sexta-feira, 21 de abril de 2017

O Deus que responde orações

POR FRANKCIMARKS OLIVEIRA


O Deus que responde orações:

1-      Individuais ( o leproso) ;
2-      De intercessores ( Centurião e chefe da sinagoga);
3-      De quem nada pediu ( sogra de Pedro);
4-      De grupos de pessoas ( os discípulos no mar e  uma cidade inteira)
5-      De demônios; ( que entraram nos porcos)
6-      De pessoas perseverantes ( os dois cegos);
7-      De quem está impossibilitado de orar ( o mudo endemoninhado);
8-      De quem apenas pensou ( a mulher do fluxo de sangue);
9-      De crentes e de incrédulos ( dos amigos de um paralítico e dos fariseus)

Gostaria de meditar nos capítulos oito e nove do evangelho de Mateus, a fim de demonstrar que Deus é livre para responder ou não nossas preces. Comecemos com o verso que diz:

Quero, fique limpe. ( Mt 8.3)

Cristo foi abordado por um homem leproso, que implorou por sua cura. Como vimos, Jesus respondeu positivamente sua prece, e ordenou que ele não contasse o que aconteceu, mas MOSTRASSE ao sacerdote que agora estava limpo, desse modo poderia retornar ao seu convívio social e familiar. Observe o verbo MOSTRAR. Para Deus é mais interessante o que somos e mostramos, isto é, o que vivenciamos do que aquilo que falamos. Podemos ser testemunhos vivos de seu poder e não somente falastrões.
Deus responde as orações de quem pede por si mesmo. Não precisamos necessariamente que alguém interceda por nós. Temos livre acesso a Cristo à sua presença e temos a nosso favor sua boa vontade. Assim sendo vemos uma resposta direta e pessoal.

Vai, e como creste te seja feito. E naquela mesma hora o seu criado sarou.
 ( Mt 8.13)

Cristo foi abordado por um homem do exército romano, um pagão gentio, que rogou por seu empregado. Esse homem pediu que Jesus apenas dissesse uma palavra e isso seria o suficiente. Cristo respondeu positivamente a sua oração. Desse modo vemos que Deus responde à intercessores, isto é, pessoas que rogam por outros. Sua resposta foi indireta, no que concerne ao doente, mas direta ao suplicante, o centurião.
Vale salientar que primeiro Cristo respondeu a um miserável leproso, provavelmente um mendigo. Depois Jesus atendeu a um homem importante da sociedade. Deus não faz acepção de pessoas. Todas as pessoas podem se achegar a Deus, sejam ricas ou pobres, brancas ou negras, judeus ou gentios, homens ou mulheres como veremos a seguir.
Ao curar o servo do centurião, Cristo o reintegrou ao seu trabalho, isto é, ao seu serviço, dando-lhe uma  empregabilidade.

E tocou-lhe na mão e a febre a deixou; ela levantou-se e os serviu. ( Mt 8.15)

Logo em seguida, Jesus se dirige a casa da sogra de Pedro e ao chegar lá, percebe que ela está acamada com muita febre. De livre e espontânea vontade, sem que ninguém pedisse, ele resolve tocá-la, por que VIU que a mesma estava doente.
Deus não precisa de nossas orações para agir em favor de alguém. Sabemos que ele ouve a oração de um justo, mas neste caso ninguém teve que clamar. Creio que o Senhor cuida dos seus e que seus olhos estão sobre aqueles que ele ama. Oramos porque Cristo nos ensinou a orar, mas devemos entender que Deus é livre e que seu amor e compaixão não precisam esperar as preces de ninguém para intervir.
Ao curar essa mulher, Cristo a reintegrou a sua família, devolvendo-lhe a capacidade de servir os seus.

Seus discípulos o despertaram: Senhor, salva-nos que perecemos. ( Mt 8.25)

Cristo atendeu a mais essa prece, dessa feita de um grupo de homens, que ao verem as grandes ondas açoitarem o barco, pensaram que iriam perecer. Jesus parecia estar dormindo, entretanto logo ordenou a calmaria.
Muitas vezes temos essa sensação de que Deus não está atento às nossas vidas. Pensamos que ele está dormindo, mas Deus não dorme. Aqui vemos uma resposta a um grupo de pessoas. Desse modo concluímos que Deus também responde à congregações que invocam seu nome.
Ao responder esta oração, Cristo “devolveu” a fé de seus discípulos em seu nome.

Segue-me e deixa os mortos sepultar seus mortos. (Mt 8;22)

 Cristo respondeu negativamente ao pedido de certo homem, que foi: Senhor, permita-me que primeiramente vá sepultar meu pai e então o seguirei aonde quer que fores. Entenda que o pai deste homem devia estar velho, porém ainda vivo. O que ele pede é que Cristo o permita cuidar dos últimos anos de vida de seu pai, para só então passar a segui-lo. Cristo respondeu que não.
Veja bem, ele obteve resposta, porque todas as orações são respondidas de um modo ou de outro. Entretanto ele não conseguiu aquilo que queria. Do mesmo modo nós nem sempre conseguiremos aquilo que pedimos. Deus não é um realizador de desejos e não responderá a orações que vão de encontro aos interesses primordiais e urgentes da alma e da salvação. Por exemplo, Deus não responderá a essa prece:

Senhor, não gosto do meu vizinho, portanto não permita que ele ouça o evangelho, se arrependa e se salve.

É perda de tempo fazer esse tipo de oração. A resposta de Deus será sempre não.
Deus está nos chamando, não percamos essa oportunidade de irmos a seu encontro. Se Cristo nos chama para segui-lo, então o façamos agora mesmo, assim como Levi o fez.

Permita-nos que entremos naquela manada. ( Mt 8.31)

Para o bem estar dos homens que estavam possessos, Cristo atendeu positivamente ao clamor dos demônios que os possuíam. Como se vê no verso acima, esses demônios rogaram a Cristo para que não fossem lançados no abismo antes da hora, mas que tivessem permissão para entrar na manada de porcos que ali pastava. Jesus concedeu o pedido e eles entraram nos porcos que acabaram precipitando no despenhadeiro.
Deus é Deus e pode responder até mesmo a preces de demônios, por mais estranho que isso possa parecer. Neste caso atender a tal pedido acabaria por realizar aquilo que Jesus fora fazer: libertar aqueles homens oprimidos. Não houve choque no propósito de Deus. Cristo tanto pôs fim ao problema dos oprimidos, como não foi injusto com os demônios, que alegaram não ser ainda aquela a hora do último julgamento ( dando a entender que os demônios sabem qual é o dia do juízo final)
Para Deus os homens são mais valiosos que os porcos. Ainda que a morte destes tenha acarretado em grande prejuízo para os moradores daquela pequena comunidade, Deus permitiu que os demônios matassem aqueles porcos.
No livro de Jó também vemos Deus atender alguns pedidos do próprio diabo.

E eis que toda aquela cidade veio ao encontro de Jesus e vendo-o, rogaram-lhe  que se retirasse de seus termos ( Mt 8.34)

Mais uma vez Jesus atendeu a um clamor, dessa feita de toda uma cidade que pediu que ele fosse embora. Ele foi, entrou em seu barco e partiu para a outra margem.
É triste quando algumas vezes Deus responde algumas orações. Nesse caso Deus se retirou porque não era bem vindo. Tenha cuidado com aquilo que você pede, porque pode se tornar realidade. Aquela cidade, isto é, as pessoas que ali viviam, pediram para Jesus os deixa-los; Jesus os deixou. Cuidado com o que você pede a Deus. Pode ser que em sua ira ele o responda.
É lamentável constatar que algumas pessoas amam mais as coisas materiais do que o ser humano. Foi o que aconteceu aqui. Esta cidadezinha não se alegrou com a salvação daqueles que se encontravam algemados pelos demônios. Ela não se alegrou com o amor de Cristo. Ora, o amor de Deus pelos homens levou Jesus a morte. O amor de Jesus por aqueles homens levou aqueles porcos à morte. O amor ao próximo requer sacrifício, sempre irá requer algum sacrifício.

E eis que lhe trouxeram um paralítico, deitado numa cama. ( Mt 9.1)

Jesus não tinha tempo para descansar. Se você parar para ler estes dois capítulos ( 8 e 9) perceberá o trabalho pesado de seu ministério. Creio que é uma alusão ao trabalho divino. Não deve ser fácil ser Deus e ter que ouvir incessantemente aos lamentos da terra. Todavia a resposta de Jesus àqueles que lhe mostraram o paralítico não foi bem a esperada. Jesus ofereceu perdão dos pecados, sendo que o que todos esperavam era a cura da paralisia física.
Nem sempre Deus responderá exatamente nossas preces. Podemos lhe pedir algo e recebermos outra coisa em seu lugar. Neste caso, por mais que não parecesse, Jesus deu algo muito melhor como resposta: perdão. O corpo há de perecer no fim das contas, mas a alma viverá para sempre. Perdão aqui significava salvação eterna, enquanto a cura significaria apenas alívio momentâneo.
Deus é livre para nos dar o que quiser. Às vezes lhe pedimos migalhas, no entanto em sua generosidade ele nos oferece um banquete inteiro. Esse caso do paralítico é muitíssimo interessante, pois Deus primeiro deu o perdão, contrariando o desejo dos intercessores, que esperavam cura física. E outra vez, quando cura definitivamente o doente, é em contrariedade aos fariseus, que em seus pensamentos o acusavam de blasfêmia, ao dizer que perdoava aquele homem de seus pecados. Logo, Deus respondeu não à fé, mas à incredulidade dos homens. Foi por não crerem em seu poder de perdoar que Jesus curou as pernas do paralítico.
Algumas vezes Deus pode nos abençoar não por nossa própria fé, mas por causa da incredulidade daqueles que nos rodeiam. Ele não precisava provar nada para ninguém, mas para beneficiar ainda mais o doente, que já havia recebido o perdão de seus pecados, Jesus curou suas pernas. Assim, Deus responde tanto a fé quanto à incredulidade dos homens para que os homens tenham ainda mais fé em seu nome.

Minha filha faleceu agora mesmo, mas vem, impõe-lhe a tua mão e ela viverá
 ( Mt 9.18)

Jesus respondeu ao pedido deste pai que acreditou que o simples toque de sua mão a traria de volta a vida. E  foi exatamente o que Cristo fez para trazê-la de volta de seu sono: pegou-lhe na mão e lhe devolveu a vida.
Deus atendeu a uma prece verbalizada, isto é, pronunciada. Ele não só orou; ele também disse o que Jesus poderia fazer: tocá-la. Cristo poderia apenas ter ordenado que a menina se levantasse, mas para honrar a fé do pai, fez exatamente como este o pediu e a tocou.
É engraçado como algumas pessoas em suas orações dizem a Deus o que ele deve fazer! “Faz assim, faz assado. “ E mais engraçado ainda é que Deus, mesmo sendo livre para fazer como lhe aprouver, faz como lhe pedem. Creio que o Senhor atenta para a fé de quem pede. O centurião acreditou que uma palavra de Jesus bastava para curar seu servo, sem precisar Jesus ir até sua casa para tal fim. Aqui este pai rogou que Cristo fosse até sua casa e Jesus foi. Outro caso que prova isso é a mulher do fluxo de sangue que acreditou que se ela mesma o tocasse seria o bastante para ficar curada.

Porque dizia consigo mesma: se eu apenas tocar sua roupa, ficarei sã.
( Mt 9.21)

Ela nem sequer pediu nada a Jesus, antes apenas pensou consigo mesma no que deveria fazer, neste caso, tocar-lhe as vestes. E assim foi feito, ficando ela curada como imaginou.
Jesus atendeu a prece verbalizada e a prece pensada. Nem sempre precisamos nos ajoelhar para fazermos uma oração, ou temos de fechar os olhos ou juntarmos as mãos para formalizar o pedido. Basta pensarmos e o Senhor ouvirá. Cada um tem uma medida de fé, cada um use a fé que possui.

E partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, clamando e dizendo : Tem compaixão de nós, filho de Davi. E quando chegou à casa, os cegos se aproximaram dele e Jesus disse-lhes :Credes vós que eu possa fazer isto? Disseram-lhe: sim, Senhor.
( Mt 9.27-28)

Jesus mais uma vez respondeu a um clamor. Desta feita observa-se que os dois homens o seguiram até sua casa, clamando com insistência. O que podemos entender é que algumas orações não terão respostas imediatas, diferente de outras. Não que Deus tenha prazer em prolongar nossas dores, mas é assim que vemos em muitos casos. Tudo tem seu tempo determinado, disse um sábio.
Deus responde as orações insistentes e perseverantes daqueles que podem pedir, neste caso gritar. Ele não é surdo, mas em momento algum se incomodou com o modo desesperado que estes homens clamavam. Temos boca e podemos usá-la para tantos fins, não é verdade? Por que não para gritarmos para Deus?
O Jesus que respondeu a um pensamento pode muito bem responder a um grito de desespero.
Para terminar as respostas de orações, apresento-vos o caso mais escandaloso:

E havendo-se eles se retirado, trouxeram-lhe um homem MUDO e endemoninhado. E expulso o demônio, falou o mudo.( Mt 9.32-33)

Enquanto muitos de nós podemos orar, verbalizando nossas preces por vias orais como os cegos que gritavam a todo pulmão, este homem era MUDO. Logo, estava impossibilitado de fazer algo tão simples que é orar. Glória a Deus que responde até àqueles que nada lhe pedem.
Muitas vezes encontramo-nos impossibilitados de orar, seja porque os demônios tem nos impedido, seja porque nossa fé esteja fraca, seja por qualquer outro motivo, ainda assim Cristo nos assistirá com Graça.
Deus é bom para com todos, até para com aqueles que não creem em seu nome e, portanto não lhe fazem orações.

Que nossa boca se abra mais uma vez em oração àquele que não para um segundo sequer de trabalhar por aqueles que nele esperam. Jesus nos ordenou logo após mostrar como é bom em responder preces, que oremos pelos campos missionários, para que Deus envie trabalhadores, ceifeiros às searas. Tenho certeza que ele nos ouvirá. Amém.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Até sermos Perfeitos

SEDE VÓS POIS PERFEITOS, COMO É PERFEITO O VOSSO PAI QUE ESTÁ NOS CÉUS ( MT 5.48)

POR FRANKCIMARKS OLIVEIRA

Quando nos deparamos com um mandamento como este, só podemos ficar estarrecidos, pois sabemos que se tem uma coisa da qual estamos longe de ser é perfeitos, contudo foi Jesus quem ordenou: SEDE PERFEITOS. Portanto, analisemos agora as implicações deste decreto.

Primeiro precisamos entender o que Cristo vinha ensinando em seu célebre sermão do Monte. Seus ensinos foram:

1-      As bem-aventuranças ou felicidades do evangelho, as quais identificam aqueles a quem o reino dos céus está destinado;
2-      A severidade da lei e sua real interpretação, fazendo oposição aos ensinamentos dos antigos mestres judeus;
3-      O amor incondicional de Deus em contraste com o amor limitante e condicionador dos homens.

Agora poderemos compreender o porquê de Cristo ter ordenado: SEDE PERFEITOS ASSIM COMO VOSSO PAI QUE ESTÁ NOS CÉUS.

Tiremos algumas conclusões um tanto quanto óbvias desta afirmação:

1-      Não somos perfeitos, por isso somos instados a buscar o aperfeiçoamento;
2-      Cristo mais do que ninguém sabe sobre nossas imperfeições;
3-      Deus é perfeito e nos é apresentado como modelo a ser imitado.

Precisamos agora saber como será possível chegarmos à perfeição divina. Existem meios para tal empreitada? Se Cristo assim nos manda, então a resposta é positiva. Vejamos algumas críticas que Jesus fez em seu sermão aos religiosos de sua época, logo às crenças daqueles dias:

1-      Os mestres ensinavam que matar era pecado gravíssimo, contudo acreditavam que odiar secretamente em seus corações não representava grande perigo para suas almas. Jesus, contudo disse que o simples ódio contido no coração era suficiente para condenar os homens, afinal o homicídio sempre começa com a raiva, ódio e ira;
2-      Os mestres ensinavam que ofertar e dizimar era importantíssimo para se manter a comunhão com Deus, Cristo, contudo, ensinou que de nada serviam tais práticas se os homens não mantivessem perfeita comunhão entre si primeiro, afinal como poderemos amar a Deus a quem não vemos, se não amamos nosso próximo a quem vemos? Nosso culto, dessa forma, é mera hipocrisia, logo não é aceito pelo Pai que é Perfeito;
3-      Os mestres ensinavam que o adultério era pecado, isto é, a consumação sexual, o deitar-se com outra mulher, mas o desejo secreto no coração não devia ser considerado algo demais. Contudo, Jesus repudiou essa crença, dizendo que o adultério começava com o desejo ilícito sendo alimentado na mente.
4-      Do mesmo modo Cristo repudiou a banalização do divórcio, pois os mestres judeus não só permitiam como pareciam até mesmo incentivar o mesmo, ensinando a dar a repudiada uma carta de desquite, como se isso diminuísse a gravidade do ato.
5-      Os mestres ensinavam ao povo o valor do juramento, Cristo, porém proibiu tal prática, ensinando aos homens que suas palavras deviam ser sim ou não, ou seja, a terem honra e serem respeitados por manterem aquilo que disseram sem ter que recorrer ao nome de Deus.
6-      Os religiosos ensinavam a lei de Talião, aquela que diz olho por olho, dente por dente. Jesus, entretanto, ensinou o perdão e a não pagar mal com mal.
7-      E por fim, os mestres da tradição ensinavam que o mandamento do amor só dizia respeito ao judeu para com o judeu, excluindo assim os gentios que não faziam parte da Aliança do Sinai. Contudo, Cristo, usando Deus como exemplo, que faz o sol nascer para todos, ordena que os perfeitos devem amar indistintamente, inclusive aqueles que não creem em Deus. Os perfeitos devem também cumprimentar não cristãos com a saudação de paz.

Os fariseus foram alvos de severas críticas por parte do Messias. Eles acreditavam que eram os verdadeiros guardiões da lei de Deus e que sua justiça e moral eram elevadíssimas, contudo de acordo com Jesus, eles haviam diminuído aquilo que Deus ordenara. Por isso mesmo Jesus diz que aquele cuja justiça não exceder a dos escribas e fariseus não entrará de modo algum no reino dos céus. Na verdade os fariseus eram cegos guiadores de cegos, que se gloriavam na observância externa dos mandamentos. Cristo, porém, estava mais interessado na transformação do coração do pecador, o qual sendo uma vez transformado, acabará por modificar todo o comportamento deste em sociedade. Assim se dá a diferença entre um religioso que vive de aparências, que externamente parece uma pessoa piedosa, mas possui um coração cheio de adultério, de ódio e inveja. Muitas vezes essas pessoas estão nos templos, esbanjando suas ofertas e contribuições com os serviços eclesiásticos, contudo permanecem alimentando discórdia entre seus membros, disputando cargos e visibilidade. Estes não são perfeitos diante do Pai Celestial, pelo contrário, estão longes de Deus, ainda que vivam vinte e quatro horas do dia em afazeres religiosos. Não é a toa que em Mateus, capítulo seis, o Senhor continua seu sermão, reprendendo aqueles que dão esmolas em público, que oram nas ruas em voz alta para serem vistos e jejuam até ficarem com seus rostos desfigurados para que todos percebam o quanto são espirituais. Mais uma vez digo, essas pessoas ainda não conheceram o evangelho de Jesus Cristo, que não se respalda em aparência, mas em essência.

Jesus é daqueles que valoriza uma comunhão íntima e secreta com o crente, por isso ordena que este entre em seu aposento, e de porta trancada fale com Deus em particular. Desse modo, analisemos agora as características daqueles que estão num caminho de aperfeiçoamento:

1-      Não vivem uma vida de aparências e nem buscam mascarar aquilo que realmente são;
2-      Não se utilizam de artifícios religiosos para apaziguar a consciência culpada, como jejuns, dízimos e orações, na tentativa de se convencerem de que são pessoas boas e acima da média;
3-      Entendem que o evangelho é comunhão e não mera prática de ritos e observâncias de tradições humanas, portanto priorizam mais o ser humano do que as coisas do templo;
4-      Entendem que a transformação do coração é o verdadeiro termômetro da aproximação com Deus e sabem discernir o que é certo e errado;
5-      Não tomam o nome de Deus em vão para obter favores, antes usam da própria boa reputação diante dos homens para conseguir o que precisam, mantendo a honradez;
6-      Não alimentam no coração o desejo de vingança;
7-      Não fazem distinção entre pessoas, antes trata a todas bem, não importando se essas são do seu convívio social ou não, se pertencem ao mesmo grupo religioso ou não. Ou seja, os perfeitos amam como Deus, sem ver cor, etnia, classe social, crenças, gênero e etc.

Paremos um pouco para refletir em que estágio nos encontramos. Estamos muito distantes do modelo que Cristo nos deu? Pense leitor, quão perto de Deus você está? Nunca se esqueça que a melhor forma de se perceber, é sempre olhar para dentro de si mesmo, isto é, para seu coração:
Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso CORAÇÃO ( Mt 6.21)

É o coração que guarda as portas da vida, logo é o coração que devemos vigiar. Que nosso coração deseje sempre as coisas que são do alto, e que nossas preocupações com as coisas deste mundo sejam sempre entregues a Deus, que sabe exatamente do que precisamos para cumprirmos nossa pequena jornada aqui neste mundo.

Outra coisa que devemos ter cuidado é com nossa arrogância. Os fariseus adoravam se colocar no lugar de juízes, porque acreditavam que eram excelentes cumpridores da lei divina, mas como já vimos, eles estavam enganados. Normalmente achamos que somos melhores do que realmente somos. Jesus nos advertiu :

NÃO JULGUEIS para que não sejais julgados, porque com o juízo com que julgardes sereis julgados e com a medida que medirdes sereis medidos. E por que reparas tu no argueiro do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? ( Mt 7.1-3)

Quer ser perfeito? Então deixe a cadeira de juiz e assente-se com os réus, assim como Jesus mesmo fez. Ora, ele sendo Senhor e Rei fez-se servo para andar com os servos e amá-los e não julgá-los. Façamos nós o mesmo. Com certeza essa não é uma tarefa fácil de cumprir, pois estamos viciados em julgar todo mundo o tempo todo, pois quando julgamos, temos a falsa sensação de que errados são os outros. Mas não se engane, na medida em que medirmos, seremos medidos. Por isso devemos pedir a Deus em oração para que tire esse maldito vício de nós, assim como ele mesmo disse: Pedi e dar-se-vos-á ( Mt 7.7) Tenho certeza que Deus nos concederá essa prece:

Senhor, eu tenho sido um terrível juiz dos meus irmãos. Ensina-me a não julgá-los, mas a amá-los assim como tu os ama. Amém.

Você duvida que Deus atenderá esse tipo de oração? Não duvide, pois isso nos fará perfeitos assim como ele é.

Também precisamos atentar para o que Jesus disse acerca de falsos mestres, que ao ensinarem enganos, acabam distanciando multidões de alcançarem a ordenança de serem perfeitos assim como o pai celeste .

Paulo disse :

A quem anunciamos, admoestando a todo homem em toda sabedoria; para que apresentemos todo homem perfeito em Jesus Cristo e para isto também trabalho, combatendo segundo sua eficácia, que opera em mim, poderosamente ( Cl 1.28-29)

Infelizmente, o oposto também é verdade: existem milhares de homens e mulheres ensinando erradamente as multidões desavisadas da simplicidade do evangelho. Essas pessoas perdem o foco daquilo que realmente importa: tornarem-se perfeitas assim como Deus o é. Aprendem tudo o que é desnecessário para o crescimento espiritual e se perdem no meio do caminho, ainda que elas permaneçam a vida inteira dentro de igrejas.

O combate de Paulo era contra esses falsos profetas, que enriqueciam as custas da fé alheia. O que Paulo mais desejava era o aperfeiçoamento dos crentes em Jesus Cristo, libertando-os do legalismo e da carnalidade, assim como Cristo mesmo recomendou que fosse feito.

Precisamos ser pacientes para que sejamos perfeitos. Como eu já disse, trata-se de um CAMINHO, de um processo. Somos transformados de glória em glória até sermos a exata imagem de Cristo. Até lá tropeçaremos em muitas coisas, mas fiel é Deus para nos levantar e nos colocar de volta nos trilhos.

Deus conhece os que são os seus. Muitos são os que dizem Senhor , Senhor, mas não passam de uma multidão de enganados e imprudentes. Eles profetizaram em seu nome, curaram inclusive, se engajaram em trabalhar dia e noite, porém seus corações permaneceram tão sujos como outrora, cheios de ódio, inveja, cobiça, homicídios, vingança, hipocrisia, usura, desamor. Deus não se deixa enganar por palavras e obras. Deus sonda o coração; Deus investiga as entranhas, o mais profundo do ser.

O imperativo de Deus é que guardemos suas palavras e cumpramos seu mandamento: amai-vos uns aos outros. Quem não edifica sua casa sobre essa rocha, terá sua morada levada pelas grandes ondas da vida.

Aquele que é perfeito há de vir e não tardará. Quando ele vier, seremos iguais a ele e o que é aparente será aniquilado. Até lá o próprio Senhor vai nos aperfeiçoando através de sua boa palavra. Somos vaso nas mãos do oleiro.

Perfeito serás, como o Senhor teu Deus. (Deuteronômio 18:13)

         Creio que somente o Senhor é capaz de realizar tamanha obra. Sim, somos feituras de suas mãos. Assim como um artista empenhado em fazer sua mais bela criação, Deus está empenhado em nos tornar a imagem e semelhança de seu amado filho Jesus Cristo. Do mesmo modo creio que o filho está determinado a nos tornar parecidos com o Pai, afinal toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação. (Tiago 1:17)

            O Senhor quer nos ver perfeitos diante dele. E só seremos perfeitos como ele quando formos capazes de amar à sua maneira.

Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me. (Mateus 19:21)

            É esse o amor dele: que não tem reservas, que se dá por completo, de maneira radical e intensa. Que um dia sejamos capazes de amar desse modo, isto é, desprendida e livremente. Contudo, nunca percamos de vista o fato de ser o próprio Senhor o idealizador e consumador desse projeto. Não roubemos a glória que lhe é devida. O salmista mesmo disse: Deus é o que me cinge de força e aperfeiçoa o meu caminho.(Salmos 18:32) Viu? É Deus quem aperfeiçoa nosso caminho e não nós mesmos. Nossa dever é estar sempre pedindo que essa obra se realize. Precisamos manter nossos corações atentos e desejosos por essa perfeição. Sejamos vigilantes!


Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo; (Filipenses 1:6)

Não descansaremos até sermos perfeitos.


Amém!