segunda-feira, 4 de julho de 2022

Salmo 99: Vinde, louvemos ao Senhor

Reina o Senhor ; tremam os povos. Ele está entronizado acima dos querubins; abale-se a terra. O Senhor é grande em Sião e sobremodo elevado acima de todos os povos. Celebrem eles o teu nome grande e tremendo, porque é santo. És rei poderoso que ama a justiça; tu firmas a equidade, executas o juízo e a justiça em Jacó. Exaltai ao Senhor , nosso Deus, e prostrai-vos ante o escabelo de seus pés, porque ele é santo. Moisés e Arão, entre os seus sacerdotes, e, Samuel, entre os que lhe invocam o nome, clamavam ao Senhor , e ele os ouvia. Falava-lhes na coluna de nuvem; eles guardavam os seus mandamentos e a lei que lhes tinha dado. Tu lhes respondeste, ó Senhor , nosso Deus; foste para eles Deus perdoador, ainda que tomando vingança dos seus feitos. Exaltai ao Senhor , nosso Deus, e prostrai-vos ante o seu santo monte, porque santo é o Senhor , nosso Deus. (Salmos 99:1-9)

Por Frankcimarks Oliveira

    Pretendo com essa mensagem:

1- Meditar nos atributos de Deus que o dignificam ao louvor;
2- Incentivá-los a louvar a  Deus.

I- REINA O SENHOR; TREMAM OS POVOS:

    O Senhor é rei que governa o universo. Foi ele quem criou o mundo e suas criaturas, portanto, tem a primazia sobre tudo. Seu reino se estende de geração em geração, é sobre todos e a ninguém se submete, a não ser somente ao Pai, de quem ele mesmo testificou: eu e o Pai somos um. 

    Antes de seu nascimento, foi dito: e reinará eternamente na casa de Jacó, e seu reino não terá fim ( Lc 1.33). O reino dele, contudo, não segue os moldes terrenos, nem corresponde as expectativas humanas. Meu reino não é deste mundo, disse o Senhor a Pilatos. Os reinos deste mundo legislam somente sobre as coisas materiais; o reino do Senhor é maior em sua abrangência, pois governa até mesmo sobre enfermidades, espíritos e  psique humana. Como disse Paulo: o reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo ( Rm 14.17)

    Quando João Batista teve dúvidas, enquanto estava preso, mandou que seus discípulos perguntassem ao Senhor: és tu mesmo o que havia de vir, ou esperamos outro? ( Mt 11.3) O Senhor respondeu:" Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho ( Mt 11.4,5)

    O Reino de Deus não consiste meramente em administração  e governância pública; seu reino revela sua grandeza e seu amor. Claro que o Senhor rege sobre principados e potestades, de modo que nada foge de sua soberania. Contudo, foquemos agora no reino de Deus nos corações dos que creem em seu nome. O Senhor transforma os corações dos pecadores, fazendo-os desejar seu governo, ao ponto de os fazer clamar: venha o teu reino, seja feita a tua vontade. Nem todos desejam que este pedido se concretize, porém, já o vemos sendo operado nos corações daqueles que encontraram descanso em Cristo Jesus por meio da fé. Aquele que se aproxima de Jesus e se rende a sua autoridade, encontra paz e alívio em seu comando, e portanto, continua a desejar que o Senhor faça e permaneça fazendo sua vontade em sua vida, pois descobriu que o governo do Senhor é suave. Diferente das autoridades políticas e religiosas do mundo, que sobrecarregam seus súditos de impostos e fardos pesados de obrigações inúteis, o Rei Jesus Cristo é um monarca que ajuda seus servos a realizarem sua vontade. O Senhor não nos sobrecarrega de tributos, impostos, dívidas, trabalhos infindáveis para nos acharmos dignos de seu séquito. Pela graça ele nos salva e nos convida a entrarmos em seu descanso.

        Os reis deste mundo são cruéis e nunca se satisfazem com o que seus súditos lhe entregam. Colocam obrigações impossíveis de serem realizadas, e quando seus súditos não alcançam o objetivo esperado, coloca sobre esses a culpa pelo fracasso. Nosso Senhor é um Rei de outra espécie, pois ele não somente nos concede forças para o servimos, ele também nos delega apenas aquilo que podemos realizar. Quando somos tentados, somos tentados dentro daquilo que podemos suportar, e além de tudo, ele nos concede o escape e o consolo após todas as nossas provações.

        Podemos dizer, então, que o reino com certeza refletirá o caráter de seu governante. Com o nosso Deus não é diferente. Muitos se negam a beijar os pés do Rei agora, porque Cristo é manso e a ninguém obriga se prostrar, mas chegará o dia em que toda língua terá que confessá-lo como Senhor, talvez nesse dia seja tarde demais, pois o dia de seu juízo virá e não tardará, o dia em que aquele que deu a vida de seu filho, requererá seu sangue. Clamemos agora enquanto o podemos achar: Senhor, lembra de mim quando entrares no teu reino. Que essa seja a nossa oração, que o nosso coração realmente o deseje mais que tudo, deseje fazer parte dos que hão de herdar suas promessas. Clame a ele e peça: Senhor, deixe-me entrar em teu reino, faça-me ao menos o menor em tua presença. Que o Senhor nos responda: Sim, estarás comigo no paraíso. Maravilhoso será ouvi-lo dizer tais palavras!

        Este reino de paz e de justiça é apresentado em partes nos evangelhos.  Cristo inaugurou este reino quando esteve entre os homens nos dias de Herodes, um rei completamente perverso e corrupto, dando-nos uma prévia do que veremos plenamente em sua segunda vinda.

     O Senhor reina, tremam as nações. Tremam os povos, pois nunca se viu um reino como o reino de Cristo, um reino de paz e vida, onde armas são dispensadas, onde não se faz uso da violência para obtenção da paz, mas da transformação de consciências, pois violência só gera violência. No reino do Senhor os diferentes são irmãos, o judeu se assenta com o gentio em comunhão; o branco e o negro se confraternizam em amor, mediante mútuo perdão; homens e mulheres são iguais diante de seu criador.

    A igreja de Cristo, agora em pequena escala, tipifica o que será este reino de justiça quando o Senhor Jesus vier dos céus com seus santos, em glória. Ele reina sobre Jacó, isto é, ele reina sobre seu povo em particular.  Cristo escolheu pessoas simples como súditos: escravos, pescadores, mulheres, crianças, doentes, marginais etc. O convite de suas bodas se estende aos mancos, cegos, leprosos, imperfeitos, renegados da sociedade, o que apenas demonstra seu amor incondicional. Ele não fechou as portas de seu reino para os pobres, ele as escancarou e deu a estes os melhores lugares, para nos mostrar que tipo de rei ele é, completamente distinto do que estamos acostumados a ver.

    Ele se assentará em seu trono e pelo poder da sua palavra governará todas as nações. A espada de sua boca submeterá todos os povos. Cristo não precisará guerrear para implantar seu domínio aos demais, como normalmente fazem os imperadores; ele apenas precisará abrir sua boca e falar: rendam-se, e assim será feito. Imaginem isso! Cristo outra vez entre os homens, exercendo seu direito eterno, reinando em nome de seu Pai. E assim será:

" E morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro, e o filho do leão e o animal cevado andarão juntos, e um menino os guiará" ( Is 11.6)

    A natureza será restaurada, haverá paz entre os seres, os maiores não devorarão os menores, o amor será abundante não só entre as pessoas, a força não mais regerá a vida, a inimizade entre as criaturas terá fim, a desconfiança do próximo será extinta.

II- ELE ESTÁ ENTRONIZADO ACIMA DOS QUERUBINS; ABALE-SE A TERRA:

    Aqui vemos a natureza celeste do Rei Jesus. A terra inteira deve se comover, pois o rei que a governa e a governará mais explicitamente no futuro, é de natureza divina.

     Cristo é superior aos anjos mais poderosos, ele é o Alfa e o ômega, o princípio e o fim. Embora seja tão sublime e excelso, se fez homem e habitou entre nós, e vimos a sua glória como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e verdade.

    Por sobre os querubins de ouro esculpidos na tampa do propiciatório, feito para carregar as tábuas da lei e o maná, Deus manifestou a sua glória, pois tal objeto representava a realidade superior. A arca da aliança simbolizava a presença de Deus no meio de seu povo, tanto que quando roubaram a arca, em lamento o povo chorou: foi-se a glória de Israel. O profeta Ezequiel também teve uma visão envolvendo a Glória de Deus e esses seres misteriosos: Então, saiu a glória do Senhor da entrada da casa e parou sobre os querubins.( Ez 10.18)

    Foi esta mesma glória que os apóstolos testemunharam na pessoa bendita de Jesus, a Glória do Pai. A glória que se manisfestava por sobre tais seres angelicais, é a mesma que se manifestou em forma humana entre os pecadores: isso é maravilhoso! Comova-se a terra com tamanho milagre.

    Aquele Rei glorioso, adorado nos céus por criaturas terríveis e poderosas, é o mesmo carpinteiro que andou entre gente humilde e ignorante, que pregou o evangelho de salvação aos perdidos, que morreu por nos amar, foi a glória dele que vimos resplandecer e não fomos consumidos por ela, pois ele nos trouxe vida.

    Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo. ( At 2.36) O mesmo Jesus que desceu do céu para dar sua vida em resgate de muitos, foi o mesmo que subiu para o lugar de onde veio, e tornou a se sentar acima dos querubins, de onde vive por interceder por seus amados discípulos.

    Deus o exaltou soberanamente logo após a sua ressurreição e lhe deu um nome altíssimo, elevado acima de todos os seres. Tremam as nações diante disto: Deus enviou seu filho ao mundo em forma de homem para salvar os pecadores, o qual foi rejeitado pelos príncipes de seu povo e foi entregue a Pôncio Pilatos para ser julgado e condenado à morte. Porém, para espanto de todos, cumprindo as profecias a seu respeito, Deus o ressuscitou dentre os mortos e o fez primícia dos que dormem, e através dele Deus justifica os que se achegam a ele com humildade e fé. 

    A terra de fato tremeu na hora em que Cristo entregou seu espírito: "E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras". ( Mt 27.51)

    A terra lamentou a morte de seu Senhor. O Filho querido de Deus, que pelo poder de sua palavra a criou, por amor aos pecadores, morreu na cruz a morte mais vexatória. Como não lamentar a morte daquele que só fez o bem? O justo pelos injustos, a terra estremeceu.

III
O SENHOR É GRANDE EM SIÃO E SOBREMODO ELEVADO ACIMA DE TODOS OS POVOS:

        A grandeza de Cristo não se percebe apenas em seu poder de curar e fazer maravilhas. Cristo foi poderoso em sua fraqueza, em sua humanidade. A cruz revelou não o seu braço forte, como esperavam os judeus, mas a sua fragilidade. Os homens normalmente valorizam a força, o poder, a grandeza e a virilidade. Cristo, porém, subverteu a lógica dos homens. "Quem quiser ser grande entre vós, faça-se como essa criança", disse ele certa feita. O maior será o menor, nos ensinou aquele que sendo Senhor, se fez servo e lavou os pés de seus seguidores. Cristo exaltou sua humildade e não o seu poder, para nos ensinar que como mortais que somos, como meras criaturas que somos, devemos aceitar nossa condição e nos colocarmos em nosso devido lugar.

        Cristo se fez homem não apenas para nos salvar, mas para glorificar a Deus. Como? Vivendo como homem perfeito, revelando o plano original de Deus para a humanidade. Deus é Deus e nós somos suas criaturas. A pergunta é: vivemos como criaturas ou queremos viver como Deus? Jesus mesmo sendo Deus, não se apegou ao seu direito de ser Deus e ser livre e fazer tudo o que bem entendesse, antes, em completa submissão ao Pai, viveu de modo completamente dependente da vontade de Deus, viveu como um homem, não usando seu status ou direito natural para facilitar sua vida.

        Nós humanos, tentamos a todo custo dar o nosso jeitinho de facilitar as coisas para o nosso lado, ainda que isso prejudique outras pessoas. Não importa as consequências dos nossos atos, desde que obtenhamos o que tanto queremos. Eis aí a carne! A carne não se satisfaz com aquilo que possui, ela sempre quer mais e mais e mais. A carne, como Paulo chamava, é a natureza corrompida do ser humano, é o ego  voltado para si mesmo, que vive para si mesmo, que se põe como prioridade, acima de todos. Cristo foi o oposto disso. Cristo viveu para o seu próximo, Cristo serviu aos seus amigos, amou-os até o fim. Só ele podia dizer: quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Ele viveu o que pregava, ele pregava o que vivia. O amor é assim, não faz mal ao próximo. O amor é paciente, não age por impulso; antes de agir, o amor pensa nas consequências de seus atos e quando percebe que  essas não são boas, simplesmente desiste de fazê-los.

        A grandeza de Jesus se demonstrou através de seu caráter. Deus não se admira do poder das nações ou dos reis; Deus não se admira das riquezas dos poderosos, nem da inteligência dos grandes gênios, afinal, tudo isso vem dele. Deus se alegra com a grandeza de espírito dos humildes, daqueles que pensam no próximo, que não usam seu poder para destruir, mas para abençoar. 

        Deus é em si nosso modelo. A bíblia diz que Ele não esmagará a cana quebrada, nem apagará o pavio que fumega, até que faça triunfar o juízo ( Mt 12.20) Cristo é o único que poderia nos condenar com seu poder, mas ele escolheu nos mostrar sua grandeza através de sua Graça. Aquela mulher adúltera que ia ser apedrejada é a prova cabal disso. Jesus disse: "quem aqui não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe pedra". Todos os acusadores se retiraram, apenas Cristo permaneceu. Ele era o único ali sem pecado, logo o único que tinha o direito de condená-la por seu erro. Jesus, porém, a perdoou. A graça do Senhor é mais alta que os céus.

        Nunca alguém demonstrou tamanha grandeza de caráter. Em nenhuma nação, em nenhum país, em nenhum lugar do mundo se viu alguém como Jesus de Nazaré. Sua grandeza de espírito, sua grandeza de caráter revela o próprio caráter de Deus. Ele foi e continua sendo o maioral de seu povo, o mais elevado entre todos os que nasceram de mulher.

IV- CELEBREM ELES O TEU NOME GRANDE E TREMENDO, PORQUE É SANTO:

     O  convite à festividade é dado: venham todos, celebremos o reino daquele que é SANTO. A maravilha do reinado de Cristo é e será pelo fato dele ser santo, assim como seu Pai é santo. 

    Os reis deste mundo pecaram e não exerceram a justiça que seu cargo exigia exatamente por serem pecadores. Cristo, porém, em seu governo, exerce a perfeita justiça que Deus demanda de um governante. Agora e futuramente, Cristo continuará exercendo a equidade de seu trono, por ser santo e perfeito em obras, não decepcionará nem seu Pai, nem seus súditos.

       Cristo será louvado e celebrado por sua igreja e por todos os povos, porque seu reinado trará paz entre os homens e entre Deus. Vemos essa paz que excede todo entendimento já ser derramada nos corações convertidos pelo Espírito Santo, contudo, a veremos universalmente quando Cristo retornar ao mundo. 

    O Louvor de sua gloriosa graça será o cântico perpétuo. Deus, o Pai, será louvado pelos santos por ter nos dado um rei tão maravilhosamente bondoso, que nos perdoou de nossos pecados e nos lavou em seu sangue purificador. Lá, todos os salvos, reconhecerão que foi unicamente a bondade do cordeiro. 

    Cantaremos: ele nos coroou de benignidade e misericórdia. Ninguém se justificará diante dele, ninguém roubará para si a glória daquele que trabalhou sozinho. Cantaremos para Cristo: teu é o mérito, tua é a glória, teu é o louvor e a honra pelos séculos dos séculos. Foram tuas mãos e não as nossas que nos salvaram.

        Haverá festa perpétua no reino do Senhor. A vida será uma constante celebração. O vinho da alegria nunca se acabará. Ele fará uma coisa nova que maravilhará a todos.

   V- ÉS REI PODEROSO QUE AMA A JUSTIÇA; TU FIRMAS A EQUIDADE, EXECUTAS O JUÍZO E A JUSTIÇA EM JACÓ:

    O Senhor Jesus difere dos reis mundanos, pois o poder nunca lhe subiu a cabeça. Cristo nunca se deslumbrou com o poder. O diabo o tentou no deserto, lhe oferecendo riquezas e reinos; o que Jesus fez? Recusou prontamente. O que os homens buscam quando buscam poder é dominar e escravizar seus irmãos. O que alegra os homens caídos é ter em si mesmos o sentimento de superioridade. "Sou especial, não sou como as pessoas comuns", brada o arrogante.

    Nosso Senhor pode governar o mundo porque não amou as coisas,  amou as pessoas. Ele não pode ser comprado ou subornado por nada. Jesus é fiel a seu caráter Santo, e de modo algum perverterá o juízo. Ele olha para o pobre da mesma maneira que olha para o rico. O Senhor não aceita peitas, nem  presentes dos ímpios. Seu poder é justo, porque seu coração ama a justiça. Nosso rei não é como os governantes mundanos que favorecem determinadas classes em detrimento de outras, interessados nos bens que podem adquirir. Não há nada que os homens possam dar a Jesus que já não seja dele. Toda terra e sua plenitude pertencem ao Criador.

    A balança do Senhor pesa justamente. O Senhor é quem executará o juízo e a justiça. Podemos confiar que ninguém terá sua causa em risco. Cada um receberá corretamente o que tiver de receber, pois receberá das mãos do próprio Senhor. 

VI- EXALTAI AO SENHOR, NOSSO DEUS, E PROSTRAI-VOS ANTE O ESCABELO DE SEUS PÉS, PORQUE ELE É SANTO:

    O rei que deve ser adorado e reverenciado é ninguém mais, ninguém menos que o próprio Deus. Devemos chegar a sua presença com respeito e temor, embora ele seja amável e gentil, continua sendo Deus. Embora tenha corpo de homem e possamos ver seus pés sobre o escabelo de seu trono, ele é o Verbo que tudo criou, aquele que estava desde antes da fundação do mundo no seio de seu Pai, em santa comunhão. Sim, esse rei que se assenta no trono das nações, que tem as mãos furadas de cravos, e o lado trespassado, é o filho de Deus e deve ser reverenciado por sua santidade.

    Ele é o mais desejado dos povos, o amante das almas sedentas, o Lírio mais belo, o príncipe mais formoso e perfumado, o cordeiro mais manso, o leão mais majestoso, o servo mais sofredor, o filho mais obediente, o capitão mais corajoso, a âncora mais pesada, o escritor mais sábio, o condutor mais convicto, o rebento mais humilde, o renovo mais verde, o sacerdote mais puro, o esposo mais fiel, o libertador mais apaixonado, o construtor mais sensato, o alfabeto mais inteiro, o verbo mais conjugado, a árvore mais frondosa, o fruto mais doce, o médico mais solícito, o profeta mais perseguido, o homem mais perfeito, o Deus adorável e santo. Ele é santo e nenhuma palavra o descreveria melhor. Ele não conheceu pecado, mesmo rodeado de serpentes enquanto esteve no mundo, ele não pecou. De sua boca nenhuma palavra torpe saiu. Quem o acusará de pecado? quem ousará erguer sua voz para acusá-lo injustamente? O filho bendito do Deus infinitamente Santo é santo como seu pai e por isso pode perdoar pecados. Seu nome santo é exaltado por aqueles que bebem de seu amor. Seu nome santo será eternamente lembrado e louvado por aqueles que ele mesmo santificou para si.

    Exaltar o nome de Jesus é prazeroso para os que foram lavados em seu sangue. Não há alimento mais saboroso do que louvar a Jesus Cristo, pois ele merece cada sílaba de exaltação. Ele não precisa de nosso louvor, pois é perfeito em si mesmo e de nada tem necessidade, mas nos concedeu essa graça tão doce de louvá-lo, pois nós que o louvamos somos duplamente abençoados quando nos achamos assim, exaltando seu nome excelso.
    
    Feliz é aquele que louva ao Senhor e reconhece todos os seus feitos. Feliz é aquele que em sua triste caminhada deparou-se com a cruz do Salvador. Antes e depois da cruz, uma história dividida, antes escuridão, agora vida. Feliz a nação cujo Deus é o Senhor. Feliz será o mundo inteiro quando Cristo Jesus retornar para governar, seu reinado não terá fim.

VII- MOISÉS E ARÃO, ENTRE OS SEUS SACERDOTES, E, SAMUEL, ENTRE OS QUE LHE INVOCAM O NOME, CLAMAVAM AO SENHOR, E ELE OS OUVIA:

    Se no passado, Deus era achado por alguns que estavam autorizados a entrarem em sua presença mediante prévia unção, escolhidos soberanamente para representá-lo diante do povo, agora em Cristo, todos somos sacerdotes e temos livre acesso a Ele, pois a morte de Cristo fez o véu do templo se rasgar de alto a baixo, de modo que nada mais nos separa do eterno e santo Deus.

    Agora, o Espírito Santo nos impele a buscarmos a face do Pai, pois mediante o sangue de Jesus, somos aceitos por Deus. Temos a convicção de que nossas orações serão atendidas, pois oraremos em nome de Jesus, o justo, a quem o Pai nada recusa. Se formos a Deus em nosso próprio nome, seremos rejeitados, pois somos pecadores; mas se, movidos pela fé no amor e na graça do Senhor, formos a Deus em nome de seu amado filho querido, então estejamos certos de que o Pai Santo nos receberá, pois ele sentirá o cheiro de nosso irmão mais velho, isto é, Jesus Cristo, o verdadeiro herdeiro das promessas. Quando estamos em Cristo, o Senhor não mais enxerga nossas imperfeições e pecados, assim como Isaque não enxergou as de Jacó, pois este apresentou-se revestido de seu irmão Esaú, isto é, com suas vestes. 

    Paulo nos recomendou: revesti-vos de Cristo, pois ele sabia que essa era a única maneira de sermos aceitos por Deus. O Pai ama tudo o que se refere a seu filho unigênito Jesus Cristo, seu cheiro, sua pele, suas obras, sua obediência. Cristo é o filho que o faz  sorrir, por isso necessitamos aceitar a providência de Deus para nós. 

    O Senhor sempre quis nos receber em sua santa presença, pois para isto nos formou, para se relacionar conosco. Mas como um Deus Santo, Santo, Santo poderá se relacionar com pecadores dignos de morte? Cristo Jesus foi a Sua solução para nós e somente através dele temos paz com Deus.

    Os sacerdotes eram os ministros de Deus que sacrificavam animais para a remissão dos pecados. Faziam isso em obediência as ordens divinas na primeira aliança com Israel. Sem derramamento de sangue não havia perdão, pois o sacrifício de animais inocentes por pecadores apontava para a morte de Jesus no calvário. O Eterno quis causar uma impressão bem forte, com todos esses sacrifícios feitos por centenas de anos, no imaginário de seu povo, para que quando Cristo viesse ao mundo todos nós tivéssemos a certeza de que sua morte não foi um acaso, mas a vontade de Deus que previamente a determinou para o bem de nossas almas.

    Assim como Deus ouvia as orações de Moisés e Samuel, dois grandiosos nomes da primeira aliança, ele também ouvirá nossas orações, pois conosco também fez uma aliança de sangue, basta crermos em seu Filho para sermos justificados.

VIII- FALAVA-LHES NA COLUNA DE NUVEM; ELES GUARDAVAM  OS  SEUS MANDAMENTOS E A LEI  QUE LHES TINHA DADO:

    O sol é poderoso demais em sua radiação, de modo que precisamos de filtros para suportar sua intensidade e majestade. As nuvens cumprem esse papel muito bem. Num dia ensolarado, a presença de densas nuvens nos garante a liberdade de irmos e virmos aos lugares. São as nuvens que nos protegem das chamas solares, de suas queimaduras; são as nuvens que amenizam o clima e trazem sombra e refrigério. Portanto, Deus em sua infinita sabedoria nos diz através da própria natureza que ele criou que precisamos de sua Graça providente para estarmos em face de sua Luz potente.

    Cristo Jesus é o mediador que Deus, o Pai, nos providenciou para nos relacionarmos com ele por seu intermédio. Através de Cristo podemos ir à presença divina sem medo de sermos consumidos por causa de nossos pecados. Não se esqueça que Deus é superlativamente santo e que naturalmente o mal não pode permanecer diante de sua vista. Cristo Jesus é a Nuvem Graciosa que filtra-nos a glória do Pai. A glória de Deus brilha na face de Cristo, e desse modo conhecemos a Deus, porque foi assim que Deus quis se dar a conhecer aos homens, através de um Mediador. Vemos em certo grau essa verdade exposta na Lei da antiga aliança com Moisés. O Senhor chamava Moisés para subir o monte e com ele falava face a face; o povo, porém, não suportava a glória da presença divina:

E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos: e não fale Deus conosco, para que não morramos. ( Ex 20.19)

    Moisés tipificava o verdadeiro Mediador, Jesus Cristo, que está a destra do Pai, intercedendo por seus discípulos. Quem ouve a Cristo, ouve o Pai, quem vê a Cristo, vê ao Pai. É apenas por seu intermédio que temos livre acesso ao Deus de Moisés, pois ele mesmo nos disse: Ninguém vem ao Pai se não for por mim.

    Cristo cumpriu toda a lei de Deus, jamais transgrediu o menor dos mandamentos. Sua obediência perfeita lhe concedeu autoridade diante do Eterno e méritos sem fim, de modo que o Pai ouve suas orações a nosso respeito. Tudo o que pedirdes em meu nome, recebereis. Ora, são os méritos de Jesus e não os nossos que nos tornam aceitáveis na presença do Poderoso. 

    O Santíssimo agora se compraz em nós, os que cremos em seu filho, e conosco se relaciona pacificamente, porque nos escondeu na nuvem de sua Graça. Precisamos permanecer escondidos no Amado, o filtro da santidade, assim permaneceremos vivos e a morte não terá poder sobre nós. Enquanto estivermos em Cristo, aquele que guardou toda a lei, seremos justos diante do Criador, pois a justiça dele recai sobre nós como se fosse nossa. Permaneçamos nessa nuvem graciosa de amor e bondade que alegremente distribui aos que creem em seu nome todas as recompensas divinas de sua Palavra.
    
IXTU LHES RESPONDESTE, Ó SENHOR, NOSSO DEUS; FOSTE PARA ELES DEUS PERDOADOR, AINDA QUE TOMANDO VINGANÇA DOS SEUS FEITOS:

    Como pode um Deus Santo se relacionar com pecadores? Como pode um Deus santo se mostrar favorável a pecadores? Ainda que Moisés, Arão e Samuel tenham sido homens santificados pelo Eterno, ainda assim foram pecadores, pois a bíblia nos assegura: TODOS PECARAM. 

    Moisés matou um egípcio antes de conhecer o Senhor, cometeu um terrível pecado. Deus não leva em conta os tempos da ignorância, e mediante sua graça perdoou Moisés. Contudo, não nos esqueçamos de que mesmo após conhecer o Sagrado Eu Sou, Moisés pecou quando bateu na rocha e a feriu para saciar a sede dos hebreus que clamavam por água; Deus expressamente tinha ordenado que Moisés falasse à rocha, ele contudo desobedeceu ao mandamento divino. O que isso significa? Ora, significa que o mais santo dos crentes é pecador e carece da bondade do Senhor.

    Arão, o sumo sacerdote, que era responsável pela ministração do perdão dos pecados pelo povo através dos sacrifícios, precisava fazê-lo por ele mesmo antes de o fazer por seus irmãos, mostrando que ele não estava isento da atuação do pecado em seus membros e carecia, ainda que ocupasse um cargo tão honrado diante da congregação, da graça perdoadora do Senhor.

    Deus nos perdoa de nossos pecados porque de outra forma teríamos que ser eliminados de sua santa presença. Por isso, aquele que diz que não tem pecado faz de Deus mentiroso, pois Deus mesmo testificou que o homem é pecador e carente de sua graça. É apenas através de seu perdão, dado pela graça, que podemos nos relacionar com ele, orando e tendo as preces atendidas. Somente pela fé nesse perdão é que adquirimos confiança para ousarmos falar com o Eternamente Santo. 

    Somos convencidos pelo Espírito Santo que em Jesus temos o perdão de nossos pecados, e que a ira de Deus pelo pecado foi removida de sobre nós, de modo que não é mais arriscado se aproximar do Trono Dele. 

    Como essa ira foi removida? Deus, nos diz as escrituras, não tem o culpado por inocente e nem o inocente por culpado, logo, como é um Justo Juiz, Deus odeia toda forma de injustiça. Não estamos falando de um juiz humano, limitado e pecador como nós, estamos falando do Deus que é puro de olhos, completamente íntegro e honesto. Deus estipulou uma lei: aquele que pecar, esse morrerá. Daí podemos ver o quanto Ele leva a sério a questão da maldade. Todavia, a bíblia também nos diz que Deus se compadece de nossa estrutura, sabe que somos pó. Ele olha para nós aborrecido por causa do pecado, mas ao mesmo tempo ele tem dó de nossa frágil condição. Deus é amor!

    Deus enviou seu Filho ao mundo não para condenar o mundo, mas para salvá-lo. Deus não deseja destruir suas criaturas, que ele fez com tanto carinho e dedicação. Porém, Deus nos deu a liberdade de escolhermos o caminho que vamos trilhar. Embora Ele nos ame, ele não nos obriga a nada. Quem quiser vir após mim, tome a sua cruz e siga-me, nos ensinou Jesus. Eis que diante de vós ponho a vida e a morte, escolhei pois a vida, insiste em nos instruir o Senhor. Como um Pai amoroso, o Criador ensina suas criaturas o que é melhor para elas, essas por sua vez não o escutam.

    O homem é rebelde e obstinado, odeia ouvir conselhos, nega-se a pensar nos outros, cuida apenas de seus próprios interesses e está determinado a se satisfazer, ainda que isso traga toda sorte de malefícios ao seu próximo. Por natureza, somos filhos da desobediência, logo, filhos da ira. Não somos inocentes aos olhos do Bondoso Pai. Fazemos o mal e o chamamos de bem, cínica e descaradamente. Somos tão perversos que não temos a coragem de assumir nossos erros, jogamos a responsabilidade de nossos atos para os outros, até mesmo para Deus. Quão terrível é o nosso estado de morte! Quem nos livrará de nós mesmos? 

    Deus enviou seu Filho ao mundo não para condenar o mundo, mas para salvá-lo. Perceba a grandeza da compaixão desse Deus. O Senhor não tinha a menor obrigação de nos salvar e nos perdoar. Ele nos fez e nos colocou no mundo, nos deu vida, isso por si só já era demasiadamente generoso de sua parte. Nós nos rebelamos contra Deus e nos afastamos propositadamente de sua presença, e o que ele faz? Nos destrói? Não! Se Deus nos destruísse não estaria fazendo nenhuma injustiça, pois cada um de nós se extraviou do caminho de retidão. Deus, contudo, suportou nossa incredulidade, nossas afrontas, nossas blasfêmias e insistiu em nos amar e não abriu mão de nos salvar. Aqueles que tu me deste, amei-os até o fim. O Amor de Deus é teimoso e persistente. Nós o amamos porque ele nos amou primeiro. Se Deus tivesse desistido da raça humana, ninguém se salvaria. Mas Deus provou o seu amor conosco em que Cristo morreu por nós sendo nós ainda pecadores. O Senhor não nos deu o que merecíamos, isto é, a justa punição dos nossos pecados. O Senhor não nos tratou conforme nossos feitos, mas em Cristo, vingou sua ira pelo pecado, quando o esmagou na cruz do calvário, assim somos poupados da destruição eterna e podemos ainda nessa vida desfrutarmos do seu amor paterno.

    Cristo Jesus se voluntariou para assumir nosso lugar, para ser o nosso representante diante do Pai. Aquele Justo cordeiro foi feito escudo para os que creem em seu nome. 

    Deus pode nos perdoar porque já tomou vingança de nossos pecados em Cristo, foi ele quem fez isso e é maravilhoso aos nossos olhos.

XEXALTAI AO SENHOR, NOSSO DEUS, E PROSTRAI-VOS ANTE SEU SANTO MONTE, PORQUE SANTO É O SENHOR, NOSSO DEUS:

    Resta-nos louvar a esse Deus justo e santo, que embora santo, é misericordioso e nos ama com amor incompreensível. Agora, sabendo de sua graciosa providência, resta-nos uma coisa: prostrarmo-nos diante dele em amor voluntário, convencidos de que não merecíamos nada de suas mãos.

     Deus o Pai sempre quis se relacionar conosco, contudo, antes ele precisava solucionar o problema que nos separava dele, o qual já foi resolvido em Jesus Cristo, nosso Salvador.

    Deus nos fez livres e nunca quis ser amado forçosamente, porque o único amor que é reconhecido de fato é o amor voluntário. De que valeria para Deus ser amado por suas criaturas de maneira forçosa? Se nem nós desejamos ser amados assim, por que o Criador o quereria? 

    Deus revela seu amor por nós e nos mostra o escândalo de sua paixão, ao ponto de morrer na cruz por nossos pecados. Ele envia seu Espírito Santo para nos comunicar seus feitos e então, quando somos esclarecidos acerca de tudo isso, quando enfim nossa consciência é despertada para este fato inegável da Graça divina, tomamos uma decisão: prostramo-nos diante dele em amor, porque queremos exaltar seu  nome santo.

    O Senhor era santo, é santo e para sempre será santo. Seu nome permanecerá imaculado de geração em geração. Ainda que o toquemos com nossas mãos sujas, ele não se contamina com nossa impureza, pelo contrário, ele nos santifica quando o tocamos pela fé.

    Cristo andou nesse mundo sujo e ainda assim permaneceu santo. Cristo viveu cercado de pecadores, e ainda assim continuou santo, porque sua santidade flui de seu coração que é uma fonte infinita de pureza. O que contamina o homem não é o que entra no homem, mas o que sai. Cristo tem um coração santo e de suas entranhas flui apenas santidade. Embora santo, o Senhor é humilde e anda com pecadores, e é adorado por pessoas imperfeitas que por sua Graça o alcançam.

    Jesus removerá de nós toda mancha. Ele nos dá um banho em suas águas purificadoras, depois continua a nos lavar os pés para que tenhamos parte com ele e, finalmente na eternidade, nos tornará perfeitamente santos tal qual ele o é, e assim eliminará de vez o pecado do mundo.

    O Santo rei do universo eliminará o pecado de nossas vidas para sempre; ansiamos por esse dia. Ele já tem nos mostrado seu poder em nos santificar, e continuará nos santificando até que sejamos perfeitos.

    Cantaremos para o seu louvor eternamente. Diremos que fomos coroados por sua bondade e graça. Cantaremos que foi ele e não nós quem fez todas as coisas em nosso favor. Cantaremos sua história e o bendiremos por todos os seus benefícios. O Senhor é bom e sua bondade dura para sempre. Amém.

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