Quem
é o maior no reino dos céus?
(Mt
18.1)
Por
Frankcimarks Oliveira
Objetivos:
1-
Analisar o comportamento dos discípulos em
relação ao poder e a vaidade;
2-
Analisar o exemplo de Jesus e seus ensinos
sobre o poder;
3-
Analisar o desvio da igreja desses
ensinos.
Leia
todo o capítulo de Mateus 18.
Nossos
corações são vaidosos e cheios de caprichos. Disputamos por posições e por
coisas que não deveríamos, até mesmo quando o nome de Deus está envolvido. Foi
isso que os discípulos de Jesus fizeram logo após a transfiguração do Senhor no
monte. Eles ainda não discerniam bem o que aquilo queria dizer.
Ao
verem Elias e Moisés diante de Jesus glorificado, ficaram vislumbrados. Depois,
cheios de expectativas, perguntaram quem era o maior no reino dos céus. Para
sua infelicidade, viram Jesus colocando um menino no meio deles. Essa foi sua
resposta: “Se não vos fizerdes como este menino, de modo algum entrareis no
reino dos céus.” O maior para Deus é o menor e mais simples. Por que temos
tanta dificuldade para entendermos isso?
Jesus
foi um homem humilde, sem brilho, sem posição social, sem destaque, era apenas
um carpinteiro, nasceu numa manjedoura, foi pobre, cresceu na periferia, não
tinha parecer nem formosura, estava completamente na margem oposta daquilo que
seria considerado grande e importante. Foi crucificado entre ladrões,
considerado um rebelde. Contudo, como afirmou um dos soldados romanos na hora
de sua morte: Este homem era verdadeiramente o filho de Deus.
Deus
está sempre ao lado dessa gente marginalizada, suja e feia, pobre e miserável.
Deus não está nos grandes salões de festas ou nos banquetes com os reis, não.
Deus está na cadeira elétrica, nas favelas, nos guetos, nas calçadas, junto de
moradores de ruas. Deus está nos presídios, onde ninguém jamais imaginaria que
ele estaria. Porém, queremos acreditar que por ser Deus ilustre e maravilhoso,
ele deve estar rodeado de beleza e de gente importante.
Jesus
andava com prostitutas e bêbados, publicanos, pescadores e gente sem instrução
intelectual. Por que perguntamos a Deus quem dentre nós é o maior? Será que
nunca vamos entender seu Espírito?
Quando
desejamos nos destacar nas igrejas com nossa sabedoria ou performasse religiosa,
estamos bem afastados de Jesus. Quando achamos que nossa posição eclesiástica
ou as roupas que vestimos determina nosso prestígio diante dos céus, mostramos
que de fato nunca conhecemos o evangelho do nazareno.
Não
deve haver no coração de um cristão essa interrogação: quem é maior no reino
dos céus? Por que e como essa bendita pergunta foi parar ali? Que diferença faz
saber quem está sendo mais relevante para o reino de Deus no momento? Ou quem é
o verdadeiro representante de Deus na terra?
Deus
colocou Elias e Moisés diante de Jesus. Esses dois homens foram os maiores de
seu tempo. Falavam com Deus face a face e faziam sinais extraordinários.
Contudo, agora, diante do simples carpinteiro de Nazaré, Deus testemunhou para que
todos pudessem ouvir: Este é o meu filho, ouçam-no.
Nem
Moisés nem Elias são alguma coisa perto de Jesus. Portanto, sabendo que aquele
que era o rei, fez a si mesmo de escravo, por que ainda nos interessamos por
status ou coisas desse tipo? Não faz sentido.
O
cristianismo é por essência uma religião de gente desimportante, pelo menos da
perspectiva secular. Escravos e pescadores eram os principais seguidores de
Jesus. Roma zombava dessa seita nazarena. “Eles seguem a um deus morto”, diziam.
Jesus
não veio chamar os justos, mas os pecadores. Não veio para os sábios, mas para
os loucos, não veio para os escribas, mas para os indoutos. Jesus não veio
chamar os saudáveis, mas os doentes, nem os que são, mas aqueles que não são,
isto é, que são considerados a escória deste mundo.
Como
há muito tempo a igreja se desviou da simplicidade do evangelho, não percebe
que não possui o mesmo espírito de Jesus. A igreja deixou de andar com os
pobres e imundos para andar com príncipes, reis e políticos. A igreja deixou de
lutar pelos órfãos e viúvas para lutar pelos interesses dos ricos e bem-nascidos,
que só exploram os mais miseráveis. A igreja passou a se importar mais com a
grandeza de seus templos adornados de ouro do que com as pessoas que sofrem.
Jesus
se importa com as ovelhas feridas e desgarradas. A igreja se importa com a
quantidade de membros assíduos em suas reuniões. Não há humanidade na liderança
cristã, e isso não vem de hoje.
Deus
não dá a mínima para edificações religiosas que colocam seu nome na fachada.
Deus se importa com as relações humanas, com a misericórdia dada e vivida. “Onde
estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali eu estarei no meio deles”.
Onde há amor e fé, há Deus.
É
bizarro ligar a tv e ver um pastor falando em ódio, em eliminar os diferentes,
achando que ao agir assim, está lutando pelo reino de Deus. Na verdade, ele
está fazendo o oposto. A mensagem do evangelho é a reconciliação e não a
guerra. “Se teu irmão pecar contra ti, perdoa-o setenta vezes sete”.
A
igreja cristã se esqueceu que um dia foi minoria, que um dia foi morta nos
coliseus da vida, que foi perseguida e apedrejada. O oprimido quando sobe ao
poder, sente um enorme de desejo de oprimir. Mas Jesus ensinou a dar a outra
face e não pagar mal com mal.
A
igreja cristã se tornou uma instituição rica, influente e poderosa, por isso se
desviou tanto do Senhor. Nós que recebemos misericórdia de Deus, deveríamos
também dar misericórdia ao nosso próximo. Nunca nos esqueçamos o lugar de onde
viemos. Cristo pagou nossa dívida perante o Pai, que possamos nós também,
perdoarmos as dívidas dos que nos devem.
Quando
estamos por baixo, somos humildes e até imploramos por socorro. Mas quando
ascendemos um pouco, quando estamos por cima da carne seca, como se diz, nos
tornamos arrogantes e impiedosos. Não deveria ser assim.
O
poder transforma negativamente os homens. “DÊ PODER A UM HOMEM E VOCÊ O
CONHECERÁ DE FATO”. O poder nos dá uma falsa sensação de superioridade. Mas não
se esqueça, Jesus colocou um menino diante dos discípulos para que eles o
tivessem como modelo. Nossa escada é para baixo. Quanto mais descemos, mais
subimos. Termino dizendo que o cristianismo é sim uma religião de amor ,
compaixão e misericórdia, ainda que a Igreja esteja tão desviada do evangelho e
não passe essa impressão.
Os
meninos ao conhecerem o poder se tornam homens. Os homens ao conhecerem Jesus,
se tornam meninos.