Este
é o meu Filho ( Mateus 17.5)
Por Frankcimarks Oliveira
Objetivos:
1- Demonstrar
a necessidade de uma experiência mística e individual com Deus para a fé cristã,
2- Demonstrar
a diferença entre o conhecimento de fé (credo) e fé como acontecimento,
3- Demonstrar
quão facilmente se equivocam os homens acerca da fé cristã e da genuína
espiritualidade.
Observação:
É necessária a leitura integral do capítulo de Mateus 17 .
Cristo
está num lugar elevado, exaltado sobre todos, para revelar sua grandeza a seus discípulos.
Eles precisavam consolidar a fé naquilo que Pedro afirmara: Tu és o Cristo, o
filho do Deus vivo. Uma coisa é ouvirmos isso da boca de outras pessoas, outra
bem diferente é a ouvirmos através do próprio Deus.
“E estando ele ainda a falar, eis que
uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu
filho amado, em quem me comprazo; escutai-o. E os discípulos ouvindo isto,
caíram sobre os seus rostos, e tiveram grande medo.” (V
5-6)
A
fé cristã é uma fé de revelação. Não basta a experiência religiosa, em que um
homem transmite o que experimentou para outras pessoas, testemunhando sua
espiritualidade. É preciso que cada cristão tenha sua própria experiência
mística. Foi isso que Cristo fez seus seguidores vivenciarem. Primeiro foi
Pedro, depois alguns outros e assim por diante.
Leitor,
pense comigo. O que você sabe sobre Cristo foi aprendido ou experimentado? É
possível alguém aprender teologia e reproduzir o que aprendeu através de palestras,
pregações. Ter uma convicção plena de que de fato Cristo é o Senhor, o filho de
Deus, salvador dos pecadores, depende única e exclusivamente de uma experiência
sobrenatural no coração, realizada de cima para baixo, nunca o contrário. É Deus
quem se revela, pois, sendo mistério, não pode ser achado, Deus oculta-se numa nuvem
luminosa. Não somos capazes de encontra-lo; é Deus quem se dá a conhecer aos
homens, retirando a venda sobreposta a nossos olhos.
Uma
pessoa pode aprender que Jesus é considerado o filho de Deus na história
ocidental, porém, somente aqueles que o “comem”, que o tem como pão da vida,
são capazes de serem um com ele. Cristo deve ser parte do nosso organismo, ser
absorvido pelo nosso sangue, entrar em nossas células, ser uma vida com a
nossa. Estou falando de vivência e não de conhecimento.
Pedro
afirmou depois de uma revelação divina: Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo.
Jesus retrucou: Essa revelação não veio da carne ou do sangue, isto é, sua
procedência não é humana, terrena, é sobrenatural, divina, mística.
A
fé genuína jamais será aprendida em catequeses, escolas bíblicas, cursos
teológicos. A verdadeira fé é fogo, é vida, é revelação, nasce no coração,
contagia toda a nossa visão de mundo.
Quem
é Jesus para você? O que ele significa para você? Que importância tem Cristo em
sua vida? Jesus é o sol que ilumina seus olhos? Jesus é a luz que clareia seu
caminho? É através dele que você interpreta a vida?
Minha
ótica cristã não é respaldada em Moisés, isso é, no velho testamento. Minha
ótica de fé não está respaldada nos profetas velho testamentários como Elias.
Minha ótica de fé é Cristo, aquele que é maior do que ambos, cujos ensinamentos
foram além do pensamento simplista dos homens de seus dias.
Cristo
Jesus é o ápice da revelação divina. Moisés e Elias apontavam para ele, em
mistérios, sem muita clareza, contudo, agora o podemos contemplar na luz do
dia, sem interrogações. Tenho a Cristo, tenho a Cristo, de nada sou
necessitado.
As
religiões do mundo por não compreenderem quem Jesus realmente é, são nada mais
que reproduções do comportamento equivocado dos discípulos, que ao verem Moisés
e Elias junto a Cristo, pediram para levantar barracas aos três. O que é
levantar barracas nesse sentido? Equiparar Jesus a seus antecessores, formando
religiões nos moldes deles. Não!
O
cristianismo não deveria ser mais uma religião humana. O cristianismo é um modo
de vivenciar Deus no mundo, sem templos, sem cartilhas teológicas, sem
barreiras doutrinais (judeus e samaritanos), sem empecilhos culturais (o eunuco
etíope, o centurião romano etc). O sustentáculo dessa “nova” fé é o amor
desburocratizado, apoiado na humildade daqueles que compreenderam sua indignidade
diante do favor divino ao serem aceitos em seu reino.
Todos
são bem-vindos, contudo somente alguns terão essa experiência vívida e real, e
são esses que discernirão bem o evangelho. Alguns simpatizarão com a fé cristã,
porém permanecerão seguindo a Cristo como quem segue a um Elias ou Moisés, ou
um Buda, Alan Kardec, Gandhi, Maomé. Jesus Cristo não está no patamar destes líderes,
ele transcende a razão humana, por isso mesmo, precisa ser uma experiência
mística e não meramente intelectual.
São
felizes aqueles a quem Deus chamou. Necessário é, porém, que haja um
entendimento correto da parte destes que, podem muito bem, assim como Pedro,
Tiago e João, se precipitarem em suas respostas, achando que Deus os chamou
para levantarem barracas, abrirem igrejas, alçarem tabernáculos religiosos.
É
comum, muito comum que os homens queiram se congregar em um lugar fechado e ali
cultuar o nome de seu deus. Jesus levou seus discípulos para cima de um monte,
isso não significa nada? Jesus não mandou que seus seguidores levantassem
templos, mandou que saíssem pelo mundo espalhando seus ensinamentos. Não é em Samaria nem em Jerusalém o lugar do
culto, pois para Deus não existem lugares sagrados. Onde estiverem dois ou três
reunidos em seu nome, ali ele se fará presente, mesmo sem placas
denominacionais, sem assentos ou púlpitos. Jacó usava pedras para invocar a
Deus, Abel sacrificava ovelhas, Abraão subia montes, Jesus ia para jardins,
Paulo ia para praia fazer suas orações. Quando vamos compreender que a era dos
tabernáculos já passou. Cristo é o nosso tabernáculo. Nele nós entramos, dele
jamais sairemos.
“Este
é o meu filho amado em quem me comprazo”. Nossa fé repousa nessa verdade. Não é
que Deus tenha dito essa frase naquele dia, há milhares de anos, Não. Deus
continua dizendo a mesma coisa, em corações privados, sofridos, chorosos, pelo
mundo afora. “Jesus é o meu filho, escutai-o”. A voz de Jesus é o evangelho.
Ora, os homens dizem muitas coisas, mas o que Jesus tem a dizer? Alguns dizem
que Elias devia vir primeiro, outros diziam que não. Sobre a salvação alguns dizem
isso, outros dizem aquilo. Não me importo com o que os padres ou pastores
ensinam, me importo com o que o evangelho ensina.
Cada
um toma para si aquilo que é conveniente. Ensinam sobre o dízimo porque dá
dinheiro, ensinam sobre costumes ultrapassados porque lhes permite o controle
sobre as pessoas e as domestica para uma obediência cega. O que Jesus diz sobre
isso?
Concluindo:
a fé cristã genuína parte do céu e acha repouso no coração dos pecadores.
Trata-se de uma experiência e não de um aprendizado. É simples, não necessita
de estruturas físicas ou aparatos religiosos. Centraliza-se na pessoa de Jesus,
não como mais um líder religioso, mas como a luz divina, o verbo encarnado, o
filho de Deus. Acontece na vida e não dentro de templos. É livre das conjecturas
humanas. Finda no amor aos oprimidos. É alimentada através de orações e jejuns.
É livre de obrigações, porém está longe da rebeldia anárquica, sem propósito,
pois atua através de uma consciência transformada que sabe discernir pessoas e
situações. É livre, pois tem em Cristo seu fiador. É despreocupada, pois Cristo
venceu a morte e todos os mortos o reverenciam como senhor e rei, seja do céu,
seja do inferno. Amém.
Se Deus não falar na alma, para nada se aproveitam os manuais de catequese.