terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Ame Seus Inimigos

E, partindo Jesus dali, foi para as partes de Tiro e de Sidom.
E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada. Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Então chegou ela, e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me! Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã. 

Por Frankcimarks Oliveira
Pretendo com esta mensagem:
1-    Analisar a universalidade da Graça de Deus,
2-    Encorajá-lo a buscar a Deus em oração.

O Senhor acabara de repreender os Fariseus por seu apego às tradições inúteis, ordenanças humanas, criadas para compensar sua desobediência aos verdadeiros mandamentos divinos, como honrar pai e mãe. Tais ensinos mandavam, por exemplo, que eles lavassem as mãos antes das refeições ou ritos, contudo, Cristo demonstrou que tais mandamentos eram incapazes de mudar os corações humanos, fonte de todo o mal existente no mundo.

As tradições religiosas conseguem no máximo reformar a aparência externa de seus adeptos, por isso lhe dão tanta importância. Jesus, entretanto, afirmou que Deus olha para o coração, pois se o coração for bom, todo o resto o será. Para nada serve um copo limpo por fora, se estiver sujo por dentro.

Deus em sua onipotência é capaz de alcançar o mais profundo da alma pecadora, transformando-a, coisa que religião alguma é capaz de fazer. Talvez você esteja dizendo: “conheço muita gente que foi transformada depois que aderiu a certa igreja”. Também conheço. Todavia, falo de novo nascimento, algo sobrenatural e não social. Algumas dessas mudanças são meramente superficiais e não duram muito tempo.

Agora, O Senhor parte paras as regiões de Tiro e Sidom, hoje atual Líbano, para nos ensinar outra lição: Sua Graça é para todos, em qualquer lugar; independe das circunstâncias, da história, da cultura; não precisa de aprovação humana, nem de crença.  

         Os Judeus não se davam bem com outros povos. Aquela Cananéia fazia parte de um povo que trouxe desgraça para Israel, através do culto a Baal. Talvez isso explique a dureza dos discípulos, que pediram a Cristo para dispensá-la, pois vinha gritando atrás deles.

Jezabel, outra mulher fenícia, casou-se com Acabe, e acabou por influenciá-lo de tal modo que o culto a Baal tornou-se maior que o culto a Javé, que através do profeta Elias, demonstrou ser o verdadeiro Deus. O que estou querendo dizer é que Jesus não levou nada disso em conta para abençoá-la. Não houve barreiras entre a mãe aflita e o Senhor; o passado de sua gente e todo o mal que sua idolatria causou a Israel, não impossibilitou Deus de agir graciosamente com ela.

Que bom que Deus não se apega aos erros de nossos ancestrais. Que bom que Deus perdoa o passado. Se Ele não fizesse assim, aquela mulher, desesperada pelo terrível estado de sua filha, teria voltado de mãos vazias para casa, todavia sabemos que sua fé em Cristo frutificou.

Esta mensagem é sobre perdão. Jesus queria ensinar aos apóstolos que suas desavenças históricas não deviam superar o objetivo do evangelho: salvar a todos os eleitos, espalhados pelo mundo inteiro, inclusive em regiões gentílicas, pagãs.

O Pão da vida foi enviado para os filhos de Abraão, pertencentes a muitas nações, como Deus mesmo prometera no Velho testamento. “serás o pai de muitas nações; E não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome; porque por pai de muitas nações te tenho posto; E te farei frutificar grandissimamente.” Portanto, eles precisavam, assim como o profeta Jonas, enviado a Nínive, perdoar seus inimigos.

I-                  Uma mãe que clama

Deus é como uma mãe. Seu amor não tem limites. Por seus filhos ele faz o impossível. Ali estava uma mãe, atravessando fronteiras por sua filha possessa, humilhando-se aos pés de um homem, um estranho, famoso, mas ainda estranho. Talvez suas próprias crenças e rituais fizeram sua filha chegar àquele estado de opressão. Baal nada pôde fazer por sua pequena menina, que jazia num leito dia após dia.

Não tenho dúvidas de que assim como os antigos profetas de Baal, desafiados por Elias, que se cortaram e entraram em frenesi por seu deus, aquela pobre mulher, em seu desespero, também fizera o mesmo. Quase a vejo cortando-se num ritual de invocação por cura, vertendo sangue, inutilmente. Finalmente, depois de muitas tentativas frustradas, ela, ao ouvir falar do bom nome de Jesus, resolveu busca-lo.

Deus estava sim interessado nela. Primeiro, porque ela demonstrou sua fé e sua perseverança. Segundo, porque mesmo sendo de um povo alheio, demonstrou seu amor para com sua filha e Deus é amor. Todo aquele que ama é de Deus.

Pense nos riscos que essa mulher correu. Ela tinha de voltar para sua terra, onde todos adoravam a Baal. Mas agora ela trazia consigo o nome de Jesus. Digamos que ela se converteu. Será que sua nova fé não lhe acarretou perseguição? Será que seu testemunho não despertou a ira dos mais fanáticos entre seus conterrâneos? Se ela realmente conheceu a Cristo, nada disso teve importância. Ela, com seus próprios olhos, contemplou a glória de Deus. Ela pôde dizer, assim como os filhos de Israel ao verem o fogo descer do céu e consumir o altar nos dias de Acabe, que só o Senhor é Deus.

II-              Um Deus que Cura

Deus está curando não apenas uma filha oprimida, mas seus apóstolos, de seus preconceitos. Tudo o que eles não queriam, era ver uma mulher, pagã, de outra religião, de outra cultura, ser abençoada por seu Deus. Ela não merecia, assim como seu povo, era isso o que eles pensavam.

Nós, cristãos, precisamos ser curados de nossos preconceitos. O evangelho, dádiva abençoadora, é para ser pregado até para aqueles que se dizem nossos inimigos. Sim, a palavra de Deus vai gerar arrependimento e o arrependimento conduzirá nossos ouvintes à Salvação. Não sejamos como Jonas, que conhecia o coração bondoso de Deus e sabia que Deus salvaria a população de Nínive com sua pregação, e por isso negou-se a fazer o ide. No fim das contas, ele estava certo: sua pregação, mesmo de má vontade, salvou aquela gente da destruição.

Você, leitor, que já foi abençoado com a mensagem do Evangelho, tem alguém em sua vida que precisa conhecer a Jesus através de você? Seu ódio e seu preconceito tem te feito fugir de tal pessoa? Supere suas desavenças e leve as boas novas de Cristo a seu inimigo e salve-o. Não há maior prova de amor do que pregar o evangelho do Senhor a alguém com quem não nos damos bem.

A fé vem pelo ouvir a palavra de Deus. Portanto, não se recuse a dar de graça aquilo que você recebeu de graça. Não somos nós quem salvamos, é Deus quem salva. Mas aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.

Deus tem senso de humor. Ele, como se diz, matou dois coelhos com uma única cajadada. Por um lado, atendeu as orações de uma mãe aflita, que pode muito bem ter se tornado uma missionária em sua terra, bem como tratou dos preconceitos enraizados nos corações de seus discípulos.

III-          Conclusão

A graça de Deus alcança quem Deus quiser alcançar, não importa o gênero, a cor, a condição econômica, a crença;

Deus é amor e se compadece de todo aquele que o busca em verdade;

Deus deseja que seu amor esteja em nossa vida de tal modo que sejamos capazes de abençoar, compartilhando o evangelho, por exemplo, com aqueles que nos fizeram mal no passado, remoto ou não.


Que nossas orações sejam ouvidas assim como as desta mulher que pediu e recebeu, em nome de Jesus. Amém.