Louvai ao SENHOR. Bem-aventurado o homem que teme ao SENHOR, que em seus
mandamentos tem grande prazer. A sua semente será poderosa na terra; a
geração dos retos será abençoada. Prosperidade e riquezas haverá na sua
casa, e a sua justiça permanece para sempre. Aos justos nasce luz nas
trevas; ele é piedoso, misericordioso e justo. O homem bom se compadece,
e empresta; disporá as suas coisas com juízo; porque nunca será abalado;
o justo estará em memória eterna. Não temerá maus rumores; o seu coração
está firme, confiando no Senhor. O seu coração está bem confirmado, ele
não temerá, até que veja o seu desejo sobre os seus inimigos. Ele
espalhou, deu aos necessitados; a sua justiça permanece para sempre, e a sua
força se exaltará em glória. O ímpio o verá, e se entristecerá; rangerá
os dentes, e se consumirá; o desejo dos ímpios perecerá.
POR
FRANKCIMARKS OLIVEIRA
São
poucos os homens bons neste mundo, disse o salmista (Sl 12.1), e é verdade. Não
precisamos fazer muito esforço, caso nossos “olhos” estejam saudáveis, para
chegarmos à mesma conclusão que ele.
Nesta
breve mensagem irei retratar o perfil bíblico de um homem bom. Irei confrontar
a ideia religiosa de retribuição/ salvação pelas boas obras. Mostrar a
perspectiva do evangelho sobre recompensa/ galardão.
Espero
que essa mensagem sirva para consolidar uma fé genuinamente cristã nos corações
de meus leitores sinceros. Desejo que haja uma mudança de paradigma quanto ao
assunto proposto, de modo que sejamos todos humildes diante do Eterno.
A
BONDADE VEM DE DEUS OU ESTÁ EM NÓS?
É
motivo de louvor o fato de existir, aqui e acolá, um ou outro homem/ mulher de
bem. Deus, em sua glória, deve ser louvado quando nos depararmos com tais
indivíduos, pois se esses existem, que sejamos nós também parte desse pequeno
rebanho, é graças ao trabalho insistente de Deus.
É
bem verdade que o salmista alega haver recompensas para os que são bons, tais
quais prosperidade, riquezas e etc. como se a bondade fosse algo que parte do
próprio benfeitor e por isso mesmo necessitasse de reconhecimento, ficando Deus
como mero galardoador. Eu, contudo, não creio que seja assim. Acredito como
Paulo:
Porque
somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus
preparou para que andássemos nelas. (Efésios
2:10)
Se Deus nos retribui as boas obras praticadas,
e se nossas boas obras são reflexo de seu aperfeiçoamento em nós, logo, Deus
retribui a si mesmo em nós.
QUAL O
CONCEITO QUE TEMOS DE BONDADE?
Feliz aquele que medita em sua palavra (
v.1)
Se a
bíblia é o mapa do tesouro que nos conduz para sermos bem-sucedidos em nossa
jornada e se alcançamos nosso objetivo graças a ela, então já não é por nosso
mérito que alcançamos, mas pelo de Deus que nos orientou. Assim também o homem
bom reconhece que a bondade que pratica não vem dele mesmo, mas de Deus, que
não somente o ensinou sobre a bondade como dever, mas lhe deu condições físicas
e espirituais de exercer aquilo que aprendeu na bíblia, na vida, no mundo.
Sem Deus
não haveria homens bons na terra. Se Deus não guardasse para si um
remanescente, nenhum de nós falaríamos com doçura em seu nome ou
reconheceríamos as obras de suas mãos. Deus nos conserva a fé, depois de nos
ter dado a fé, para que caminhemos crendo em seu nome. De modo que tudo vem
dele. “Por ele e para ele são todas as coisas”.
Não há
nenhum justo sequer, disse o salmista ( Sl 143.2) Todos nós somos pecadores aos
olhos de fogo Dele. Nossas obras por melhores que sejam, não passam de obras
manchadas pelo pecado. Deus é Santo, portanto não pode receber de mãos sujas o
que quer que seja. Por isso, Deus só recebe de nós aquilo que ele mesmo fez em nós
e por nós. Desse modo ele pode nos recompensar.
Toda
recompensa, nesse sentido, se manifesta, não como retribuição divina, como se
Deus antes estivesse em dívida, mas como pura graça e generosidade do Pai Celeste.
Deus é misericordioso e bom, tem enorme prazer em agradar seus filhos,
enchendo-os de dádivas, ainda quando estes não merecem (filho pródigo)
Logo, o
Evangelho não nega que haja da parte de Deus uma “recompensa” para aqueles que
façam o bem, todavia, a perspectiva do evangelho é outra, diferente da ensinada
pelas religiões.
Deus não
tem obrigação alguma em retribuir o bem, afinal, é nosso dever ético agirmos justamente.
“Faça aos homens o que você quer que lhe façam”. A vida em sociedade só é
possível assim.
Não há mérito
em não matar. Eu não sou uma pessoa melhor por não matar alguém. Se não mato,
cumpro apenas com minha obrigação moral de não tocar naquilo que não me
pertence.
Matar me
torna alguém pior, porém não matar não me acrescenta nenhum louvor. Há uma
diferença latente entre não matar e promover a vida. Eu posso não matar ninguém
e ainda assim não promover vida. Agora eu posso, não matando, ir além dessa
obrigação e gerar vida na sociedade através do bem, do amor.
DEUS É A FONTE PRIMÁRIA DO BEM
O homem é,
por causa da graça universal de Deus, capaz de fazer o bem. Existe, mesmo no
homem caído, uma centelha da imagem de Deus. Nós fomos feitos à imagem dele,
que é amor ardente. Por isso necessitamos amar, dependemos disso para sermos
realizados, porque em essência somos como Deus.
Até o
pior dos criminosos carrega em seu peito essa fagulha. Hitler amava sua
família? Quem pode negar isso? Um estuprador sente amor por alguém? Por que não
haveria de sentir?
Restou em
todos nós um fragmento das digitais divinas. Se amamos, amamos por causa dele.
O simples
fato de Deus ter nos trazido a existência, quando estava desobrigado em si
mesmo, pois como perfeito que é, Deus bastava-se em todas as eternidades,
mostra o seu amor desprendido.
Deus quis
compartilhar a vida conosco. Poderia ser ele mesmo a vida do universo e não
somente ser a vida, mas tê-la só pra si. Contudo, Deus quis dividir a beleza que
ele mesmo criou com cada um daqueles que viria ao mundo.
Existir
já é muita coisa. Ainda que a vida seja cheia de sofrimento, o fato de estarmos
vivos, aqui e agora, podendo conhecer a realidade, podendo tomar conhecimento
da existência de Deus, podendo formar uma família ou seja o que for, já é motivo
para nos alegrarmos.
Deus foi
bom o bastante pelo simples fato de ter nos criado. Mesmo que ele não fizesse
mais nada por nós, ainda assim, deveria ser chamado de Bom para sempre.
Deus me
deu consciência de que existo. Deus me deu a oportunidade de fazer algo com
minha vida. Isso por si só já não e muito?
BONDADE COMO UM CAMINHO PARA REALIZAÇÃO PESSOAL
Assim,
tendo refletido em todas essas questões, o homem bom é grato. Ele olha para o
céu e sabe que recebeu tudo o que precisava para ser feliz. Não somente é
grato, mas demonstra sua gratidão agindo como Deus: sendo piedoso,
misericordioso e justo com os que o cercam. (v.4)
Assim
como Deus espalhou a vida e nos deu aquilo de que necessitávamos para viver, o
homem bom espalha suas boas sementes caminho afora. O homem bom empresta ao
aflito, perdoa o ofensor e não retém o bem. Não espera nada em troca porque é
consciente de tudo o que já tem recebido das mãos divinas. O amor como objeto é
o próprio galardão.
Olhem
para Cristo e vejam Nele esse homem bom, imagem perfeita do Pai. Cristo andou
pela terra fazendo o bem e curando a todos os oprimidos. Ele distribuiu comida
aos famintos, curou enfermidades, ensinou o caminho da justiça, deu de beber a
quem tinha sede, perdoou pecados.
Concluo
dizendo: todo homem bom se parece com Jesus. Aliás, Deus nos fez e nos salvou e
nos justificou para sermos como Cristo. Deus está nos moldando para ficarmos a
cara do Senhor. Cristo é a pintura ideal. Ao nos pintar, Deus olha para seu
filho amado.
Que
Cristo seja nosso modelo e caminho.