a grande transformação salvadora na vida dos pecadores, capacitando-os a viverem de modo tal que Deus, o Pai, alegre-se conosco. Quem pratica a justiça e anda em amor é nascido de Deus.

    Os filhos de Deus carregam em seus corações o amor do Pai. Por isso João foi enfático ao declarar que aquele que não ama a seu irmão, não é filho de Deus. Aquele que está em Cristo deve andar na luz, seguindo seus passos. Caim matou a seu irmão Abel, pois era do maligno; quem ama não mata seus irmãos, pois o amor é benigno.

    Deus se compadeceu de nós: do céu contemplou nossa perdição e nos enviou um Salvador, completamente justo e poderoso em amor para nos livrar da maldição que por sobre nós estava posta. Deus sempre soube de nossas limitações e fraquezas, por isso, vendo nossa incapacidade de nos salvarmos a nós mesmos, nos deu seu Filho unigênito para que crendo nele sejamos salvos da ira vindoura. Nisto se manifestou o amor de Deus, em que fomos amados quando ainda éramos pecadores. Deus nos amou quando éramos fracos e indignos para que, assim como ele, amássemos os que nessa  condição se encontram. Misericórdia quero e não sacrifício.

    Aprendamos a suportar as fraquezas uns dos outros, ajudemos uns aos outros na caminhada cristã, exortando-nos uns aos outros, animando-nos uns aos outros até o glorioso dia da volta de Jesus Cristo, assim o amor do Pai será perfeito em nós.

    Deus será louvado de eternidade à eternidade pela sua Graça revelada em Cristo Jesus por aqueles que foram perdoados e lavados em seu sangue, que em suas vidas passageiras demonstraram o amor divino entre os habitantes da terra, que testemunharam sua fé no Senhor, proclamando seu santo evangelho, pois ele nos ordenou que pregássemos suas novas em todas as nações. Nossa bandeira é a cruz do Messias. Seu mandamento é o amor, pois o Pai é amor.

    Deus será louvado pelos remidos, pelos anjos e por toda a criação restaurada, pois livremente mostrou seu amor para com suas criaturas, nos perdoando em Cristo Jesus, através de quem fomos com ele reconciliados. Louvado seja o seu nome para sempre. Amém.